Zumbis da Tecnologia

Cotidiano e Bem-estar

18/06/2013

A música do Rappa que diz: “Faltou luz, mas era dia! O sol invadiu a sala, fez da TV um espelho refletindo o que a gente esquecia...” diz claramente o que vivenciamos à tempos com a estagnação e desumanização da raça humana, que evolui na velocidade da luz, tecnologicamente, mas que se perde a cada dia na inconsciência do capitalismo desenfreado e da dor de não saber mais quem é, e para onde está indo. Milhões caminhando imersos na solidão de seus celulares e tablets, esperando por atenção de algo ou alguém, perdidos em busca de dinheiro, para comprar um pouco de antidepressivo, que pode vir na forma de drogas lícitas, ilícitas ou de objetos caros de marcas badaladas que fazem com que a sensação de estar vivo permaneça por algum tempo antes da próxima tragédia.

Vemos desde a 1ª Revolução Industrial uma aceleração, que vem gerando a perda da qualidade de vida e que foi percebida pelos estudiosos desde aquela época. Exploração, falta de respeito e a doença dos acelerados, o estresse. A luta de classes teve início, e dois séculos nos separam daquele início, e hoje o que se vê são os mesmos problemas. O homem sempre sofreu com as diferenças de classes e os males que esse fato acarreta, vemos muitos mundos dentro de um só. Mundos de exploradores e explorados, dos detentores de patentes e dos que morrem por falta de dinheiro para comprar os remédios patenteados, governantes e desgovernados, ou seria desgoverno? Ou não? Massa de manobra, ou que se deixa manobrar?

Ás vezes é mais fácil ter quem diga para onde ir, pensar cansa, lutar cansa, melhor deixar tudo nas mãos da divindade, afinal, não temos controle! É o que os manipulados dizem... E ainda não foi citado os que se aproveitam da ingenuidade e ignorância dos analfabetos, de amor, de fé, de esperança, desde que a história começou a ser registrada isso é visto: - me dê algo, um bem! Posso orar, posso te curar ou pedir a divindade que te ajude. A humanidade se perde buscando fora o que está dentro. O caminho direto entre o humanoide controlado e manipulado e o humano livre que pensa e sente por si próprio.

A humanidade vivia numa sociedade de confinamento até um tempo atrás, onde prisões, fábricas, escolas, cadeias, hospícios e tudo mais que pudesse confinar, hoje na nova era do controle os pensamentos são confinados, manipulados por mídias baratas, redes sociais, filmes, novelas e historinhas mal contadas que guiam as vidas das populações e controla o tempo todo de todas as formas. Controlar e punir, esse é o lema! Caminha-se em marcha-ré em termos de sentir, pensar e ser, e na velocidade da luz em direção ao ter. Compre... Compre... Consuma... IPI zero...

Pessoas, animais e plantas são dizimados todos os dias e ninguém faz nada, vive-se uma indignação falsa e rasa que não ultrapassa alguns minutos de reflexão, até que venha o próximo hambúrguer, o próximo perfume francês, ou o “Camaro amarelo”.

Se você pudesse por alguns instantes sair de dentro de si, expandir sua consciência além de seu corpo, e mandá-la lá para cima, na estratosfera, e olhar para baixo e ver tudo clara e conscientemente o que você acredita que veria?

Um mundo lindo, com pessoas lindas e felizes jogando futebol e tomando cerveja, sorrindo em seus churrascos, passeando por parques, comprando em Paris, passeando na quinta avenida em Nova Iorque, consumindo num ciclo sem fim de busca por felicidade barata e rápida, sim... Veria também os animais sendo abatidos dentro dos campos de concentração onde o sangue corre e ninguém liga, as prisões abarrotadas gerando monstros que logo estarão de volta com novas técnicas de matar, as milícias na África roubando as cargas de alimentos e remédios dos miseráveis que se arrastam pois já não tem forças para caminhar, a corrupção mundial e os brindes com champanhe dos presidentes que não são líderes, são apenas manipuladores do descontrole. Mas também há flores, cachoeiras, o mar e o amor... Será? Há! Sim, mas até quando... Como dizia Madre Tereza de Calcutá, Deus está na ação, já o Diabo nas palavras, afinal palavras são cinzas ao vento...

