23/04/2014
A educação tem mudado, antes o professor era o centro de toda a aula e o aluno era um receptor de informação, seu único papel era aprender apenas o que lhe era ensinado dentro da sala de aula, os conteúdos eram trabalhados sem nenhuma preocupação com a individualidade do aluno. Mas com o passar dos anos, pedagogos como Piaget, Vygotsky, Ausbel entre outros, mostraram que esse tipo de ensino, era completamente inadequado, visando o melhor para o aluno, propuseram diferentes teorias sobre a forma de educar. Agora o professor não é mais um apresentador de conteúdo, mas um interlocutor do conhecimento prévio do aluno ligando esse conhecimento às teorias científicas. Atualizar a forma de ensino não só é necessário, mas fundamental para um melhor aprendizado.
Atualmente, a ciência se renova todos os dias, e a cada dia é mais importante que os professores tanto de biologia como de Ciências estejam atualizados quanto a essas novas tecnologias. Mas a forma com que esse tipo de informação é transmitida ao aluno é a diferença fundamental entre decorar para provas e testes, e aprender para a vida (JUNIOR,2009).
É cada vez mais notável que dentro do ensino tanto de Ciências como de Biologia, o conceito tradicional de ensino mostra-se cada vez mais defasado e que novos métodos de ensino são necessários para que o conteúdo aplicado não seja apenas mais uma informação, que por vezes acaba confundindo o aluno, algumas vezes por não serem apresentadas de forma conexa outras vezes apenas por não se mostrarem ligadas de nenhuma forma ao cotidiano do aluno, o que acaba por desmotivá-lo e desinteressá-lo (JUNIOR, 2009).
Aulas demonstrativas são importantes recursos para fixação de conhecimentos teóricos apresentados. Porém é importante ressaltar que esse tipo de aula pode trazer para o aluno que a ciência nada mais é do que leis pré-estabelecidas e comprovadas, imutáveis que não abrem espaço para novos conceitos e pensamentos, quando o aluno literalmente faz parte da aula, ele começa a compreender a ciência como interpretação da realidade, o que estabelece uma atitudes científicas (ABOU SAAB, 2007).
É de suma importância que a escola permita que tal conhecimento seja elaborado, através de oportunidades de contato direto com a natureza e tudo o que a envolve. Além disso, o conhecimento em biologia não se trata apenas do aprendizado do meio externo, mas o indivíduo passa a entender melhor a si mesmo, o que o permite refletir sobre suas ações sobre a sociedade como um todo (MOREIRA, 2003).
Atualmente, a maneira de educar tem sofrido uma revolução baseada nas novas tecnologias. O ensino tradicional, restrito a sala de aula, onde o professor é o centro de todo o conhecimento e os alunos são “vasilhas” a serem preenchidas pelo educador. O que Paulo Freire chamaria de educação bancária (PESSOA, 2009), tem dado lugar a uma maneira inovadora, onde o professor não apenas transmite informação, mas também auxilia ao processo de desenvolvimento do conhecimento prévio dos alunos, com isso torna-se indispensável a prática para a educação.
Isso não significa que o ensino através da exposição de conteúdo teórico seja completamente dispensável, mas torna-o apenas parte de uma maneira nova de se educar, sendo este tipo de conhecimento uma base para a aplicação das novas práticas.
Cabe ressaltar que a experimentação não se restringe apenas a uma metodologia pré-definida, mas pode ser de várias maneiras diferentes, dentre elas podemos citar: demonstrativa, empirista-indutivista, dedutiva racionalista ou construtivista (PESSOA, 2009).
De acordo com Jean Piaget a mente humana tende a buscar um equilíbrio e uma organização complexa no que tange aos conhecimentos adquiridos ao longo da vida, é possível então afirmar que a educação (por assim dizer uma forma de ensino) é o que desequilibra a organização da mente e assim faz com que o aprendiz (por assim dizer) tenha que buscar uma nova organização afim de um novo equilíbrio e, com isso, adquira um maior grau de desenvolvimento cognitivo. (POSSOBOM, 2012)
O construtivismo é uma concepção de conhecimento que tem como objetivo explicar como a inteligência humana é capaz de ser desenvolvida a partir de interações diretas entre o indivíduo e o meio. Prevalece a ideia de que o homem não nasce com conhecimentos intrínsecos, mas é capaz de construir raciocínios lógicos diante das influências propostas pelo meio em que vive. (MOREIRA ,et al, 2007)
Esta interação com o ambiente faz com que este construa estruturas mentais e adquira maneiras de fazê-la funcionar. Esta organização acontece de duas maneiras simultâneas: a organização interna e a adaptação ao meio, que são funções básicas exercidas pelo organismo ao longo do meio. (MOREIRA ,et al, 2007)
A adaptação defendida por Piaget, com o propósito de desenvolver a inteligência, consistia em uma assimilação e acomodação e também pelo desenvolvimento biológico e social do indivíduo, onde o desenvolvimento e amadurecimento dos sistemas que compõem o individuo e sua adaptação ao meio social, seus valores desenvolvidos ao longo da vida tem influência direta na aprendizagem de maneira geral e no desenvolvimento da inteligência (MOREIRA ,et all, 2007).
A escola tem seu papel crucial no desenvolvimento da inteligência do indivíduo, onde a escola que propõe atividades estimulantes através da descoberta de novas experiências, e proporciona isso aos alunos com o intuito de desequilibrar e trazer o reequilíbrio de pensamento e raciocínio, promovendo assim a construção do conhecimento individual e coletivo (MOREIRA, et all, 2007).
