A intenção da moeda única é a igualdade social entre os países
Contabilidade e Finanças
03/11/2012
Acabo de ler uma análise da formação dos países que decidiram implantar o Euro como moeda comum.
Nada a questionar sobre a explicação técnica na base econômica e análise política – análise da guerra de interesses entre os países.
Antes de tudo, devo esclarecer que sou somente um economista; também não tenho acesso a nenhuma documentação específica que pudesse vir a ter uma análise diferente da que vou iniciar, disponho apenas das minhas leituras de livros e jornais do dia a dia.
A ciência econômica, nunca foi uma ciência onde se pudessem executar experiências laboratoriais. Até porque, é uma ciência social, que inviabiliza esse tipo de laboratório, além do que as ciências sociais não são e nunca foram independentes. As ciências sociais surgiram, provavelmente, na expectativa de mostrar algum caminho – teoricamente racional – para a condução da ciência política. Esta sim, o comandante maior das ciências sociais e de outras que porventura venham a incomodá-la.
Uma vez feita a proposta para iniciar o pensar do euro, os países a iniciaram, dado o receio sobre o crescente poder econômico da Alemanha, que havia perdido ou pelo menos visto diminuir seu poderio militar – graças a interferência militar norte americana. Esta cobrou alto do povo alemão – mas mostrou-se eficiente e eficaz na solução ao cessar a guerra.
Acredito que os países ‘parceiros’ devam ter pensado em a Alemanha querer dar o ‘troco’ aos seus vizinhos, sobre o resultado da II Grande Guerra. Já que se encontra em posição privilegiada financeiramente.
Afinal após a guerra, o maior banco europeu é o Alemão; como todos sabemos, após o poder econômico, automaticamente, vem o poder político. A maior divida que os amigos vizinhos têm é com bancos alemães.
Hoje, estamos com uma Europa guerreando entre si e com o poder econômico alemão ‘bancando’. Como pode? Os alemães venceram a destruição do País, reconstruíram-no, tornaram-se uma grande nação. E caíram numa ‘cama de gato’ dessas?
O esforço e dificuldade em implantar moeda única na Europa residem exatamente em igualar social e economicamente, os demais países ao patamar de realidade alemã.
No entanto, a base para qualquer atitude socialmente correta, está na ciência política, não foi dessa forma que iniciei esses comentários?
Ninguém consegue iniciar uma revolução, seja lá o nome ou posição que queira classificar, se não for abonada pela classe política. Nem mesmo os grandes países socialistas – com poder político centralizado, forte e repressor – conseguiram vitórias, que não fosse por períodos relativamente curtos.
Dentro desse pensamento e linha de raciocínio, podemos diversificar até mesmo no campo religioso. Mas essa conversa deixo para um segundo momento, para não perder o foco: o EURO.
A democracia – sistema político de todos os países participantes do Euro – mesmo os monárquicos (mas funcionam e trabalham por parlamentos democraticamente eleitos), é um sistema voltado aos interesses dos grandes poderes financeiros. O povo, ora o povo... pura massa de manobra dos interesses que já manobravam e que continuam a manobrar antes e depois de qualquer eleição.
Pela democracia ter essa característica, nenhum País quer perder sua base de sustentação no poder: a classe dos mais favorecidos.
Aí encontramos uma dificuldade crucial: quem paga a conta da continuidade da classe privilegiada?
As crises sociais não são construídas para alterações na classe do poder, mas para poder perpetuá-las.
O problema da implantação do euro está no fato de os países participantes quererem fazer uma base de distribuição do euro a partir do nível mais alto. E não tem outra saída, afinal não tem como exigir que o povo alemão diminuísse seu padrão de vida em nome da Grécia, Portugal, Irlanda e outros que se não apareceram, ainda virão. E tudo em nome da política da manutenção da classe predominante econômica. Então eles criam pacotes e pacotes, onde o Estado continua gastando em nome da próxima eleição e os bancos cobrando uma conivência que tiveram até agora com os Estados.
E a conta chega. O corte é nos salários, nos direitos previdenciários, alta da taxa de juros para a população que mais necessita de crédito extra para se sentir crescendo socialmente.
Isso, para fechar o caixa do mês ou até do dia, frente ao empréstimo que tenha sido liberado a crédito subsidiado do banco com cabeça alemã, às classes privilegiadas dos países participantes.
A resolução é difícil, dado que se não o fizerem, os mais prejudicados são as classes dominantes alemãs e até mesmo, os trabalhadores alemães, pela falência das instituições alemãs – maiores credoras da Europa empobrecida ou irresponsável.
Assim como todo o desenho do euro tenha sido criado no interesse econômico e com a força política, em cima de desenhos direcionados para evitar uma catástrofe geral ou como dizem meus colegas economistas – uma tragédia dos comuns.
Talvez, dentro de minhas parcas visões econômica e política, necessário se faz criar novas teorias e práticas fora do papel moeda fiduciário, ou melhor dizendo, continuando com o papel moeda fiduciário, até por não ter como retornar, mediante as facilidades políticas – melhorá-lo, incrementando valores sociais – de modo que a família trabalhadora, não fique com o maior peso da despesa e do custo. Tudo foi criado e consequentemente, tudo adequadamente apropriado à classe dominante. Que tal se criar um sistema, onde a classe dominante participasse também desse custo, junto com a classe que faz a riqueza dela?
Mas cabe a ciência política – organizadora das ciências sociais – ditar-nos o caminho.
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
por Antonio Carlos Costa Fonseca
Formado em Ciências Econômicas, na Faculdade de Economia São Luiz, São Paulo. Boa vivência na área bancária, consultoria, organização e formação de Cooperativismo de Crédito; Atuei durante muitos anos na área de RH no serviço publico municipal; Atuei como docente em algumas faculdades em São Paulo e no Sul de Minas.
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