Qual é o seu algo a mais?

Administração e Gestão

30/11/2013

Atualmente nas inúmeras entrevistas que realizo por ano, para seleção de jovens, e possíveis, talentos, tenho finalizado sempre com a mesma pergunta: “Qual é o seu algo a mais?”.

Pode parecer estranho, até esquisito, mas a intenção é causar um impacto no candidato, pois é necessário parar, pensar e principalmente analisar todo o processo seletivo que ele acabou de participar e buscar o diferencial ÚNICO dele, que se encaixa na vaga.

Desta forma, tento quebrar o texto decorado que aqueles candidatos, os quais são verdadeiros “experts” em seleções, ou seja, sabem de cor as principais perguntas e as melhores respostas dos entrevistadores.

Quando faço esta pergunta no final da entrevista, às vezes, já me levantei para me despedir e “do nada” me viro e pergunto: “Qual é o seu algo a mais?”.

Já vi e ouvi respostas e reações de todo o tipo, desde o “Você pode repetir? Pois, não entendi”, passando por aqueles que tiveram paralisia total, ou que chamo de “choque térmico”, o candidato fica parado me olhando, quase sem respirar, e somente retorna ao normal quando digo para ele “Obrigado e boa sorte”...

Mas, duas respostas impactaram o meu modo de ver os disparates dos nossos jovens e das diferenças do modo de ver a vida e do próprio futuro e que as duas podem ser aplicadas como ferramentas de mudança.

A primeira foi de uma garota, de classe média alta, que estudou em bons colégios e em uma boa faculdade, que simplesmente falou sem pensar: “Bonita”. Pela primeira vez, eu fiquei sem ação, pois não esperava uma resposta deste tipo. Pasmem. Mas, perguntei de novo com mais ênfase, “Por que ser bonita é o seu algo a mais?”. Pois, eu achava que geralmente as pessoas sem perspectivas, por ser pobre, sem base familiar, busquem a fama, pois é a única forma que veem de mudar, mesmo por breve momento, ou pelos “15 minutos” de fama.


Mas, ela respondeu “Por que vejo que a cada dia a aparência conta mais do que a inteligência.” Foi sua resposta. Agradeci sua presença e fui refletir como ensinar minhas filhas pequenas que isto não era verdade, por mais que apareça em todas as mídias o contrário, lição difícil de engolir.


E a outra foi de um garoto, de classe média, que estudou em colégio público e faculdade particular no horário noturno, pois trabalhava de dia, para ajudar o seu pai.

“Não sei se é o correto, mas é ter esperança.”

Respondi, “Então você é esperançoso, mas, “Por que isto é o seu algo a mais?”.

A reposta: “Meu pai era pobre, sempre trabalhou muito, era torneiro e às vezes dormia na fábrica, pois sempre se oferecia para o segundo turno, e mesmo assim ainda tinha um sonho de conseguiu terminar os estudos, mas sem dinheiro e tempo era quase impossível. Ele era diferente de minha mãe, que fez faculdade, mas nunca quis trabalhar. E quando eu perguntava por que ele não mandava minha mãe trabalhar, pois assim ele não precisaria trabalhar tanto, ele sempre dizia, - Eu amo ela deste jeito, mas tenho esperança que um dia ela pense igual a você. Mas, ter esperança é bem difícil de parar e esperar, é preciso que você faça sua parte, crie o exemplo, faça sempre o melhor, e acredite que isto é suficiente para mudar as coisas ao seu redor e nunca que mandar ou discutir vai ser a solução. Então, eu aprendi desde pequeno a fazer sempre o meu melhor a dar duro. Por isto tenho fé e esperança que eu posso ajudar a mudar a sua empresa para melhor.”


E você já pensou em qual é o seu algo a mais?


Muita paz e boa sorte.