20/02/2015
A grande parte das contaminações por Escherichia coli ocorrem devido às práticas higiênicas indevidas dos manipuladores de produtos alimentícios ou devido às condições sanitárias impróprias. Esse micro-organismo pertencente à microbiota de animais de sangue quente apresentando uma quantidade considerável de variedades, algumas vivendo de forma comensal e compondo a flora intestinal de vertebrados endotérmicos, não sendo patogênicas em sua grande maioria. Contudo, nos últimos anos ficou comprovado a existência de linhagens patogênicas, conhecidas como E.coli Diarreiogênicas (ECD) e E. coli Patogênicas Extra Intestinal (EXPEC), que são capazes de provocar infecções fatais em seres humanos.
Escherichia coli apresenta cerca de 1000 determinantes antigênicos definidos pelos antígenos somáticos (O), capsulares (K) e flagelares (F). De acordo com Germano (2003), existem quatro classes principais do patógeno que podem causar gastroenterite.
Enteropatogênica (EPEC): Geralmente acometem recém nascido.
Enterotoxigênica (ETEC): Geralmente provocam diarreia infantil ou diarréia do viajante.
Enteroinvasiva (EIEC): Geralmente acometem jovens e idosos.
Enterohemorrágica (EHEC): Geralmente acometem gravemente crianças e idosos.
Outras duas classes, a enteroagregativa (EaggEC) e a difusamente aderente (DAEC) são as menos estudadas, contudo apresentam sorotipos patogênicos.
Dentre as E.coli enteropatogênicas (EPEC), o sorotipo O157: H7 (WHO, 1998) é o mais frequentemente associado a surtos relatados e documentados de colite hemorrágica (Silva 2007). Há, entretanto, indicações claras de que o envolvimento de cepas de outros sorotipos está crescendo. No Brasil, o sorotipo O111: NM é o mais frequente. (Gtth et al 2002) porém, pelo menos dois casos de doença associados com os sorotipos O157:H7 e O26:H11 já foram identificados (Irino et al 2000 Guth et al 2002). Outros sorotipos que tem sido associado às manifestações clínicas mais graves são: O111: H8/NM (predominante na Austrália), O26: H11, O103: H2, O113: H2. (Griffin & Tauxe 1991, WHO 1998, Eduardo et al 2002) e O 145.
Na pesquisa de rotina laboratorial chega-se com relativo sucesso ao isolamento de E.coli, os testes sorológicos e moleculares permitem diferenciar os patotipos desta espécie. (Tortora, 2003). Todavia, a identificação desses patotipos não é rotineira, uma vez que boa parte dos laboratórios que poderiam realizar essa pesquisa não apresentam recursos humanos, técnicos e equipamentos necessários. Além disso, essa modalidade de análise é mais cara quando comparada com a metodologia de isolamento tradicional.
A presença de cepas patogênicas e seu rastreamento são importantes indicativos para futuras ações de saúde pública. Portanto, é necessário aprofundar sua pesquisa em alimentos para futuro delineamento dessas ações.
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
Possui graduação em Ciências Biológicas (Licenciatura e Bacharelado) pela Universidade Federal de Minas Gerais. Atualmente é Técnico em Saúde e Tecnologia III na Fundação Ezequiel Dias com experiência na área de Microbiologia, com ênfase em Microbiologia de Alimentos, atuando principalmente nos seguintes temas: Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs) e Patógenos Emergentes e Reemergentes.
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