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Imunização X tolerância oral: influência da natureza físico-química do antígeno
Imunização X tolerância oral: influência da natureza físico-química do antígeno
Biologia
08/09/2012
Vários estudos vêm demonstrando a influência da natureza e da estrutura do antígeno sobre o desenvolvimento de respostas imunes através da via oral. Stokes e colaboradores (1979) demonstraram que a administração oral de micro-organismos vivos, como bactérias e vírus, não era capaz de induzir tolerância oral. Por outro lado, quando esses antígenos eram atenuados ou mortos, a capacidade de induzir tolerância era restabelecida (Rubin et al., 1981). Além disso, a administração oral de proteínas solúveis, ao contrário de antígenos particulados, geralmente induz o estado de tolerância (Mowat et al., 1986). Entretanto, quando essas moléculas são desnaturadas através do aumento da temperatura ou de agentes químicos, o fenômeno da tolerância oral é abolido (Peng et al., 1995, 1998; Stransky et AL., 1998).
A prosseguir nessa linha de raciocínio, a encapsulação de substância solúveis em sistemas de veiculação de antígenos como, por exemplo, complexos imunoestimulantes (ISCOMS) (Morein et al., 1984), micropartículas (Eldridge et al., 1989), lipossomas (Jackson et al., 1990) mostra-se uma estratégia eficaz para estimulação da resposta imune contra antígenos administrados por via oral. Outra alternativa para inibir o estabelecimento da tolerância oral consiste na modificação covalente do antígeno através da conjugação com grupos catiônicos (Domen et al., 1987; Jacobs et al., 1993), subunidade B da toxina do cólera (van der Heijen et al., 1991) ou grupos hidrofóbicos (Lustig et AL., 1976; Mora; Tam, 1998). Uma vez que fenômenos de tolerância ou imunização oral são do tipo timo-dependentes não é esperada que a configuração do antígeno exerça influência sobre essas respostas.
Entretanto, acredita-se que modificações na estrutura e natureza do antígeno podem protegê-lo das mudanças bruscas do pH e da ação das enzimas proteolíticas durante a passagem pelo trato gastrointestinal, ou mesmo, modificar o transporte através da parede intestinal, afetando, inclusive, a captação pelas células apresentadoras de antígenos (APCs) presentes no GALT. REFERÊNCIAS
Domen PL, Muckerheide A, Michael JG. Cationization of protein antigens. III Abrogation of oral tolerance. J Immunol 1987; 139: 3195-3198. Eldrigde JH, Meulbroek JÁ, Staas JK, Tice TR, Gilley RM. Vaccine-containing biodegradable microspheres specifically enter the gut-associated lymphoid tissue following oral administration and induce a disseminated mucosal immune response. Adv Exp Med Biol 1989; 251: 191-199. Jackson S, Mestecky J, Childers NK, Michalek SM. Liposomes containing anti-idiotypic antibodies: na oral vaccine to induce protective secretory immune responses specific for pathogens of mucosal surfaces. Infect Immun 1990; 58: 1932-1941. Jacobs MJ, Van de Hoek E, Van de Putte LB. Aberrant tolerance induction with cationic antigens. Scand J Immunol 1993; 37: 97-103. Lustig JV, Rieger HL, Kraft SC, Hunter R, Rothberg RM. Humoral and cellular responses to native antigen following oral and parenteral immunization with lipid-conjugated bovine serum albumin. Cell Immunol 1976; 24(1): 164-172. Mora AL, Tam JP. Controlled lipidation and encapsulation of peptides as a useful approach to mucosal immunizations. J Immunol 1998; 161(7): 3616-3623. Morein B. The ISCOM: na immunostimulating system. Immunol Lett 1990; 25(1-3): 281-283. Mowat S McI, Thomas JJ, Parrott DMV. Divergents effects of bacterial lipopolyssaccharides on immunity to orally administered protein and particulate antigens. Immunol 1986; 58:677-684. Peng HJ, Chang ZN, Han SH, Won MH, Huang BT. Chemical denaturation of ovalbumin abrogates the induction of oral tolerance of specific IgG antibody and DTH responses in mice. Scand J Immunol 1998; 42: 297-304. Rubin D, Weiner HL, Fields BN, Greene MI. Immunologic tolerance after oral administration of reovirus: requirement for two viral products for tolerance induction. J Immunol 1981; 127: 1967-1701. Stokes CR, Newby TJ, Huntley JHm Patel D, Bourne FJ. The immune response of mice to bacterial antigens given by mouth. Immunol 1979; 38: 497-502. Stransky B, Faria AM, Vaz NM. Oral tolerance induction with altered forms of ovalbumin. Braz J Med Biol Res 1998; 31: 381-386. Van derHeijden PJ, Stok W, Bianchi AT. Mucosal suppression by oral pré-treatment with ovalbumin and its conversion into stimulation when ovalbumin was conjugated to cholera toxin or its B subunit. Adv Exp Med Biol 1995; 371B: 1251-1255.
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
por Flávia Márcia Oliveira
Possui doutorado em Bioquímica e Imunologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (2003) e aperfeiçoamento em Saúde Pública. Atualmente é professora adjunta da Universidade Federal Sergipe. Tem experiência na área de Imunologia, Patologia e Saúde Pública.
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