Entidades de controle, países de controle, e empresas de controle estão o tempo todo a espreita, Internet, Facebook, superexposição e medo de não se enquadrar no esquema tornam homens, zumbis...

Zumbi da tecnologia, um novo rótulo surge baseado na rotina que se vê a todo momento, pessoas juntas, cada uma manipulando seu objeto tecnológico, mandando mensagens e recebendo, e quando não recebe, sofre de rejeição. Jogos eletrônicos, armas em 3D, quanta evolução!

E a tecnologia onde fica? E os técnicos, os tecnólogos, as invenções e a genética?

Inove, crie patentes e se mantenha no mercado, crie rápido, e a coisa certa para gerar dinheiro rapidamente e em grande quantidade! Esse é o lema do sucesso do homem moderno!

O mercado dita e você obedece, afinal o medo de não ter e maior que o medo de não ser, como dói não ter...

Socialmente só é possível se enquadrar se você não for deprimido, for magro, lindo e tiver coisas ditas chiques e ideias iguais de todos. Sorria para a câmera afinal você está sendo filmado.

A tecnologia é a ferramenta que pode salvar ou destruir, é criada para o benefício da humanidade, porém manipulada de forma materialista e capitalista não atinge seu objetivo.

Na medicina vemos avanços gigantescos, mas inacessíveis a quase toda a humanidade, mãos, braços, pernas biônicas que poderiam ajudar na qualidade de vida dos deficientes, vítimas de acidentes de minas deixadas pelas guerras, das vítimas da violência, das balas perdidas.

A revolução genética que em mãos erradas geram novos vírus, armas químicas e biológicas, e os remédios que as grandes corporações farmacêuticas criam e que nunca chegam para a população.

A humanidade sofre com a fome quando milhões de grãos são jogados fora todos os dias, e isso é só aponta do iceberg, os EUA consomem de forma tão exagerada que seria preciso mais planetas para abastecer o mundo se todos os outros países consumissem como eles.

Estão obesos e perdidos, em meio a tantos produtos que se tornam lixo em alguns meses, pois para manter o consumo e a economia é necessário ser como gafanhotos na plantação. E o Brasil esperando o futuro chegar apenas imita, e o estado de São Paulo já consome como os americanos, o país da imitação!
A educação formadora de pensadores e sonhadores é capaz de mudar esse mundo, a criatividade e a liberdade de ser quem se é, sem medo de rótulos, liberta a mente e torna tudo possível, a arte, através da música, escultura, pintura, dança e da leitura, podem criar uma geração de seres humanos que usarão a tecnologia para a libertação dos sofrimentos. O respeito à todos os seres vivos independente do reino biológico e químico a que pertença, da cor, raça, opção sexual, gênero, utopia? Pode ser, mas é uma maneira de viver e pensar que liberta.

As novas gerações viverão imersas em realidades que são hoje inimagináveis e com possibilidades infinitas. A física quântica vem trazendo ideias novas e fazendo experiências interessantes que podem em algum momento virem a ser aplicadas na realidade do dia a dia.

O homem viverá mais, com qualidade de vida, mas será uma vida repleta de consciência de si e dos outros? Será uma vida longa de respeito, solidariedade e amor?

Viverá vazio por mais tempo? Virá vazio ao mundo e vazio dele sairá?

São questões que não é possível responder, mas é responsabilidade de toda a humanidade gerar novas visões, e criar perspectivas melhores para as novas gerações.
Os tecnólogos de hoje podem influenciar nesse futuro criando com consciência humana, ambiental e social, sem fetiches por capitalizar e lucrar com tudo. É hora de abrir mão do imediatismo e buscar a visão do futuro.

Os homens são todos iguais, comem, fazem suas necessidades fisiológicas, procriam e morrem, tem dentro de si o sangue que escorre e a dor é igual independente do que tem, o que vale é o que se é!

Trabalhar com tecnologia, criar, e reverter tanta injustiça social. Usar tecnologia com esperança.

E no final ser uma caveira sorridente em seu túmulo. Porque não buscar deixar um legado digno de um sorriso?