Transferência de tecnologia universidade-empresa no contexto brasileiro

Administração e Gestão

09/05/2016

O mundo atual está em um processo de profunda transformação, caracterizado pela revolução tecnológica e informacional. Diante do atual processo de globalização, a competitividade de cada nação aparece, cada vez mais, vinculada à criação de um sistema nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (C, T & I) forte e coeso, que permita ações cooperativas e estimule a transferência tecnológica.


O ambiente brasileiro tem se caracterizado, historicamente, por uma concentração de investimentos públicos em ciência e pouco investimento do setor privado em desenvolvimento tecnológico. Nesse contexto, as universidades têm papel central no desenvolvimento de pesquisas, as quais resultam em depósitos de patentes. O desenvolvimento de parcerias tecnológicas universidade-empresa objetiva a inovação e o conhecimento. Para a empresa, tais fatores podem se refletir em novos produtos, processos, programas de computador ou práticas. Para a universidade, a inovação e o conhecimento se traduzem em melhoria dos caminhos já percorridos, desenvolvimento de novos programas de pesquisa ou novas áreas de estudo. Além disto, pode possibilitar o aprendizado organizacional, principalmente através do compartilhamento de experiências.


No Brasil, o tema da gestão da inovação e transferência de tecnologia (TT) no contexto da articulação entre universidade e empresa ainda é modesta, e emergente em âmbito internacional. Este problema se justifica pela escassa bibliografia relacionada ao tema. É neste particular que os autores (Closs & Ferreira, 2012), trazem uma contribuição original, apresentando ao leitor um conjunto de artigos que trabalham questões de grande relevância, como a estruturação de pesquisas recentes publicadas no Brasil sobre o tema, buscando contribuir para a consolidação de um ambiente voltado para inovação no país. Cientes de que o Brasil ainda não possui uma “cultura” de transferência de tecnologia e que as C, T & I estão lidando com dificuldades diversas para a estruturação de seus núcleos de inovação, o atual estudo identifica e analisa artigos científicos publicados no Brasil, sobre a gestão da inovação e a transferência de tecnologia universidade-empresa (U-E), entre os anos 2005 e 2009. A pesquisa, de caráter documental, envolve a análise de artigos publicados sobre o tema na área de “Administração, Ciências Contábeis e Turismo”, conforme classificação realizada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).


As universidades de pesquisa têm transferido tecnologia através dos métodos tradicionais de publicação, de treinamento de estudantes e de seus programas de extensão. Assim, o aumento considerável do número de parcerias entre as universidades e as empresas pode ser vinculado ao crescimento da competitividade global, seguido pelo aumento da demanda por inovações em produtos e processos. Os centros de pesquisa possuem grande importância como produtores de patentes, protótipos e licenças; treinamento e desenvolvimento de pessoal; realização de cursos por integrantes da empresa; consultorias; serviços de engenharia não rotineira; uso de laboratórios pelas empresas, para pesquisas e testes; desenvolvimento de software; financiamento de pesquisas científicas da universidade pela empresa; realização de pesquisas conjuntas; coprodução de tecnologias; registro de patentes; licenciamento e comercialização de resultados de pesquisas; estímulo à incubação e geração de spin-offs, bem como à criação de negócios por professores e alunos com vínculos acadêmicos; apoio à criação de parques/centros tecnológicos. As alianças entre empresas e universidades ou centros de pesquisa podem ser vistas como uma forma de manifestação da política de pesquisa e desenvolvimento, sendo capazes de gerar inovações, bem como uma elevação da competitividade nacional.


Os resultados alcançados nesta pesquisa qualitativa fornecem uma oportunidade para ampliar a percepção da importância, já destacada, das parcerias universidade/empresa, principalmente como fontes geradoras de inovação, sugerindo que a cooperação universidade-empresa (U-E) gera aprendizados e benefícios mútuos. Para a empresa, tais fatores podem se refletir em novos produtos, processos, programas de computador ou práticas. Para a universidade, a inovação e o conhecimento se traduzem em melhoria dos caminhos já percorridos, desenvolvimento de novos programas de pesquisa ou novas áreas de estudo. Esta aponta ainda existir muito espaço para ampliar a transferência de tecnologia U-E.




Referências Bibliográficas

CLOSS, Lisiane Quadrado.; FERREIRA, Gabriela Cardozo. A transferência de tecnologia universidade-empresa no contexto brasileiro: uma revisão de estudos científicos publicados entre os anos 2005 e 2009. Revista Gestão de Produção, São Carlos, v.19, n. 2, p. 419-432, abr. 2012.