Redação de laudos e pareceres:Gêneros tradicionais nos textos de redação técnica

Vamos trabalhar as estruturas e características dos gêneros tradicionais
Vamos trabalhar as estruturas e características dos gêneros tradicionais

Contabilidade e Finanças

16/04/2013

Vamos trabalhar as estruturas e características dos gêneros tradicionais narrativos, descritivos e dissertativos presentes no texto técnico.

Os gêneros tradicionais do texto, descrição, narração e dissertação, se fazem presentes no texto técnico ou científico, apresentando estruturas e características formais específicas de acordo com a sua tipologia textual.

Descrição


Descrever é “representar verbalmente um objeto, uma pessoa, um lugar, mediante a indicação de aspectos característicos, de pormenores individualizantes”, segundo Medeiros (2007).

Muitas das características do texto literário estão presentes na descrição técnica, no entanto, a precisão vocabular, a exatidão dos pormenores e a impessoalidade são marcantes no texto técnico, além da sobriedade da linguagem. Em termos de comparação, podemos afirmar que a denotação se antagoniza com a conotação da descrição literária. A objetividade confronta-se com os tons afetivos e subjetivos do texto literário.

As três finalidades do texto descritivo são: identificar, localizar e qualificar. É importante reforçar que um trecho descritivo pode estar inserido em outro tipo de texto cuja finalidade ultrapasse a do mero descrever.

Aplica-se a descrição técnica a:
- Objetos (cor, forma, aparência, dimensões, peso, etc.);

- Aparelhos ou mecanismos;

- Fenômenos, fatos, lugares, eventos.

O que distingue as duas formas de composição, literária e técnica, é o objetivo e o ponto de vista do que deve ser descrito. Por exemplo, uma sala de visita no olhar de um romancista e uma sala de visita para um policial encarregado de descrevê-la em um relatório, com o objetivo de desvendar um crime de morte.
É importante então enfatizar que do ponto de vista e do objetivo dependerão a forma verbal e a estrutura lógica da descrição.

Algumas questões devem ser enfatizadas:
- Descrição de objeto ou ser

- Qual objeto, ser ou situação a ser descrito?

- O que será ressaltado?

- Quais pormenores serão enfatizados?

- Qual será a ordem descritiva a ser utilizada: lógica, psicológica, cronológica?

- A quem se destina o relatório?

Se falamos de um texto publicitário, podemos citar, por exemplo, uma televisão 42 polegadas: o ponto de vista pode ser: Do possível comprador; do usuário; do técnico encarregado em sua instalação; do técnico que poderá eventualmente consertá-la.

Os fatores citados precisam ser levados em conta, deles depende a estrutura formal e textual do texto a ser descrito.

Para Medeiros (2007), “a descrição requer observação cuidadosa, para tornar o que vai ser descrito um modelo inconfundível, não se trata de enumerar uma série de elementos, mas de captar os traços capazes e transmitir uma impressão autêntica”.

Descrição de processo


Quando o propósito é “mostrar o funcionamento de aparelho ou mecanismo ou os estágios de um procedimento (como, por exemplo, as fases da fabricação de um produto, de um trabalho de pesquisa, de uma investigação ou sindicância), tem-se a descrição de processo”, à qual Gaum (1989) dá o nome de exposição narrativa.

Cujas características principais são:

- Exposição em ordem cronológica;

- Objetividade: nada de linguagem abstrata ou afetiva;

- Ênfase na ação, que deve ser suficientemente detalhada;

- Indicação clara das diferentes fases do processo;

- Ausência de suspense: ao contrário da narração literária, o interesse da descrição de processo não deve depender da expectativa ou suspense.

