O FATOR HUMILDADE

Administração e Gestão

04/02/2016

INTRODUÇÃO

Ter certeza do seu chamado não é fácil. Às vezes é um processo confuso. Os implantadores de igrejas costumam perguntar a si mesmo:

  • Se uma porta aberta não significa uma navegação tranquila, como o líder pode estar certo de que está trabalhando dentro da esfera de seu dom e chamado?
  • Se o líder encontra tantas dificuldades, será que isso não significa que ele simplesmente está enfrentando a inevitável oposição, ou ele deveria buscar uma linha diferente de trabalho?
  • O que o líder faz quando não sabe como prosseguir?

Não há respostas simples para essas perguntas, porém um dos fatores mais importantes é a humildade.

Segundo o dicionário, humildade significa capacidade de reconhecer os próprios erros, defeitos ou limitações; é igual a modéstia que é diferente de altivez. Arrogância e orgulho. Infelizmente o verdadeiro sentido de humildade tem sido modificado pelas transformações conceituais de nossa sociedade. Segundo James Hunter liderança exige humildade. Humildade é a “demonstração de ausência de orgulho, arrogância ou pretensão; comportamento autentico.[i]

Humildade é um valor pessoal a ser cultivado. É a qualidade que potencializa o caráter. Pessoas humildes possuem grande habilidade social e promovem a integração e a coesão dos grupos que participam.[ii]

A humildade estimula comportamentos éticos. Esta é uma relação desejável no que diz respeito à gestão de pessoas.[iii]

Veja como Jesus começa o sermão da Montanha em Mateus 5:3 “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.”[iv]

A princípio, pode parecer estranho, mas em qualquer chamado ministerial verdadeiro é sempre necessário haver uma dose de humildade. Não estou falando sobre timidez. Humildade e timidez não são sinônimos. A humildade expressa-se com docilidade, não com ingenuidade. Um homem definiu humildade como “a delicada curvatura de um galho carregado de frutos”.

Humildade é também força para fazer o que Deus designou. Não é necessariamente o que você é capaz de fazer. Talvez você seja capaz de realizar muitas coisas, mas a pergunta é: Quanto Deus designou a você nesta época da sua vida?

Lembre-se disto: no final, Deus não nos responsabilizará pela quantidade de trabalho que realizamos. Ele nos responsabilizará pela quantidade de trabalho que nos pediu para fazer e que nós realmente fizemos.

A última análise, não cabe a nós decidir qual é o nosso chamado. Afinal, é Deus quem nos chama, e ele não nos chama com base em nenhum talento, habilidade ou dom especial. O nosso chamado começa o sonho de Deus para a nossa vida, planos e propósitos seus que existem muito tempo antes dos nossos. Deus nos convidou a participar de sua obra com ele, não o contrário. Deus está no comando, não você ou eu. Estamos simplesmente seguindo a jornada, e Deus nos conduzirá a uma nova direção no tempo certo. Quando você é humilde, não se vê mais como indispensável. Muitos líderes enredam-se na armadilha das exigências e necessidades práticas do ministério e se esquecem de que são os propósitos e os planos de Deus que moldam o nosso chamado e garantem o nosso sucesso. Muitos líderes se consideram responsáveis por isso, acreditando que o sucesso ou o fracasso de uma igreja implantada ou o discipulado de pessoas e a salvação de almas são basicamente determinados por seus esforços. O líder humilde entende que o sucesso do seu sonho repousa essencialmente nos ombros de Deus.[v]

Deus é soberano. Para manter a humildade, precisamos lembrar-nos dessa verdade elementar, porém complexa. Deus está sempre no controle. A pressão diminui quando aceitamos a soberania de Deus de modo pleno. Isso nos dá coragem quando as circunstancias ao redor parecem fora do controle. Deus continua a pedir que o nosso coração se abra diante dele. Ele nos convida a prosseguirmos bravamente, a empregar os nossos melhores esforços e a realizar o nosso trabalho com a finalidade de glorificá-lo. Imagine como seria bom para a liderança da igreja se nos concentrássemos constantemente na visão de Deus apresentada no capítulo 6 de Isaías. Nesse capítulo, Isaías vê “o Senhor assentado num trono alto e exaltado, e a aba de sua veste enchia o templo” (v. 1), com luz e glória. Os anjos proclamam continuamente sua santidade. Pare um pouco para visualizar a sua pessoa em relação a Deus. Lembre-se de que Ele é o Senhor. Agora responda com base nessa visão: Qual é o chamado dele para você?

