Gravidez e comportamento sexual

O obstetra deve orientar com relação à permissão ou não do ato sexual
O obstetra deve orientar com relação à permissão ou não do ato sexual

Cotidiano e Bem-estar

13/03/2013

A qualidade do relacionamento, o fato de a gravidez ter sido planejada ou se o bebê é desejado, se são casados, sua história, sua identidade e reações diante da perspectiva de ser mãe, afetarão as atitudes concernentes à gravidez e também a sexualidade.

Os efeitos da gravidez sobre o comportamento sexual variam entre as mulheres. Enquanto algumas experimentam o aumento do impulso sexual, já que a vasocongestão pélvica produz um estado de maior resposta sexual ou se tornam mais propensas ao sexo, por já não temer engravidar. Há inclusive relatos de mulheres que por se sentirem mais livres, experimentam pela primeira vez o orgasmo durante a gravidez.

Outras mulheres sentem diminuição do desejo sexual ou perdem-no completamente, por causa do desconforto físico ou então por uma disposição psicológica, em que a mulher associa a maternidade com assexualidade (Kaplan&Sadock).

Esta mesma associação pode ocorrer com o homem, então é chamado de complexo de Madona, onde homens veem mulheres grávidas como sagradas e não sujeitas à degradação provocada pelo ato sexual. Outros homens podem simplesmente achar feio o corpo gravídico.

Isto também pode ocorrer com as mulheres, que podem não se sentir atraentes, tendo sua auto-estima diminuída e então evitam o ato sexual. Como fator complicador, pode ser contraditório estar em um momento considerado culturalmente divino e, continuamente, não estar gostando de si mesma.

Felizmente, o contrário também é verdadeiro, com seios fartos e ventre mais volumoso, algumas mulheres sentem-se mais femininas e atraentes, aumentando o desejo sexual e a procura pelo parceiro.

Em casos de gravidez não desejada, algumas mulheres, por sentirem aversão ao seu estado, acabam por desenvolver repulsa pelo seu corpo e também rejeitam seus parceiros, punindo-os por as terem engravidado.

Além dos casos citados, a gravidez pode levar a gestante e seu parceiro a um estado regressivo, onde inconscientemente o homem reconstitui a imagem de sua própria figura materna, levando-o a dificuldades em expressar sua sexualidade sem culpa.

No caso da mulher, esta pode regredir para o estado onde se sentem mais filhas que mulheres ou mães, inibindo também a atividade sexual.

Outro fator que também pode influenciar a disposição sexual da grávida é a vivência de aborto (único ou repetido). A partir dessa vivência a futura mamãe pode vir a encarar a gravidez como de risco e evitar atividades que normalmente daria continuidade (como a atividade sexual), zelando mais pela vida do feto, por se sentir responsável pela(s) perda(s) anterior(es).

Nestes casos, tanto o homem quanto a mulher podem, equivocadamente, considerar a atividade sexual como potencialmente perigosa para o feto, podendo também evitá-la por esta razão. Porém a maioria dos obstetras não impõe restrições ao sexo até quatro ou cinco semanas antes do parto. Outros não impõe restrição durante toda a gravidez, salvo em casos específicos.

Caso ocorra sangramento na gravidez, o obstetra pode proibir temporariamente o coito, como medida terapêutica. Esta abstinência pode provocar tensões no casamento. Porém, em geral, as respostas dos homens casados, em relação à gravidez, são positivas.

O obstetra deve orientar a mulher com relação à permissão ou proibição do ato sexual durante a gestação. É importante que o casal se lembre que a penetração não é a única forma de obtenção da satisfação sexual. Neste período de tantas descobertas, o casal pode também descobrir outras formas de satisfação sexual. Em caso de dúvidas, questione seu médico. Isto a ajudará a prosseguir na gestação com maior tranquilidade.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


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