O problema não é a profissão

Direito

20/09/2013

Quando eu era criança brincava em ser advogada, queria e estudei ardentemente para isso. Mas, a vida é complicada... Hoje, depois de tantos anos, penso que, o tempo é que adéqua o cenário. Antes, sentíamos vergonha por não sabermos das coisas ou, eu é que me sentia assim. Acreditava que o saber resolvia todos os problemas, só que não é deste jeito. Depois de formada, olho para as dificuldades que enfrentei e entendo que a sorte, a emergência e a condição financeira a que eu estava envolvida na época não me deram oportunidade que tanto apreciava, e tive de pegar o primeiro transporte para entrar na faculdade.


O meu primeiro vestibular, sem nunca ter perdido um ano sequer, foi realizado aos dezoito anos de idade, sem experiência alguma e com muitos sonhos na cabeça. Lembro-me que ficava chocada com a diversidade dos modos e costumes dentro da universidade, mais a minha simplicidade superou, envolvendo-me em mundos diferentes do meu, enriquecendo-me com fantasias e otimismo. Não foi fácil! Minhas horas contraditórias de comer, dormir e viver. Troquei tudo de bom por sacrifícios e me encontro como professora, num momento tão agitado, competitivo e transformador. A velocidade com que as coisas acontecem, cansam muito rápido agente. Além do desemprego, da violência e das drogas, a luta é com nós mesmos para perseguirmos a sobrevivência.


Ter conhecimento, saber, ter acesso, não resolve as coisas, os casos ou os indissolúveis como eu anteriormente havia concluído. Tem outros fatores importantíssimos, a concordância com os fatos, a equipe e o foco. Se um determinado problema é simples de ser resolvido, ora, tá na cara a solução, dependendo apenas de estar do lado da justiça. Não cabe a sua posição quanto a isto, pois tornou-se complicado, então, você vive no meio de outras pessoas que também vivenciam este caso. A posição de cada uma delas é levado em consideração e como é a maioria quem vence (diz o ditado), muitas vezes a justiça é injusta. A equipe sendo privilegiada, acredito que ninguém ou alguém queira ficar em evidência quanto aos fatos, já que vivemos numa democracia e todos devem dividir o foco.


O problema não é a profissão. As necessidades de cada elemento soma-se à conclusão dos fatos que muitas vezes contrariam a verdadeira justiça, que em sua postura política e conservadora, não acompanha a evolução humana, permanecendo absorta no tempo e no espaço. Cega, surda e muda é deficiente à procura de atendimento especial na porta do SUS.