O Envelhecimento da Força de Trabalho Brasileira

O envelhecimento da força de trabalho e aumento da longevidade!
O envelhecimento da força de trabalho e aumento da longevidade!

Administração e Gestão

27/07/2015

A nova realidade demográfica, com significativa parcela de idosos, implicará em uma revisão nos processos corporativos de gestão. O cenário de envelhecimento atual elevará, consideravelmente, a idade da aposentadoria ou, ainda, manterá os mais velhos no mercado de trabalho e, nesse caso, deverão ser repensadas as condições de trabalho para esta faixa etária, considerando suas limitações físicas, bem como outros aspectos próprios da idade.


A pesquisa Envelhecimento da Força de Trabalho no Brasil, elaborada por FGV/EASP/ PwC (2013), aponta que o Brasil está se tornando um país mais velho. O estudo afirma que a queda na taxa de crescimento populacional observada nas últimas décadas vem causando uma redução relativa no número de crianças e jovens e o consequente crescimento da proporção de adultos e idosos no país. Essa tendência se reflete também no envelhecimento da força de trabalho. Entre 2004 e 2009, houve um gradativo aumento do número de postos ocupados por pessoas com mais de 40 anos, segundo o Anuário dos Trabalhadores, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos – DIEESE, passando de 39% para 42%. O estudo tendências demográficas, do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada – IPEA, estima que, em 2040, cerca de 60% da população brasileira em idade ativa será composta por pessoas com mais de 45 anos (PwC, 2013).


Segundo Veras (2012), a parcela de idosos na população brasileira subiu de três milhões em 1960 para 20 milhões em 2010. Um aumento aproximado de 666% apenas nos últimos 50 anos. Somado a esse dado, projeções indicam que, em 2050, a população dos países desenvolvidos será apenas 3% maior que em 2010, enquanto no Brasil, essa alta deve ser acima de 15% no acumulado de quatro décadas. Giambiagi e Pinheiro (2012) apontam que toda a expansão da população, nas próximas quatro décadas, ocorrerá nas faixas mais altas de idade. Isso significa que as pessoas mais velhas representarão uma parcela muito mais significativa da população, com a consequente elevação da média de idade. Em 2013, foi publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE o relatório Projeção da população por sexo e idade: Brasil 2000-2060 e Unidades da Federação 2000-2030 que apresenta, dentre outros dados, o aumento da expectativa de vida do brasileiro no intervalo entre os anos 2000 e 2060, representado na Tabela 1.


 Tabela 1. Esperança de vida ao nascer – Brasil – 2000/ 2060.

ANOS

Expectativa de vida (em anos)

2000

69,8

2010

73,9

2020

76,7

2030

78,6

2040

79,9

2050

80,7

2060

81,2

Fonte: Adaptado do Relatório do IBGE (2013).

 A expectativa de vida ao nascer no Brasil subiu para 73,9 anos em 2010, para ambos os sexos. Isso significa um aumento de quatro anos e um mês em relação a 2000, quando a esperança de vida do brasileiro era de 69,8 anos. Mas, ao comparar a expectativa de vida entre os anos no ano 2000 e 2060, observa-se um crescimento de 11 anos e quatro meses. Portanto, a longevidade causará mudanças significativas na pirâmide etária da população brasileira.


Com essas transformações, a pirâmide populacional se modifica duplamente: por um lado mais pessoas vivem mais e, consequentemente, há mais idosos em termos absolutos. Por outro, nascem menos bebês, o que significa que, alguns anos depois, haverá menos jovens do que hoje e, no médio prazo, menos adultos (Giambiagi, Pinheiro, 2012).


De acordo com Giambiagi e Pinheiro (2012), um fato acerca do qual a grande maioria das pessoas ainda não pensou devidamente é que todo o crescimento do Produto Interno Bruto – PIB dos próximos 40 anos terá de vir da produtividade. A população brasileira vai continuar a crescer até a década de 2030 e começará a declinar na década de 2040. No entanto, de acordo com as projeções fornecidas pelo IBGE, no grupo da população hoje considerada em idade ativa, ou seja, de 15 a 59 anos, projeta-se um recuo já na década de 2030, que deverá se acentuar mais intensamente nas duas décadas seguintes.


Desse modo, este grupo que em 2010 representava 65% de toda a população brasileira, em 2050 responderá por apenas 56% do total e com forte tendência de queda. O ponto de alerta mencionado por Giambiagi e Pinheiro (2012) é que, em números absolutos, a População Economicamente Ativa – PEA de 2050 será a mesma de 2010. É neste contexto que se pode dizer que toda a expansão de renda nas próximas quatro décadas terá de vir do aumento da produtividade do trabalho, ou seja, da alta do produto por membro da população ocupada. A pergunta então que os autores fazem é: conseguiremos ser tão produtivos?


Olhando para esta “nova realidade” que se apresenta, temos alguns cenários bastante interessantes e, ao mesmo tempo, preocupantes: até 2040 as empresas estarão convivendo com equipes compostas principalmente por profissionais com mais de 45 anos; a queda na taxa do crescimento populacional vem causando uma redução no número de crianças e jovens e o consequente aumento do número de adultos e idosos no país; a retenção dos profissionais mais velhos no mercado de trabalho será necessária para equilibrar as contas da Previdência Social e uma alternativa para a escassez de mão de obra especializada, visando à sustentação do crescimento econômico (FGV/EAESP, 2013).


Todas essas questões precisarão ser pensadas pelas organizações.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Aloysio Ferreira Carneiro Neto

por Aloysio Ferreira Carneiro Neto

Graduado em Administração Pública e graduando em Administração de Empresas (UNISUL). Especialista em Gestão de Negócios (ESALQ/ USP). Suas áreas de interesse são a Inovação Organizacional, de Negócios e de Marketing, a Tecnologia, o Comportamento e a Interatividade. Atualmente vem pesquisando sobre os impactos e desafios das organizações frente as novas tecnologias e o novo mercado de trabalho.

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