03/03/2011
Introdução
Para se avaliarem as dimensões da riqueza, parece imprescindível considerar-se o papel que o sistema financeiro tem desempenhado no Brasil. Com um grau relativamente alto de concentração das operações financeiras em algumas poucas instituições estatais e privadas, o sistema bancário adaptou-se, nos últimos 15 anos, aos diversos contextos econômicos e políticos de maneira a assegurar expressiva lucratividade. Em períodos de inflação alta, os chamados ganhos inflacionários adquiriram grande importância. Altas taxas de juros nas operações de crédito e grande volume de aplicação em títulos públicos constituem componentes fundamentais, além de haver grande diferença entre as taxas cobradas e aquelas pagas pelas instituições financeiras (o chamado spread bancário). As tendências recentes sinalizam para um maior crescimento relativo do crédito pessoal e do crédito ao consumo, caracterizados por altíssimas taxas de juros, e para o incremento dos ganhos com a cobrança de tarifas bancárias. Todo esse processo realiza-se no contexto de uma reestruturação do trabalho no setor, ocorrida especialmente a partir de meados dos anos 1990. Se não parece haver dúvidas de que o setor financeiro tem sido um dos grandes (se não o maior) beneficiados pelas conjunturas econômicas e pelas políticas econômicas adotadas nos últimos anos (incluindo o atual governo), o que parece intrigante é que essa situação se sustente e se legitime, mantendo uma ordem social, econômica e política especialmente benéfica a um segmento específico da sociedade capitalista vigente no País (LEILA, 2005; GRÜN, 2004).
Estamos em um momento do capitalismo caracterizado por uma preponderância da acumulação financeira (CHESNAIS, 2003), alicerçada numa dimensão especulativa sem precedentes, que permite, mediante diversos mecanismos e inovações financeiras, a renovação do grau de endividamento (das famílias, das empresas, dos governos) e a realização de operações de toda ordem ao redor do globo de forma instantânea. Essa acumulação torna-se viável no contexto de uma reestruturação produtiva do capitalismo que tem imposto maior precarização do mundo do trabalho, significativas mudanças previdenciárias, terceirização, redução do número de trabalhadores bancários e fragilização da organização sindical pela combinação de novas e antigas formas de exploração, pela apropriação da renda dos assalariados via crédito ao consumo e serviços financeiro, e pela apropriação fiscal através da dívida pública.
Nessa conjuntura, a análise do sistema financeiro, de suas instituições – privadas e estatais – e das complexas relações nas quais estão inseridos é um grande desafio. Apresento uma contribuição, mínima por certo, mas que tenta trazer para o debate algumas considerações e dados, sistematizados de forma a permitir uma perspectiva sociopolítica da questão.
Tendo presentes esses aspectos mais gerais, é necessário analisar o sistema financeiro e suas instituições inseridos em um amplo contexto de poder das instituições financeiras no capitalismo contemporâneo. Na impossibilidade de analisar todas as dimensões da questão, destaco os seguintes aspectos: a) o controle sobre o fluxo de capitais; b) a existência dos conglomerados e grupos financeiros; c) a estrutura e dinâmica da representação de classe do setor; d) a participação no processo político e nos aparatos de decisão do Estado. Tomando como referência o ano de 2005, elaborei um perfil econômico e especialmente sociopolítico das dez maiores instituições financeiras privadas atuantes no Brasil, como forma de entender melhor a situação dos bancos no País e o espaço privilegiado que ocupam hoje na acumulação de capital e na esfera política.
Para ler o artigo na integra acesse o link: http://www.scielo.br/pdf/soc/n18/n18a06.pdf
Referência Bibliográfica: MINELLA, Ary Cesar. Maiores bancos privados no Brasil: um perfil econômico e sociopolítico. Sociologias [online]. 2007, n.18, pp. 100-125.
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