Leishmaniose: Aspectos ecológicos e epidemiológicos em Nova Iguaçu

Biologia

06/05/2013

O bairro São Francisco no município de Nova Iguaçu (RJ)  é uma região urbana com grandes áreas de mata até então bem preservadas, porém não intactas, tendo sofrido grandes impactos nos últimos anos em decorrência da extração de minerais e criação de gado. Em consequência do desmatamento da região, o mosquito palha , vetor da leishmaniose tem migrado de seu habitat para a área peridomiciliar e domiciliar, o que poderia ser facilmente evitado com uma boa política ambiental e conscientização das empresas e comunidade envolvidas. O inseto tem voo curto , o que não o permite percorrer grandes distâncias.  O Lutzomyia  ou  “mosquito palha” é facilmente identificado  pois ao contrário da maioria dos dípteros não alça grandes voos e ao pousar fica com suas asas entreabertas e não sobre o dorso como os demais. A leishmaniose é uma doença infecciosa, não contagiosa cujo agente etiológico são protozoários do gênero Leishmania , que durante seu ciclo evolutivo necessita de hospedeiros vertebrados e invertebrados o que chamamos de ciclo dixeno. As leishmanias são protozoários parasitas de células fagocitárias dos mamíferos, especialmente os macrófagos, sendo capazes de resistir a  destruição após a fagocitose. As formas infecciosas (promastigota) são alongadas e possuem flagelo locomotor que utilizam nas fases extracelulares de seu ciclo de vida. A forma amastigota (intracelular) não possui flagelos.

Existem 14 especies de leishmanias patogênicas , como por exemplo L.donovani, L infantum  L. chagasi e L.braziliensis . O vetor é sempre um inseto psicodídeo dos gêneros Phlebotomus no  velho mundo , Lutzomyia e Psychodopigus nas Américas sendo denominados genericamente de flebotomíneos. Estes insetos são pequenos e pilosos de cor de palha ou castanhos claro. São conhecidos pelo Brasil como cangalha, mosquito palha , tabuira . Os animais reservatório são os roedores, marsupiais e cães domésticos. A leishmaniose é conhecida também como úlcera de Bauru  e ferida brava.

Os sintomas surgem após um período que varia de 10 dias a três meses. A penetração do parasita determina uma lesão cutânea que se caracteriza por uma lesão pápuloeritomatosa ou furunculóide que fecha muito vagarosamente. Podem aparecer diversas feridas que deixam cicatrizes pelo rosto, braços e pernas. Pode haver comprometimento, se não for tratada, da mucosa oronasal e faringeana. A deformação do nariz origina o que é conhecido como “focinho de anta”. A infecção pode tomar cursos diferentes ocasionando a leishmaniose cutânea ou visceral. O diagnóstico pode ser feito através de exames parasitoilógicos (imprint) ou imunológicos (ELISA/ RIFI). O tratamento é feito com tártaro ermético e antimoniato de N- metilglucamina (menos tóxico e mais ativo), por via intramuscular ou endovenosa. A prevenção consiste no encaminhamento dos animais doentes ou suspeitos aos centros de zoonose. Realizar o diagnóstico e tratamento dos indivíduos parasitados, utilização de repelentes em áreas endêmicas, cortinados e telas nas janelas das residências ,construção de casas longe das matas e no uso de inseticidas nas  regiões intradomiciliares.

REIS, LO ; SANTOS W.A ; RIVA, T.C; SOPHIA , R; BERNARDO, C.