12/03/2016
Ultimamente é o assunto mais comentado pelo mundo: a crise imigratória. Na Europa milhares de refugiados buscam no velho mundo uma nova oportunidade de vida. No Brasil, a situação é semelhante: em 2010 o Haiti foi devastado por um terremoto, e seus habitantes viram nos países vizinhos a oportunidade de recomeçar e viver, talvez, um "novo sonho americano", e o Brasil foi um desses países escolhidos por eles.
Minha família é descendente de imigrantes. Sou da terceira geração de minha família que nasceu em solo brasileiro. Por volta de 1890, milhares de italianos, fugindo da miséria que assolava o país, viram na América a oportunidade de recomeçar suas vidas. Colocaram seus poucos pertences em bolsas e atravessaram o oceano atlântico de navio, uma viagem em volta de 30 dias, entonando “Merica, Merica, Merica, cossa saràlo 'sta Merica? Merica, Merica, Merica, un bel mazzolino di fior.” (América, América, América, Que coisa será esta América? América, América, América, É um lindo ramalhete de flores.).
Meus bisnonos enfrentaram doenças, condições precárias nos navios, chegaram ao Brasil e simplesmente tiveram que recomeçar do zero, enfrentando a fome, o frio, animais selvagens e as doenças do país. Muitos não aguentaram a saudade e voltaram, outros seguiram em frente e fizeram descendência aqui. Com o suor do seu trabalho, auxiliaram a construir esta nação, e incorporaram palavras à nossa língua, costumes, gastronomia, danças. Quando criança costumava escutar as histórias dos nossos antepassados, nossas origens, nossos costumes, as dificuldades que passaram na vida.
Com os haitianos não é diferente. Estão vindo apenas com o que podem carregar, fazendo viagens longas e perigosas, sofrendo com trapaças de atravessadores, deixando família em seu país natal e se aventurando em um país com uma cultura bem diferente, uma língua diferente, pessoas diferentes. Eles chegam no Brasil com uma sede de vencer na vida, e estão iniciando o processo de transformação de nossa cultura. Futuramente, palavras de sua língua natal, costumes, gastronomia, vestuários serão comuns em nosso meio.
Sofrem racismo, xenofobia, muitos são mortos apenas por serem estrangeiros. Moram em alojamentos apertados, sofrem com a fome e com a falta de recursos. Vieram com o sonho de poder trabalhar e ajudar a família que deixaram no país, mas nem todos têm essa sorte. Estes apenas querem um futuro melhor aos seus.
Por ter o tema de imigração no cotidiano de minha vida, me sensibilizo com estas pessoas, e digo que seus netos ou bisnetos irão contar histórias semelhantes a que conto aqui. Por isso, com a hospitalidade típica brasileira, acredito que os haitianos terão uma história de sucesso e de superação de vida, e que sejam muito bem vindos para contribuir com esta linda e miscigenada nação chamada Brasil.
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
Enfermeira, graduada pela UNISUL, 2011. Especialista em Enfermagem do Trabalho, UCDB/MS em parceria com o Portal Educação, 2014 MBA de Gestão em Centro de Material e Esterilização, INESP/SP, em andamento. Mestranda em Sociedade, Culturas e Fronteiras pela UNIOESTE/PR, em andamento
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