22/09/2016
ResumoEste artigo tem como objetivo analisar a atuação do professor no papel de mediador no processo ensino-aprendizagem e a construção do conhecimento na formação técnica, visando a contribuição para a construção de uma sociedade crítica e pensante. A atuação como mediador deve tornar o professor um facilitador entre os alunos e o conteúdo a ser aplicado, o aprendizado com a aplicação da mediação e associação com situações cotidianas no contexto onde estão inseridos faz com que o processo ensino-aprendizagem auxilie na resolução de situações problema vividas no dia-a-dia. Sendo assim o papel do professor mediador é de suma importância, pois ao despertar o interesse através da mediação, interação e motivação o torna mais presente na vida dos alunos. As práticas pedagógicas e o questionamento da ação docente, se faz necessário para a evolução do processo na construção do conhecimento.
Palavras-chave: Docente, Mediação, Formação Técnica.
A educação nas últimas décadas passou por grandes transformações, com a globalização a preocupação como educadores é constante, no que tange a questão do desenvolvimento de competências e habilidades necessárias para a construção do conhecimento, e posteriormente a atuação do mercado de trabalho. Analisando o contexto será que o professor está utilizando ferramentas que possibilitem os alunos a irem além do que a reprodução de conteúdos aplicados? A atualização se faz necessária no que diz respeito a tecnologias, a práticas pedagógicas e a interação entre os alunos e educadores. Através da mediação o educador deve atuar como mediador e facilitador no processo ensino-aprendizagem, contribuindo para o desenvolvimento do senso crítico, a participação e a inserção do aluno no mercado de trabalho, dando assim a oportunidade de atuarem como protagonistas na sociedade. Dessa forma o professor terá a consciência de que ensino não é transferir o conhecimento e sim possibilitar a construção do
mesmo, de forma crítica e ativa na sociedade.
Segundo FREIRE (1979), a ação docente é a base de uma boa formação e contribui para a construção de uma sociedade pensante. Porém, para que isso seja possível é importante que o docente tenha a consciência, o compromisso e a responsabilidade de que ele deverá aprender a aprender e a aprender ao ensinar. E essa responsabilidade tem que ser trabalhada e desenvolvida a cada etapa, pois o aprendizado é contínuo.
A formação técnica requer habilidades e competências que os educandos deverão apresentar quando ingressarem ao mercado de trabalho, não será apenas conhecer e sim o saber, saber fazer, saber pensar, saber agir, ter iniciativa, e principalmente ser um cidadão ético e crítico e poder tomar decisões, e como desenvolver essas habilidades em nossos educandos? Com base na experiência em sala e no âmbito profissional, é importante ressaltar que existem dificuldades no processo, e cabe o educador mediar essas dificuldades. É preciso despertar a curiosidade e incentivar o uso da imaginação através de situações onde o aluno seja desafiado e consiga desenvolver o senso crítico e o raciocínio lógico.
1. Reflexão na educação
A educação tem como objetivo fazer com que as pessoas se tornem capazes de realizar coisas novas, que sejam criativas e inovadoras, e não repetir processos prontos. Outro fator importante é não aceitar tudo o que lhes é oferecido, as tendências de pensamento coletivo, é preciso estar pronto para resistir, para criticar e tomar decisões no momento oportuno.
Se o professor consegue identificar o conhecimento tácito em seus alunos, ou seja, aquilo que é espontâneo, intuitivo, experimental, onde revela o conhecimento adquirido no cotidiano e depois inserido no contexto onde está inserido o resultado será importante para ambas as partes no processo ensino-aprendizagem.
2 Formação do professor
Nos dias atuais onde a geração possui a tecnologia a seu favor, a formação do professor é um processo onde o mesmo não pode parar de aprender, ou seja, suas habilidades e competências devem ser aprimoradas a cada instante. O fluxo de informações e a velocidade com que elas surgem faz com que o processo ensino-aprendizagem se torne inovador a cada processo. O professor é um agente transformador e formador de opiniões e em algumas situações até de caráter do aluno, sua presença pode despertar o interesse de aprender e desenvolver o gosto pela aprendizagem.
