28/04/2014
Bons estádios! Não era exclusivamente essa a herança prometidos a nós, brasileiros. Mobilidade urbana, aeroportos modernos e infraestrutura capaz de beneficiar todas as cidades-sede era o legado, tantas vezes aclamado ao povo brasileiro, após a confirmação do Brasil para sediar o Mundial/2014 e as Olimpíadas/2016.
Contudo, o ano de 2014 chegou e a infraestrutura prometida não se confirmou. Apenas bons estádios. A revolta do "NÃO É POR 20 CENTAVOS", que levou legitimamente diversos paulistas às ruas em junho de 2013, ensejou uma gama de protestos e reivindicações país afora e a promessa de retorno no mês do Mundial. Ante esse cenário falido (o legado não cumprido) e tenso pré-copa (manifestações lícito-necessárias e a repressão político-militar anunciadas), acredito que quem nos deixa um legado é a entidade máxima do futebol: a FIFA! Não no sentido ético-moral (lógico que não!!!), mas no sentido das exigências dirigidas ao governo brasileiro. Com o nome de "Football Stadiums Technical Recommendations and Requirements" (algo como “recomendações técnicas e requisitos para estádios de futebol”), o caderno de encargos da FIFA/2004 orientou a construção e reforma dos estádios alemães para a Copa de 2006, e serviu de guia para os anfitriões posteriores, a África do Sul/2010 e o Brasil/2014.
O legado da FIFA a que me refiro é no sentido da exigência, da demanda, do requerimento. Ou seja, é salutar ao Brasil que nos tornemos FIFA dentro do contexto político. Dessa forma, poderemos impor ao governo brasileiro, um caderno de encargos para a construção de escolas e hospitais de primeiro mundo. Foi possível com estádios, será possível em outras áreas. As manifestações/2013 necessitam ser entendidas como a primeira página redigida deste caderno de encargos. O da FIFA para a construção dos estádios possui 250 páginas. O nosso caderno precisa conter páginas infinitas, cujas linhas necessitam ser escritas de forma permanente. A excelência no exercício da cidadania só será atingida se aprendermos a exigir como a FIFA exige, e se impor como a FIFA se impôs. É dizer: “Governo, é assim que eu quero!”. Eis a nossa inspiração. Exigir é um atributo que precisamos cultivar no dia-a-dia, pois em termos de ‘pagar a conta’ somos imbatíveis, legítimos campeões mundiais. Pagamos muito, mas exigimos pouco. Ou nada! Quando equilibrarmos essas ações, o mundo admirará não só o ‘Brasil-Futebol’, mas também o ‘Brasil-Social’.
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Graduado em Direito pela FDCI (ES), Pós-Graduando em Sociologia e Filosofia pela UCAM (RJ), Controlador Geral e colunista do Portal Educação.
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