09/10/2012
A síndrome de aspiração meconial (SAM) é uma doença caracterizada por vários graus de insuficiência respiratória. A presença de mecônio no líquido amniótico ocorre em 5% a 15% de todos os nascimentos, enquanto que a SAM em, aproximadamente, 2% a 3%, sendo mais frequente em recém-nascidos (RN) pequenos para a idade gestacional, nascidos de termo ou pós-termo.
A obstrução das vias aéreas por partículas de mecônio desempenha papel importante na fisiopatologia da SAM. A obstrução pode ser total devido à grande quantidade de mecônio presente na traqueia, levando à morte rápida por asfixia ou a cor pulmonale agudo.
A obstrução completa das vias aéreas terminais resulta em atelectasia dos alvéolos distais, aumento da resistência vascular pulmonar, shunt da direita para a esquerda, retornando a um padrão fetal de circulação através do forame oval e do canal arterial, explicando parcialmente a hipoxemia encontrada.
Uma complicação frequentemente observada na SAM grave é a presença de hipertensão pulmonar persistente (HPP) no RN.
O RN portador de aspiração mínima pode apresentar taquipneia e cianose discreta, que se iniciam logo após o nascimento e costuma ter boa evolução, com desaparecimento da sintomatologia em 24 a 72 horas de vida. Segundo Gregory, os RN com maior risco de desenvolverem a forma grave, sintomática, da SAM, são os que apresentam ao nascimento menores índices de Apgar, mecônio na traqueia em quantidade maior ou igual a 1 ml ou superior a 2 ml na boca.
A impregnação por mecônio é observada na pele, unhas e cordão umbilical, e pode estar ausente quando o mecônio for recente. Ao exame físico se observa hiperinsuflação do tórax, com abaulamento do diâmetro transversal, cianose difusa, taquidispneia, retração intercostal e diafragmática.
À ausculta pulmonar revela estertores de médias e grossas bolhas em todo o tórax e expiração prolongada, indicando comprometimento de vias aéreas de pequeno calibre. Nos casos leves não se observa o caráter progressivo característico da SAM grave.
Quanto aos aspectos radiológicos, encontram-se infiltrados em placas, não uniformes, irradiando-se do hilo para os campos pulmonares periféricos. Estes infiltrados irregulares e espessos representam zonas de atelectasia e consolidação. Nos casos graves, o tórax está superexpandido, com achatamento do diafragma, 23% dos casos se acompanham de derrame pleural e 26% de pneumotórax e pneumomediastino. A melhora radiológica se relaciona com a melhora clínica.
A terapêutica visa retirar a maior quantidade possível de mecônio, desobstruindo as vias aéreas e, para tanto, deverá ser iniciada o mais precocemente possível.
O RN deve ser colocado em incubadora para manutenção de um aquecimento adequado e maior vigilância respiratória. Solicitar radiografia de tórax para confirmação diagnóstica e avaliação da extensão do quadro pulmonar. A oxigenoterapia é realizada com o objetivo de manter níveis de PaO2 entre 50 e 70 mmHg e PaCO2 menor do que 60 mmHg em ambiente de O2 de até 60%. Quando estes níveis forem ultrapassados, deverá ser indicada ventilação mecânica.
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