Na década de 1930 houve um grande interesse no comportamento de invertebrados, tais como os caranguejos e asilos (inseto da família dos asilídeos), sob focos de luz ou superfícies inclinadas, em condições controladas de laboratório. O complexo comportamento dos animais no campo, durante a corte e outras situações, era negligenciado e provavelmente desconhecido da maioria dos experimentadores. É importante conhecer o comportamento natural do animal no seu ambiente normal antes de analisar partes específicas do mesmo em laboratório, senão pode-se facilmente chegar a conclusões erradas. Condições de laboratório cuidadosamente controladas podem ser tão diferentes do ambiente normal do animal, que este pode ser impedido de exibir muitos tipos de comportamento ou não fazer absolutamente nada.
Animais de sangue frio dependem da temperatura e exibem certos tipos de comportamento, como corte e alimentação, apenas quando sua temperatura corporal está dentro de uma certa faixa. Na maioria dos animais, esses tipos de comportamento estão, ainda, ligados à hora do dia. Algumas borboletas são ativas no campo apenas durante parte da manhã, outras durante a tarde. Os grilos começam a cantar mais intensamente no crepúsculo e os camundongos são muito ativos à noite. Não é nada confortável ficar acordado toda a noite, para observar o comportamento de camundongos de laboratório, mas, com auxílio de um controle de tempo, seus ciclos de luz e de atividade podem ser facilmente invertidos e os animais podem ser observados durante o dia, sob luz fraca.
Também é importante dar tempo para que um animal se familiarize com seu ambiente, a menos que se esteja pesquisando especificamente sua resposta a mudanças de condições. Por exemplo, quando peixes são introduzidos em um aquário novo, seu comportamento tende a se tornar mais variado e suas atitudes menos temerosas após um período de alguns dias. Muitos animais, inclusive ratos e camundongos, após explorarem suas gaiolas as cuidam como seus territórios e se comportam agressivamente em relação aos recém chegados.
Nos experimentos sobre comportamento deve-se empregar controles ou examinar as situações de controle, como ocorre também no caso de outras abordagens experimentais. No estudo do comportamento, ciência significa medida, como em outras disciplinas. Nem sempre é fácil descobrir exatamente o que se deve medir. Se um animal repete uma atividade um certo número de vezes e em seguida passa a fazer alguma outra coisa por um certo tempo,as atividades podem ser agrupadas em turnos medindo-se sua duração e os intervalos entre eles. Se o comportamento que está sendo examinado recorre freqüentemente não precisa ser registrado continuamente, mas apenas durante (por exemplo) períodos de cinco minutos em cada hora. Outro método é registrar o que o animal está fazendo a intervalos regulares (por exemplo, a cada dez minutos). Os métodos de amostragem como esses podem simplificar bastante os experimentos, mas freqüentemente os dados comportamentais exibem muita variabilidade. Por isso, de algum modo, a amplitude dessa variabilidade deve ser indicada nos gráficos e histogramas dos resultados.
A mera observação do comportamento não possibilita decidir quais foram os estímulos que o evocaram. Primeiro, porque não é possível ver todos os estímulos responsáveis por isso; segundo, porque as capacidades sensoriais dos animais podem ser muito diferentes das nossas próprias. As abelhas podem enxergar na faixa do ultravioleta e detectar luz polarizada, os pombos são capazes de perceber campos magnéticos pouco intensos, alguns peixes podem perceber campos elétricos, muitos animais podem ouvir ultrassons e alguns insetos respondem a produtos químicos que são inodoros para nós. Há três modos principais pelos quais se pode explicar as capacidades sensoriais dos animais. Medir as respostas de um animal a uma gama de modelos simples, começando com algum que prontamente elicie uma resposta de algum tipo, mudando em seguida cor, forma ou o que quer que se esteja pesquisando.Treinar os animais a responder a um determinado estímulo, por exemplo, dando-lhes comida quando responde e depois verificando até onde podem discriminar este estímulo de uma variedade de outros similares, quando deve escolher. E, mais objetivamente, usar eletrodos para registrar os impulsos nervosos provenientes do órgão do sentido em estudo.
O próprio órgão sensorial pode selecionar certos aspectos dos estímulos e não deixar passar ao sistema nervoso central (SNC) toda a formação contida neles. Desse modo, funciona como filtro e facilita a tarefa do SNC. Por exemplo, a fêmea do bicho-da-seda, Bombyx mori, produz um atrativo para os machos, conhecido como bombicol. As sensilas das antenas dos machos são extremamente sensíveis ao bombicol e alguns produtos químicos de estrutura semelhante, mas não respondem a outros odores. Dessa forma, os impulsos nervosos originários dessas sensilas caminham ao longo dos nervos e têm apenas um significado para o sistema nervoso central.
Por outro lado, os órgãos sensoriais dos mamíferos filtram relativamente pouco, embora o façam, deixando a maior parte da avaliação para o cérebro, uma estrutura necessariamente muito mais complexa do que nos insetos. Dentre as influências que afetam a natureza dos sinais eferentes que controlam a resposta do animal, e que devem ser levadas em conta na avaliação de dados experimentais, estão sua constituição genética, seu estado fisiológico atual (por exemplo, se suas gônadas estão produzindo ativamente hormônios) e sua experiência adquirida. Assim, raramente existe uma relação direta entre estímulos e resposta; há muitos fatores atuando entre o início e o final do processo comportamental observado.
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por Colunista Portal - Educação
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