Na sua obra Piaget discute com muito cuidado a questão da autonomia na aprendizagem Para ele, autonomia não significa exclusivamente a aprendizagem de maneira isolada (onde o indivíduo busca sozinho o conhecimento dos mais diversos assuntos), mas trata-se do desenvolvimento da aprendizagem lógico operatório e paralelo ao desenvolvimento da capacidade de cooperação do individuo.Jean Piaget caracterizava “Autonomia como a capacidade de coordenação de diferentes perspectivas sociais com o pressuposto do respeito recíproco”. (MOREIRA ,et all, 2007)
O Interacionismo também foi uma teoria pedagógica que influenciou e influencia o pensamento pedagógico brasileiro, que também podemos perceber como fundamentação dos Parâmetros Curriculares Nacionais. (MOREIRA, et all, 2007)
Contemporâneo de Piaget, Vygotsky tinha uma linha de pensamento diferente de Piaget, onde este mostrou que a mudança que acontece no indivíduo ao longo do seu desenvolvimento está ligado a interação deste com a cultura e a história da sociedade a qual faz parte. As funções psicológicas superiores (que são características do ser humano) estão ligadas a características biológicas da espécie humana e, por outro lado, são desenvolvidas ao longo da sua história social. Isso quer dizer que o mundo exterior influencia o mundo interior do indivíduo de maneira a analisar este reflexo e desenvolver suas próprias atividades psicológicas. (MOREIRA ,et all, 2007)
Para Vygotsky, o desenvolvimento do conhecimento está diretamente ligado a interação intra e inter pessoal, onde a cada interação o indivíduo é capaz de internalizar e assimilar o próprio conhecimento. Para ele o desenvolvimento não é baseado na fase da vida que o indivíduo se encontra (caracterizado por Piaget), mas a aprendizagem que favorece o desenvolvimento das funções mentais do indivíduo (MOREIRA ,et al, 2007).
Apesar da diferença de pensamento entre Piaget e Vygotsky ambos defendem, mesmo que através de argumentos diferentes, que a aprendizagem está ligada a interação entre indivíduos e com o meio ambiente em geral, fazendo com que este possa desenvolver seu próprio conhecimento.
Segundo a teoria de David Paul Ausubel, quando um conhecimento aprendido na escola não consegue se ligar a algo vivenciado pelo aluno (subsunçores), ou seja, não está ligada de nenhuma maneira ao seu cotidiano, este se torna mecânico e rapidamente será esquecido, ou seja, há uma necessidade de ligação entre o conteúdo exposto e algo que os aprendizes possam ver ou tocar ou ainda vivenciar ligado ao que se fala, para que o conhecimento seja completo e não apenas parcial, partindo do princípio que as ligações cognitivas não serão feitas, ou ainda acontecerão de maneira aleatória (PELIZZARI, 2002).
Não se trata apenas de entender e aceitar que a prática é importante para o aprendizado para o aluno. No Brasil ainda é preciso enfrentar outros problemas como a falta de estrutura e o tempo cada vez mais reduzido, o que naturalmente já é uma barreira a ser ultrapassada, já que me muitos casos nem o conteúdo mínimo algumas escolas conseguem expor para os alunos.
Com isso, desenvolver aulas práticas requer cada vez mais esforço do profissional docente, e isso não apenas dentro da Biologia ou Ciências, mas também dentro das diversas disciplinas que seriam enriquecidas com as atividades práticas (KELLER , 2011).
Infelizmente isso ainda não é uma realidade completa, algumas ou ainda grande parte das escolas públicas não possuem laboratórios adequados para o uso tanto em ciências e Biologia como em tecnologia como informática, por exemplo. O que acaba forçando alguns professores a, quando interessados na apresentação de recursos didáticos práticos, utilizarem dinheiro próprio para tais finalidade, o que desmotiva esses profissionais (PESSOA, 2009). Porém, apesar desses obstáculos impostos por falta de recursos, estruturas, tempo entre outras coisas, professores com o desejo real de aplicar práticas dentro de seu contexto educacional ainda sim buscaram meios para desenvolvê-las na(s) escola(s) (ANDRADE, 2011).
Privilegiar um conhecimento prático para os alunos durante sua formação básica enriquecer a vivencia na ciência e na tecnologia, ajuda a formar cidadãos preparados para a convivência numa sociedade contemporânea atual (BRASIL, 2000).
O conhecimento de Biologia no Ensino Médio é de importância para a formação do cidadão consciente sobre o mundo em que vive e suas interações com o mesmo, sendo de extremo valor o conhecimento teórico e prático, para que através da experimentação o individuo não apenas saiba sobre o mundo em que vive, mas que desenvolva uma capacidade de indagar e pesquisar sobre os problemas existentes na sociedade, a fim de repensar suas ações para o futuro(BRASIL, 2000)
A educação ainda deve oferecer oportunidades para que o estudante siga uma carreira acadêmica dentro das diversas áreas do conhecimento, sendo assim validada a afirmação de que uma ligação direta dos conteúdos abordados, e neste sentido podemos dizer não apenas dentro das Ciências, mas dentro de todas as matérias que regem a educação básica no Brasil, com a vivência e a sociedade e cultura que envolve aquele aluno tem importância direta na sua formação como cidadão e na sua contribuição futura como descobridor de novas tecnologias.
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
Licenciada em Ciências biológicas em 2013. Docente do ensino médio, pré-vestibular e de cursos livres locais.
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