Atualizando a profissão

Hoje, 83% das profissionais dessa área, conseguem clientes no Facebook
Hoje, 83% das profissionais dessa área, conseguem clientes no Facebook

Direito

19/04/2013

A senhora vetou Bruna Surfistinha. Viu, mas à sua filha, jamais lhe permitiria ver. Saidinha, internet, moda, gastos além da conta; daí para Bruna, um pulo. Arrancou juramento da garota. A promessa deve ter acabado em perjúrio. A moral ocidental afeta maus olhos para a prostituição. Ora, hipocrisia. A ocupação permanece e se sofistica. Em 2008, em 25% dos casos, as meninas conseguiam clientes por meio do Facebook. Hoje, 83% das profissionais angariam clientes por essa rede social.

A meu ver, adultos podem prestar, se livres e conscientes, qualquer serviço, e cobrar por ele. Homens ou mulheres. Serviço sexual inclusive. Com suas peculiaridades, moralismos à parte, não vale mais ou menos que outro ofício qualquer. Aliás, é relevante saber que pelos tempos houve alguns baixos, mas muitos altos na posição social das profissionais do sexo. Em Prostituição: um pouco de história (pt.shvoong.com), que edito, há um bom resumo do percurso da anosa atividade:

“Na antiguidade, a prostituição era praticada por meninas, quando atingiam a puberdade. No Egito, Mesopotâmia e Grécia, as prostitutas, consideradas sacerdotisas, recebiam honras de divindades. Em Roma, eram admiradas, porém tinham que pagar impostos. Na Grécia, existia um grupo de cortesãs, chamadas de hetairas, que frequentavam as reuniões dos grandes intelectuais. Eram muito ricas, belas, cultas e de extrema refinação; exerciam forte influência política e eram extremamente respeitadas.

Durante a Idade Média, houve a tentativa de eliminar a prostituição, impulsionada pela moral cristã e por um grande surto de sífilis. Em contrapartida, os casamentos arranjados por interesse reforçam a sua prática. Em diversas Cortes, o poder das prostitutas era muito grande, tanto que a prostituição passou a ser regulamentada. Quando houve a Reforma Religiosa, o puritanismo começou a influir significativamente nos costumes. Somaram-se a sífilis, a igreja católica e a protestante, conseguindo relegar o mister a uma posição de clandestinidade.

Com o advento da Revolução Industrial, cresceu a prostituição. Muitas mulheres, em condições degradantes de trabalho, prostituíam-se em troca de favores dos patrões e capatazes. Somente em 1899 aconteceram iniciativas para acabar com a escravidão e a exploração sexual de mulheres e meninas. Vinte e dois anos mais tarde, a Liga das Nações mobilizou-se, e a ONU, em 1949. Desde o início do século XX, os países ocidentais vêm descaracterizando a prostituição como atividade criminosa, conforme tipificada no século anterior, quando era explorada pelo crime organizado.

Com a disseminação de medidas profiláticas e de higiene e o uso de antibióticos, o controle da propagação de doenças sexualmente transmissíveis parecia próximo. “Em meados dos anos 1980, porém, a AIDS tornou a prostituição uma prática fatal para prostitutas e clientes.” O Governo teve de assumir o assunto. Propagou-se o uso da camisinha.

Mais de duas décadas depois, contido o alastramento dessa doença, a profissão se renova: o filme Bruna Surfistinha dá uma ideia de a quanto se anda. Ela atualizou o modo de transação do corpo, tirou-o da rua e o pôs na segurança e privacidade dos computadores, com todas as vantagens que a tecnologia oferece. Se ainda a alguém falta acesso a sexo, é bom que saiba: disparado, a maior transação na e pela internet é, justamente, sobre o assunto.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Léo Rosa de Andrade

por Léo Rosa de Andrade

Doutor em Direito pela UFSC. Psicólogo e Jornalista. Professor da Unisul (Tubarão-SC). Você também encontra esse artigo no link: www.fatonotorio.com.br

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