O nascimento do pensamento é igual ao nascimento de uma criança: tudo começa com um ato de amor. Uma semente há de ser depositada no ventre vazio. E a semente do pensamento é o sonho. Por isso os Educadores, antes de serem especialistas em ferramentas do saber, deveriam ser especialistas em amor: intérpretes de sonhos. (RUBEM ALVES, 1994, p. 82).
A formação do professor deve basear-se na arte do ensino coletivo, ou seja, á todos de forma contínua e que ao mesmo tempo desperte o interesse, a curiosidade e a autonomia de aprender e sentir-se motivado a aprender cada vez mais. O dinamismo e adaptação a possíveis mudanças, sendo elas tecnológicas e sociais devem fazer parte da metodologia do processo ensino-aprendizagem, pois com a associação do ensino com a realidade do aluno torna o processo menos complexo. A questão da afetividade também contribui para um bom resultado, quando o professor desenvolve questões de afinidade com a disciplina e com os alunos o processo traz benefícios que vão além da inteligência. A questão do envolvimento da teoria com a prática dentro da realidade de cada educando torna o processo ensino-aprendizagem encantador, onde é possível enxergar onde será aplicado cada conhecimento adquirido.
2.1 A importância da mediação do professor no processo ensino aprendizagem
O aprendizado se faz presente desde o nascimento do ser até sua vida adulta, ao interagir com as situações o desenvolvimento é construído e as descobertas surgem a cada processo. As dificuldades vão surgindo e as soluções começam a serem elaboradas. Nesse processo o professor se tornando um facilitador com técnicas de mediação em sala de aula desenvolve um papel de suma importância na formação dos alunos. Os questionamentos, as propostas elaboradas e as soluções apresentadas em sala devem fazer parte do processo de mediação, neste contexto Tébar (2011) diz que:
A experiência nos ensinou que o ritmo das nossas aprendizagens cresce em quantidade e em qualidade quando vem marcado por bons e experientes professores mediadores.
A vida é uma sucessão constante de mudanças que superamos com a ajuda dos demais. A mediação tem o objetivo de construir habilidades no sujeito, a fim de promover sua plena autonomia. A mediação parte de um princípio antropológico positivo e é a crença da potencialização e da perfectibilidade de todo ser humano. A genética não deu a última palavra. A força da mediação lança por terra todos os
determinismos no campo do desenvolvimento do ser humano.
Assim, devemos entender a mediação como uma posição humanizadora, positiva, construtiva e potencializadora no complexo mundo da relação educativa. Na base desse construto dinâmico encontra-se o conceito de “desenvolvimento potencial” de Vygotski. (TÉBAR, 2011, p.74)
Com isso percebe-se que o papel do professor facilitador e mediador é crucial entre o aprendizado e a vivência de cada aluno, e a cada etapa concluída o aprimoramento se torna contínuo, onde a construção de habilidades e competências se faz necessária a cada processo realizado.
2.2 O professor na atualidade
A formação do professor não basta estar baseada em uma formação tradicional, mas sim através da necessidade de analisar práticas pedagógicas onde perpetuem uma formação de professores que além de conceber a formação docente, forme um profissional com o perfil técnico e especialista no que faz, e capaz de agregar seus conhecimentos com a realidade.
É importante despertar o perfil do professor investigador, um profissional que tenha uma postura interrogativa, e que no decorrer de sua trajetória questione sua própria atuação docente, e muitas vezes se colocando no lugar no outro, com o seguinte questionamento: “Será que estou sendo claro e objetivo?”
Nos dias atuais é de suma importância aplicar estratégias motivacionais para que os docentes saiam da sala de aula preparados e motivados para essa nova realidade imposta pela globalização.
Sentir prazer nas atividades realizadas no dia a dia é uma tendência natural em qualquer pessoa, ninguém gosta de fazer nada de que não lhe proporcione prazer, principalmente a juventude que ainda não desenvolveu a noção de aplicabilidade do conhecimento no seu cotidiano.