O núcleo, miolo ou corpo de quase todos os relatórios técnicos é, em essência, uma descrição de processo, uma exposição narrativa.
Sobre esse assunto, Garcia (1999) afirma que:

Esse tipo de descrição é, talvez, o mais difícil por exigir do autor não apenas conhecimento completo e pormenorizado do assunto, mas também muito espírito de observação e senso de equilíbrio: se ela sai por demais detalhada, pode tornar-se confusa; se muito simplificada, pode revelar-se incompleta ou inadequada. Por isso é que quase toda descrição de processo vem acompanhada de ilustração (desenho, mapas, diagramas, gráficos, etc.), não apenas como esclarecimento indispensável, mas ainda como meio, por assim dizer, de "dosar" os detalhes.

Processos da descrição técnica
Medeiros (2007) explica as etapas da redação do texto descritivo, focalizando os seguintes aspectos:
- Estabelecimento do objetivo a ser alcançado;

- Pesquisa e seleção dos dados que serão apresentados;

- Correção;

- Revisão;

- Redação da versão final.

Segundo o autor, existem regras básicas para a elaboração do texto descritivo:

- Estilo: vivo, ágil, descrições rápidas e informativas;

- Estilo direto e conciso;

- Parágrafos curtos, predominância de frases de 10 a 15 palavras;

- Pesquisa direta em fontes de informação: arquivos, cartas, relatórios anteriores;

- Objetividade, rigor, informações fundamentadas;

- Utilização de verbos que designam estado (parecer, continuar, estar, viver, permanecer).

Narração


Relato organizado de acontecimentos reais ou possíveis. Apresenta episódios e acontecimentos costurados por uma evolução cronológica das ações.

Podem-se perceber algumas características na narração técnica segundo Gold e Segal (2008):

- A estrutura narrativa tem como finalidade última situar o interlocutor nos acontecimentos que ensejaram a ação;

- Os verbos relativos às circunstâncias narradas estão no pretérito perfeito de modo indicativo, pois quando ocorre o relato a ação já desencadeou;

- A obediência à sequência temporal é de suma importância, pois garante que a narrativa chegue logicamente à conclusão.

Os elementos narrativos servem para orientar a redação de estruturas técnicas e são:
- Quem:
As pessoas que participam da determinada ação;

- O quê:
Apresentação clara dos fatos que direcionam a história;

- Quando:
O momento em que aconteceram as circunstâncias relatadas (tempo);

- Onde:
Localização dos eventos narrados (espaço);

- Como:
Modo como desenvolveram as circunstâncias, apresentadas em uma sequência cronológica ou lógica;

- Por quê:
A razão que ocasionou os fatos narrados;

- Por isso:
A consequência lógica.

Existem, segundo Medeiros (2005, p.303), várias técnicas que permitem captar a atenção do leitor como:
- Escrever parágrafos curtos e sem muitos pormenores;

- Falar somente do que se conhece bem;

- Ter presente o objetivo da narração;

- Sugerir soluções mais do que explicar acontecimentos.

Dissertação


O texto dissertativo apresenta ideias, expõe pontos de vista baseados em argumentos lógicos, procurando estabelecer a correlação entre causa e efeito.

No texto dissertativo, não basta narrar ou descrever, há necessidade de explicar, explanar com o embasamento de argumentos que comprovem o ponto de vista assumido.

Algumas regras são fundamentais para se redigir o texto dissertativo, de acordo com Medeiros (2005):

- As declarações, para terem validade, exigem que sejam provadas, que se apresentem fatos.

- Os fatos não podem ser discutidos, daí a necessidade de reunir o maior número deles.

Para escrever uma boa dissertação, os seguintes elementos são necessários, de acordo com Gold e Segal (2008):

- Familiarização com o tema;

- Espírito reflexivo:
busca da verdade pela análise dos fatos, procurando explicá-los, prová-los ou rejeitá-los;

- Métodos de exposição:
consiste na busca das ideias propostas e ordenamento, de acordo com um plano estrutural;

- Imaginação:
imaginar é ver bem a ideia, representá-la como algo vivo, para depois dar a ela forma.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


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