Um dos discursos que mais usamos no cotidiano é aquele que trata sobre a Beleza. Esse discurso é pronunciado em relação a objetos, pessoas e etc. Porém esse conceito tem o seu grau de contingência e por isso mesmo possui claramente uma historicidade. O conceito de Beleza, da forma que é utilizado nos dias de hoje, advém de raízes longínquas e é proferida por algumas ideias filosóficas que dão sustentação a toda essa prática discursiva. Ao longo da história a crença no Belo ideal, tal como pensado pela Filosofia, não perdeu poder e tem incidência na nossa época contemporânea.
O surgimento de uma Filosofia do Belo se deu na Grécia. Platão, através da metafísica, diz que vivemos em um mundo em ruínas e existe um mundo para além do sensível onde tudo é organizado, perfeito, belo. Temos com ele a fórmula: Verdade = Bem = Belo. Vemos aqui umas das figuras mais importantes do pensamento ocidental dando um status de poder ao conceito de beleza, a qual em si seria boa e verdadeira. Algo é mais ou menos belo de acordo com a proximidade que essa coisa tiver da Beleza em si, a Beleza do mundo das ideias. Platão diz que a Beleza absoluta é o brilho ou esplendor da verdade.
Platão ainda assinala que um juízo de beleza só é possível de ser enunciado quando o mesmo não possui um interesse na coisa que estamos considerando. Temos assim uma apreciação apenas pela beleza em si. Como a mesma é metafísica o interesse na matéria por ela mesma não importa, pois o carnal do corpo envelhece, e a luz do belo assim esvai-se. Essas ideias serão retomadas por Kant no século XVIII, o qual nos diz que a contemplação da beleza só se sustenta se for de forma desinteressada, como “prazer desinteressado”. Seguindo ainda uma Filosofia do Belo, temos no pensamento de Aristóteles a Beleza apenas enquanto algo grandioso. Algo que não satisfaça o ideal de grandeza, prescrito por Aristóteles para algo ser considerado Belo, recai sobre outra categoria, como a do gracioso. Temos assim então que a Beleza para Aristóteles reside em ordem, harmonia e grandeza.
Hegel, que é um idealista e bebeu de Platão, diz em seu famoso curso de Estética que a Beleza é uma das armas mais poderosas que o homem possui para superar o seu destino trágico. Trágico por que vivemos entre dois polos, esse mundo natural onde residem todas as nossas paixões sensíveis que nos tomam e são de ordem inferior e o mundo perfeito das ideias. O homem para Hegel é dilacerado por essas duas esferas, e cabe a Beleza, na arte, o papel de nos livrar dessa contradição.
É interessante ver o quanto o conceito do que é belo tem efeitos na vida dos sujeitos e influencia a forma como nos relacionamos com as pessoas e nos colocamos no mundo. Mesmo tendo surgido dentro do âmbito filosófico, o conceito de beleza enquanto ideal reflete de várias formas o que buscamos na vida através de um objeto de amor, objeto artístico e tantos outros objetos que passamos a vida procurando.
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por Allan Rooger Moreira Silva
Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal de Pernambuco.
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