Segundo VALENTE, (1999, p.31), “A educação não pode mais ser baseada no fazer que leve ao compreender”. Para tal, exige-se uma preparação e um planejamento minucioso por parte dos docentes e da equipe pedagógica, onde é importante a reflexão de como transferir o conhecimento de forma clara e
objetiva, despertando assim o interesse e a motivação no querer aprender, neste momento inicia-se o processo e o trabalho de mediação.
A motivação é a mola propulsora no processo ensino aprendizagem, pois quando o aluno entende o que está sendo transferido e a forma que está ocorrendo, o processo de mediação começa a ser aplicado de forma eficaz e objetiva.
2.3 O perfil docente para a educação profissional
O perfil do docente na educação profissional é o perfil onde o sujeito esteja aberto a reflexões, a pesquisa, ao trabalho, a ações críticas e principalmente preocupado com a atualização contínua de acordo com sua área de formação específica, onde contemple o mercado de trabalho e tenha relação com a área pedagógica, tecnológica e educacional.
O trabalho docente deverá ser norteado através de bases tecnológicas onde referem-se ao conjunto de conceitos, princípios e processos relativos ao eixo tecnológico a determinada área de atuação, porém o docente precisa possuir conhecimentos científicos relativos as ciências humanas, ciências da natureza, da matemática para fundamentar suas ações em seu campo de atuação. É aquele profissional que sabe como e o que ensinar, fazer o que aprendeu e aprender a ensinar, para que dessa forma desenvolva novos profissionais aptos a seguirem suas profissões.
É importante ressaltar que esse profissional deverá ter a capacidade de desenvolver estratégias para resolução de problemas, realizar trabalhos interdisciplinares, atividades práticas e pesquisas no contexto vinculado ao campo de atuação.
Se nós queremos criar escolas nas quais a reforma seja duradoura e não passageira, nós precisamos perguntar: é essa uma escola onde os professores podem aprender? A menos que criemos as condições para a aprendizagem do professor, qualquer reforma que iniciarmos, mesmo se parecer estar funcionando no início, eventualmente irá desaparecer.
(SHULMAN, 1997, p. 105).
Portanto o professor da educação profissional deverá ir além da experiência profissional, o seu trabalho deverá envolver a as diversidades, a inclusão social, a atuação em vários campos de conhecimentos, permitindo assim que seus alunos compreendam, de forma ética, crítica e reflexiva o mercado de trabalho, da tecnologia no qual pretendem atuar.
Abaixo segue figura que ilustra a questão da educação profissional como transformação no contexto educacional.
Figura 1 – Modelo de raciocínio pedagógico (Wilson et al., p.119).
E aplicando a educação profissional no processo da mediação o docente deve pensar na capacidade do aluno, para facilitar a sua relação enquanto mediador. Com isso, o ensino deve ser desafiador, promovendo a autonomia do aluno através de técnica e atividades que possam estimular suas habilidades e capacidades intelectuais.
Neste momento, o professor-mediador estará facilitando o ensino-aprendizagem e ocasionado a sua participação no ambiente educativo.
3. Pilares na educação profissional
Dentre tantos desafios para a educação no século XXI está a forma de transmissão de informações de acordo com as competências exigidas. Para demonstrar esse modelo de educação existem os quatro pilares da educação que norteiam essas missões
A tendência para prolongar a escolaridade e o tempo livre deveria levar os adultos a apreciar, cada vez mais, as alegrias do conhecimento e da pesquisa individual. O aumento dos saberes, que permitem compreender melhor o ambiente sob os seus diversos aspectos, favorece o despertar da curiosidade intelectual, estimula o sentido crítico e permite compreender o real, mediante a aquisição de autonomia a capacidade de discernir. (DELORS, Jacques 2012 pg 74)
O aprender a conhecer é o meio de compreensão onde o indivíduo adquire saberes nas fases de sua vida, a educação é deve ser planejada ao logo de sua trajetória.
Aprender para conhecer consiste em aprender a aprender, onde o estímulo da memória e do pensamento fazem parte desse processo.
O aprender a conhecer e aprender a fazer estão interligadas, porém a segunda aprendizagem está ligada a formação profissional, onde a partir do conhecimento adquirido a atuação se faz necessária.
