A Bela e as Feras

Consumidores estão atentos a tudo
Consumidores estão atentos a tudo

Administração e Gestão

19/11/2014

Uma recente campanha de sutiãs da marca Victoria Secret’s está sendo bombardeada por mulheres que alegam que o corpo perfeito é das pessoas normais e não das modelos contratadas para posar nos anúncios, sendo este o mote da atual.
Este é um dos exemplos do que ocorre hoje no mundo da propaganda.


Tirando os excessos de lado e os sociopatas, creio que o consumidor mudou e está cada vez mais crítico em relação ao que tentam vender à ele e como. Mas se por um lado a apologia da beleza criou padrões nem sempre aceitos ou reais tentando impor às pessoas modelos das quais nunca serão ou aceitarão, por outro a beleza é um tema discutível, na sua definição ou na sua essência.


A experiência de “beleza” muitas vezes envolve uma interpretação de algo que está em equilíbrio e harmonia, o que pode levar a sentimentos de atração e bem-estar emocional, criando uma experiência subjetiva, por isso a expressão: “a beleza está nos olhos de quem vê.”


Voltando ao tempo, Aristóteles, discípulo de Platão, ao contrário de seu mestre, concebeu o belo a partir da realidade sensível, deixando de ser algo abstrato para se tornar concreto, mutável, não eterno e podendo evoluir.


O belo aristotélico seguia critérios de simetria, composição, ordenação, proposição, equilíbrio. Assim podemos concluir grosseiramente que Platão ficou no campo mental enquanto Aristóteles no campo real. Este padrão foi amplamente adotado no Renascentismo, onde afloraram as mais diversas formas de arte e de criatividade, numa explosão magnífica de obras e conceitos que são admirados e seguidos até hoje.


Voltando ao presente, quando pesquisas apresentam às pessoas rostos com a composição de Aristóteles, elas são consideradas mais bonitas que outras. É científico, não é especulatório.


No entanto a beleza imposta e questionada acima nem sempre está ligada aos critérios aristotélicos e sim a padrões influenciados pela mídia e pela publicidade.


Mas pergunto a vocês: o uso exclusivo da “beleza real” venderia todo e qualquer produto ou serviço? Se existem pessoas com biótipos das modelos porque elas não podem ter seu lugar ao sol? As propagandas que usam pessoas “reais” fazem tanto sucesso, ou vendem mais, quanto as que usam modelos de beleza, teoricamente, impostos?


As respostas podem ser encontradas muitas vezes na bolsa de valores ou nos gráficos de venda das empresas. Vale conferir!


A ala masculina também, por vezes, se sente condenada a um padrão que não existe na realidade, por isso também criam campanhas fictícias, imitando marcas, posando com seus corpos reais e exigindo seu espaço principalmente no mercado da moda.


Caro leitor, o consumidor, ou melhor, as pessoas, não estão mais dispostas à imposição de padrões de beleza determinadas por minorias, isto vale tanto para quem se sente desmerecido quanto para aquele que aceita o padrão. Pessoas querem se identificar com os produtos que gostariam de adquirir, querem admirá-lo e se possível tê-lo. Mas não há mais consumidor de cabresto, como também não há mais unanimidade nos comportamentos sociais.


Utilizar modelos magras/magros e lindas/lindos não tem a meu ver nenhum problema, o embate está na forma como a empresa vê seu consumidor/cliente, como se comunica, qual imagem e mensagem utilizam e como é sua relação com ele.


Mas ainda bem que existe o livre arbítrio e podemos escolher o que, quando, onde e como comprar. Podemos gostar ou não, comprar ou não, não dar a mínima se o modelo é magro ou gordo, alto ou baixo, feio ou bonito, desde que a empresa entregue o que se comprometeu, seus produtos/serviços atendam as nossas necessidades e a experiência com a marca seja satisfatória.


Na verdade é muito simples, vamos parar com os exageros e assumir que há momentos que se escolhe Platão e há momentos que se escolhe Aristóteles.


Doa a quem doer!


Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Poranga Miranda

por Poranga Miranda

Há mais de 20 anos na área de marketing, com ênfase no setor de serviços e larga experiência no setor de educação. Compartilhar conhecimento é a forma mais lúdica de crescimento profissional. O marketing, para mim, é um instrumento para que as empresas se tornem conhecidas e reconhecidas. Criei o Blog Comunicaê com o intuito de propor reflexões aos estudantes e novos profissionais de marketing.

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