Terapia de Reposição do Surfactante Pulmonar

Na forma profilática ou preventiva tem sido indicado mais frequentemente em RNPT
Na forma profilática ou preventiva tem sido indicado mais frequentemente em RNPT

Cotidiano e Bem-estar

09/10/2012

O Surfactante Pulmonar (SP) é um complexo lipoproteico que age diminuindo a Tensão Superficial (TS) ao nível da interface ar-líquido dos alvéolos e tem a função de estabilizar os alvéolos, impedindo o seu colabamento ao final da expiração e reduzindo o trabalho respiratório com aumento da complacência pulmonar.

A insuficiência respiratória secundária à deficiência de surfactante constitui uma importante causa de morbidade e mortalidade em recém-nascidos (RN) de muito baixo peso. A terapêutica com surfactante na doença das membranas hialinas (DMH) tem mostrado reduzir substancialmente a mortalidade neonatal nesta população.

O surfactante exógeno na DMH tem sido utilizado com duas finalidades principais: profilático e no tratamento da doença estabelecida.

Na forma profilática ou preventiva tem sido indicado mais frequentemente em RNPT de muito baixo peso (menor que 32 semanas de idade gestacional) imediatamente e até 10 a 20 minutos após o nascimento, para evitar que o RN desenvolva a DMH. O uso do surfactante profilático tem a vantagem teórica de repor o pool do surfactante endógeno na grande maioria dos RN prematuros, antes da instalação da DMH, podendo diminuir o uso de ventilação mecânica prolongada e barotrauma secundário. O surfactante também se distribui de forma mais uniforme quando administrado imediatamente ao nascimento, ainda com os pulmões cheios de líquidos. Por outro lado, a utilização do surfactante exógeno na terapêutica da doença estabelecida tem a vantagem de eliminar o risco potencial de tratar os RN que não têm deficiência de surfactante e, neste caso, não teria benefício com o tratamento.

A eficácia da reposição com surfactante exógeno no tratamento da DMH tem sido verificada em vários estudos clínicos controlados. O uso de surfactante exógeno tem cada vez mais adquirido interesse não somente como terapêutica de reposição em RNPT com DMH, mas também em outras formas de doença pulmonar, nas quais o surfactante endógeno pode estar diminuído ou inativado.

A maioria dos surfactantes usados na prática clínica é de origem animal modificado ou produzido artificialmente.

O mais impressionante efeito de uso do surfactante no RN com DMH necessitando de ventilação mecânica é a significativa e imediata melhora da troca gasosa associada com uma rápida redução das necessidades de oxigênio.

A administração muito precoce (antes de 3 horas de vida, preferencialmente antes da primeira respiração) resulta numa distribuição mais homogênea do surfactante nos espaços aéreos que estão livres de inibidores proteicos do surfactante, os quais se acumulam nos primeiros dias de vida. Vários estudos randomizados evidenciaram que a administração precoce (antes de 2 a 4 horas ou ao nascimento) melhora a sobrevivência neonatal com diminuição da doença pulmonar crônica.

O ideal é que use a primeira dose com menos de três horas de vida, no entanto, se necessário, pode ser usado com 72 horas de vida.

Todo RN com peso ao nascer abaixo de 1000 g intubado, com sinais radiológicos de DMH deve receber surfactante, independente dos parâmetros do ventilador.

Todos os surfactantes são administrados via endotraqueal em um ou mais frações. Setenta a 95% do surfactante natural administrado como bolus alcança as vias aéreas distais e alvéolos.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


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