A humildade é uma atitude do coração que reflete uma profunda compreensão das próprias limitações para realizar alguma coisa sozinho. Mas é preciso ter consciência de que você se encontra a serviço de um plano que foi iniciado antes de sua entrada em cena, e que sua influência se estenderá além da sua partida nos corações e nas mentes daqueles que lhe foram confiados.[vi]

A resposta não é auto engrandecimento. A resposta não é que Deus deseja que você seja um sucesso da maneira que costumamos definir o sucesso. O verdadeiro sucesso dos líderes no Reino de Deus começa quando nos ajoelhamos diante do Deus todo-poderoso. Há algo de que a igreja necessita muito hoje: um sentido renovado de reverência e temor àquele a quem servimos. Precisamos meditar, com regularidade, na visão bíblica de Deus no céu sentado em seu trono. Talvez você queira até ajoelhar-se, em humildade, e curvar-se literalmente diante do trono de Deus. Os líderes bem-sucedidos sabem que, sozinhos, não podem fazer nada. Todas as vezes que o ministério gira em torno de nós, vemos o horizonte inclinado, e todas as vezes que o horizonte está inclinado, o epicentro muda de posição.

Os líderes cristãos não estão imunes à tentação de misturar a fama pessoal e a ambição com o desejo de fazer a diferença no mundo. “Soren Kierkegaard descreve um homem, ou mulher, segundo o próprio coração de Deus como alguém que é `selecionado cedo e lentamente educado para a obra`. Exemplo Moisés”.[vii] Um espirito humilde fomenta a unidade, pois evita a crítica e erros e desperdiça tempo e recursos.

“Os líderes humildes não sofrem nenhum complexo de inferioridade. Eles sabem que não tem todas as respostas e aceitam isso com naturalidade. Quando atingidos em sua escala de valores, princípios morais e senso de justiça, podem ser tão destemidos quanto um leão”.[viii]

Segundo Oswaldo, J. Sanders Jesus foi humilde dependendo totalmente do pai para realizar seus atos de milagres.[ix] Os melhores líderes demonstram uma virtude raramente vista – a humildade.[x]

Quero encerrar estas palavras pedindo, aos meus amigos de ministério e anciãos, que nunca compare o seu ministério com os outros. Dê tempo para que Deus realize o sonho dele para a sua vida. Talvez seja um sonho grande. Talvez seja pequeno. Lembre-se apenas de que, todas as noites, voltamos para os nossos aposentos de servos. (Jr 33:3)

John Maxwell diz que ninguém conquista o sucesso sem que muitos participem e contribuam para isto. Concentre-se na colaboração, não no sucesso. A colaboração nos mantém no lugar de servos, ao passo que o sucesso nos incita a ocuparmos o assento do motorista. Cada um de nós pode colaborar, e, quando fazemos isso, descobrimos que os nossos sucessos são muito maiores do que imaginamos.

É aí que encontramos o nosso maior descanso.



[i] Hunter, James C., Como se tornar um líder servidor. (Rio de Janeiro: Sextante, 2006), p. 53.

[ii] Araújo, Paulo Roberto, A Bíblia e a gestão de pessoas, trabalhando mentes e corações. (Curitiba: A.D. Santos Editora, 2012), p. 24-27.

[iii] Idem, 26.

[iv] Org. Barker, Kenneth; Burdick, Donald, Bíblia de Estudo Nova Versão Internacional. (São Paulo: Editora Vida, 2003), p. 650.

[v] Cordeiro, Wayne, Peneirado: em busca de crescimento espiritual nas provações, nos desafios e nas decepções. (São Paulo: Editora Vida, 2013), p. 62-65.

[vi] Blanchard, Kenneth; Phil Hodges, Lidere como Jesus: lições do maior modelo de liderança de todos os tempos. Edição. (Rio de Janeiro: sextante, 2007), p. 70-71.

[vii] Russel shedd, 104-105.

[viii] Hunter, James C., Como se tornar um líder servidor. (Rio de Janeiro: Sextante, 2006), p. 54.

[ix] O.J. Sanders, Liderança Espiritual, (São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1989), p. 59.

[x] Toler, Stan; Gilbert, Larry, Treinador de líderes: desenvolvendo equipes ministeriais eficazes. (Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2014), p. 35. 

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Márcio Greyck Antério Soares

por Márcio Greyck Antério Soares

Márcio Greyck Antério Soares é Pastor na Associação Central Amazonas (ACEAM). Tem Mestrado em Estudos Teológicos - UNASP-SP; Pós-Graduação em Docência Universitária - UNASP-SP; Bacharel em Teologia - UNASP-SP; Pós- Graduação em MBA Liderança Pessoal e Eclesiástica - UNASP-SP; Pós- Graduação em Coaching e Liderança - UCDB - MS; MBA Executivo em Coaching - Faveni-ES, 2017.

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