3 – Aprender a viver juntos, aprender a viver com os outros
Esta aprendizagem representa um desafio muito grande, pois a aprendizagem consiste em descobrir o outro, ao longo da vida a participação em situações, projetos comuns faz com que os conflitos sejam evitados ou resolvidos. A educação nesse contexto trabalha com a diversidade, e as semelhanças de cada ser.
4 – Aprender a ser
A educação tem o intuito de contribuir para o desenvolvimento da pessoa, onde possibilite a construção da responsabilidade pessoal e espiritual. Uma educação que lhe dê condições para a formação se um ser crítico e pensante.
Neste contexto a aprendizagem é essencial para autonomia dando direcionamento para as iniciativas e tomada de decisões de acordo com situações vivenciadas pelo indivíduo.
Figura 2 - Os Quatro Pilares da Educação Fonte: Delors: (1999)
4. Considerações finais
O presente estudo possibilitou refletir sobre as metodologias atuais utilizadas em sala onde, percebemos que o papel do educador é facilitar esse processo, através de técnicas que desperte o interesse investigativo e criativo de nossos educandos. Porém, cabe ressaltar que o perfil desse profissional deve ser moldado com as tendências tecnológicas e as reais necessidades de cada educando. Pois não depende apenas do conhecimento e sim de um conjunto de fatores que possibilite que a transmissão de informação ocorra de maneira clara, objetiva e criativa. A mudança é contínua, quando existe a necessidade da melhora constante é necessário que a postura do professor mude.
Com base em resultados realizados através de pesquisas empíricas foi notório que um dos fatores primordiais nesse processo é a postura do educador, onde existe a expectativa por parte dos educandos em relação as atitudes praticadas no momento da transmissão de informação, pois é esperado além do conhecimento a evidência da relação com a prática e a teoria no processo ensino–aprendizagem, ou seja, torna-se claro para o educando onde será aplicado todo aquele conhecimento que está sendo transmitido.
Outro fator predominante é a interação do educador com os educandos, quando existe a participação de ambas as partes as dificuldades são superadas e mostra o quanto a didática e a prática pedagógica precisam ser repensadas, afinal o mundo está globalizado onde a tecnologia e as informações em tempo real tiram a atenção para assuntos relevantes, é necessária a adaptação e a reflexão em relação a esses fatores.
O processo não é tão simples, pois tudo começa na formação do educador, e do interesse em transformar os moldes tradicionais do copiar e colar as informações, onde também se faz necessário o trabalho em equipe, que é de suma importância para que esse processo se realize, pois, o trabalho só será compensador se todos os envolvidos tiverem a consciência de que algo deve ser mudado e repensado.
ALVES, R. A alegria de ensinar. São Paulo: Ars Poética, 1994.
DELORS, J. Educação: Um Tesouro a Descobrir. Cortez de 1999 e reeditado (parte da 7ª edição, de 2012)
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia. São Paulo, Paz e Terra, 1996
SANCHEZ, Jesús Nicasio Garcia. Dificuldades de Aprendizagem e Intervenção Psicopedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2004.
TÉBAR, Lorenzo. O perfil do professor mediador: pedagogia da mediação. Tradução Priscila Pereira Mota. São Paulo: Senac São Paulo, 2011.
VALENTE, JOSÉ A. O computador na sociedade do conhecimento. Campinas: Unicamp/Nied, 1999.
WILSON, S.S, L., RICHERT, A. E. 150 Ways of Knowing: Representations of Knowledge in Teaching. In: CALDERHEAD, J. (ed.) Exploring Teacher´s Thinking. Great Britain: Cassell Rducational Limited, 1987. P.104-24.
[1] Tania das Graças de Araújo, professora na Etec Zona Sul, São Paulo, Centro Paula Souza. Orientado por Senira Anie Ferraz Fernandez
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
TANIA DAS GRAÇAS DE ARAÚJO ANDRADE Brasileira, divorciada, 40 anos tania_contabeis@hotmail.com FORMAÇÃO: Faculdade Integrada - AVM Metodologia no Ensino da Matemática - Pós Graduação Cursando Centro Paula Souza Ensino e Aprendizagem na Educação de Jovens e
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