Garçom: profissional que mescla razão com emoção

Profissional que mescla razão com emoção
Profissional que mescla razão com emoção

Culinária

02/03/2016

Foi por conta de uma brincadeira, há 20 anos, que Eduardo Tenório Costa resolveu se tornar garçom. No fim do Ensino Médio, quando todos precisam escolher que rumo tomar, o santista já estava decidido: seria militar. Mas parece que a vida não queria que esse fosse o seu caminho.

“Eu já tinha passado na Escola de Sargentos das Armas, em Minas Gerais, quando meu cunhado veio me provocar, falando que minha vida estava muito fácil e que eu precisava fazer algo diferente”, lembra. Ele sugeriu, então, que Tenório o acompanhasse nos bares do Marinas Nacionais para ganhar um dinheirinho extra. “A minha primeira reação foi dizer não, até porque nunca tinha servido ninguém, sempre havia sido servido. Mas topei.”

Ele se apaixonou pelo serviço imediatamente. A interação com as pessoas e o movimentado salão fizeram a cabeça do adolescente. O tal job durou apenas uma semana, quando Tenório aprendeu a fazer caipirinhas. “Mas eu fiquei admirado com o trabalho dos garçons, que serviam bobó de camarão e camarão na moranga, entre outros tantos pratos”, diz. Quando recebeu a proposta para continuar, não titubeou: “Pedi para ficar no salão, pois queria aprender a servir camarão na moranga”.

Após seis meses trabalhando como cumim, uma espécie de auxiliar do garçom, foi a vez de aprender a montar o prato do cliente na própria mesa. Um desafio! Um ano mais tarde, ele já era o chefe do restaurante, onde permaneceu por cinco anos.

Hoje, com 41 anos, Tenório é o segundo maître do Casa Grande Hotel Resort & SPA, que fica no Guarujá, em São Paulo. Mas foi necessário fazer muitos cursos para chegar ao cargo. “Eu aprendi quase tudo na prática, nos cinco anos em que fiquei nesse meu primeiro emprego. Mas depois vieram os cursos, pois para ser um bom garçom você precisa se aprimorar”, conta. No novo emprego, ele fez inglês e curso de vinho. “E aprendi muito sobre o comportamento humano. A minha dedicação se reverteu em quatro promoções”, conta.

Foi a proximidade com os clientes que fez com que ele ficasse famoso no hotel. “Gosto de servir, de oferecer um bom serviço e experiências que superem as expectativas”, diz entusiasmado. Para ele, a surpresa é o melhor presente que alguém pode ter.

“Uma vez, enquanto trabalhava, escutei que era aniversário de um cliente. A família estava combinando de comemorar a data no restaurante do hotel. Aproveitei a informação e avisei a equipe. Recebemos todos normalmente e deixamos que comessem como se não soubéssemos de nada. Quando eles estavam acabando o almoço, levamos a banda de chorinho do hotel para tocar na mesa do aniversariante, juntamente com um bolo simbólico. Foi uma feliz surpresa para todos, e a família ainda se tornou cliente fiel do Casa Grande”, lembra com saudosismo.

Mas nem todos os clientes são tão fáceis de lidar. “Esse é um desafio na profissão, até porque existem clientes difíceis.” Sua estratégia para lidar com isso? Usar a calma que lhe é peculiar. “A paciência ajuda muito. Mas também sei que as pessoas são diferentes. Algumas são legais, outras são difíceis, outras querem atenção, umas estão sobrecarregadas com problemas pessoais e não sabem como lidar com isso. Não adianta debater com o cliente. A melhor saída é identificar o foco do problema para poder ajudar”, explica.

Outra dica importante do querido maître: entenda que, às vezes, as pessoas falam absurdos que não são para você, mas sim para o personagem que está ali atendendo todas as mesas.

E não é só a bandeja que o garçom tem de equilibrar muito bem no dia a dia.
A rotina da profissão é puxada e, em geral, não existem fins de semana nem feriados, o que pode interferir no convívio com a família. É preciso ter muito diálogo para conseguir driblar as dificuldades.

“Para mim, a família é a base de tudo. Eu converso muito com minha esposa e ela sabe da minha paixão pelo que eu faço. Mas sabe, também, que todo tempo que eu tenho livre é para ela e meus cinco filhos”, diz. Dois deles, aliás, pensam em seguir o mesmo caminho do pai, contagiados por sua paixão pelo trabalho. “Eu incentivo os dois, mas sempre os lembro de que têm de estudar para estarem preparados.”

O mercado está aquecido por conta dos grandes eventos esportivos que o país receberá. “Tem vagas abertas em diversos lugares. Este é um ótimo momento para a profissão. Mas é preciso estar preparado, capacitado. Tem curso de regras de etiqueta, comportamento humano, línguas e outros diversos. Quem está começando precisa dedicar um tempo a isso”, recomenda o santista.

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Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


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