Diagnóstico e tratamento de pólipos endometriais

A presença de pólipos pode levar à infertilidade
A presença de pólipos pode levar à infertilidade

Cotidiano e Bem-estar

12/05/2013

O pólipo endometrial é uma condição ginecológica que surge, na maioria dos casos, em mulheres multíparas, na perimenopausa (ao redor dos 40 e 50 anos), aumentando sua a prevalência progressivamente com a idade . São de incidência rara antes da menarca e relativamente frequentes após a menopausa.

Consiste na hiperplasia focal da camada basal do endométrio originando, desta forma, um tumor localizado e recoberto por epitélio glandular (B). Do ponto de vista histológico, caracteriza-se por glândulas de aspecto variado, presença de estroma fibroso e vasos com paredes mais espessas que o normal. Podem ser classificados como funcionais, atróficos ou hiperplásicos, conforme o trofismo do epitélio que os reveste, muito embora essa classificação praticamente não tenha relação com o quadro clínico da paciente e não implique em condutas ou prognósticos diferenciais.

A presença dos pólipos endometriais pode ser associada a sintomas clínicos como sangramento vaginal anormal e infertilidade. Ainda que a maioria dessas lesões sejam benignas, podem sinalizar o surgimento de condições pré-malignas e malignas6 . Deste modo, este achado sugere que investigações histológicas sejam realizadas a fim de excluir o risco de carcinomas endometriais.

No entanto, estas formações variam entre as mulheres e os pólipos endometriais podem ocorrer como lesões individuais ou múltiplas, de tamanhos distintos (entre milímetros e centímetros), sésseis ou pedunculadas.

Embora sejam identificados, em grande parte dos casos, durante a avaliação de sangramento anormal, os pólipos endometriais, se assintomáticas, só são descobertos durante a avaliação de infertilidade ou por exames de ultrassonografia transvaginal realizados por razões diversas. A causa do surgimento dos pólipos endometriais pode estar relacionada com algumas formas de hiperestrogenismo, tanto na pré-menopausa, quanto na pós-menopausa. Portanto, pacientes com sangramento disfuncional, mais sensível à estrogênios, podem desenvolver pólipos ao longo dos anos devido à sensibilidade do endométrio aos estrogênios e da duração da estimulação deste hormônio no endométrio.

Apesar de o ultrasson transvaginal tratar-se de um dos exames mais realizados no diagnóstico destas doenças por ser considerado um método simples e inócuo com boa acurácia na avaliação, atualmente, a histeroscopia (HSC) é o método considerado como padrão ouro para o diagnóstico da maioria das patologias benignas intra-uterinas. A principal vantagem relacionada a HSC quando comparada a outros métodos propedêuticos consiste na confirmação anatomopatológica das lesões identificadas visualmente, por meio de biópsia dirigida. Desta forma, o diagnóstico pode ser realizado mesmo que haja falha na identificação da doença.

A terapia com reposição de progesterona é indicada nos casos de distúrbios menstruais durante a perimenopausa e o tratamento cirúrgico deve ser reservado para aqueles casos que não respondem ao tratamento farmacológico, quando o exame histopatológica direciona para a necessidade de realizar-se a histerectomia como primeira escolha ou quando o tratamento com hormônio não é indicado (hipersensibilidade à progesterona, insuficiência hepática grave, história de doença tromboembólica, acidente vascular cerebral, entre outros).


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Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Danielle Cristina Zimmermann Franco

por Danielle Cristina Zimmermann Franco

Farmacêutica com residência em Farmácia Hospitalar pela UFJF, especialista em Farmacologia pela UFLA, mestre em Ciências Farmacêuticas pela UFJF e professora de Farmacologia nesta mesma instituição.

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