AS UNIVERSIDADES PÚBLICAS EM CRISE

As universidades públicas em crise.
As universidades públicas em crise.

Direito

28/02/2016

 

As Universidades Públicas em crise

 

 

 

Boaventura de Sousa Santos, em A universidade no século XXI: para uma reforma democrática e emancipatória da universidade”, retrata o panorama em que se encontram as   Universidades Públicas brasileiras. Destaca que nos últimos 20 anos as universidades passam por crise que perpassa três níveis: o da hegemonia, da legitimidade e institucional.

  Para o autor, a crise acontece devido a uma nova concepção da Educação, disseminada pela implementação de novas políticas de gestão que visam a Educação como uma modalidade de prestação de serviços, e não mais como um bem público, um direito social.

Segundo o autor, a crise foi provocada propositalmente para abrir mercado para a prestação de serviços educacionais, em especial cursos superiores em universidades privadas. E essa abertura de mercado, colocou em cheque a legitimidade e hegemonia das instituições públicas, levando-as a uma crise gigantesca. As universidades deixaram de ser Instituição social e ganharam status de organização social, com fins lucrativos.

Assim, ver as universidades como organizações sociais, sob a ideologia do conhecimento como produto, da educação como um serviço já foge do proposito. Sem contar que a falta de investimentos em educação altera toda a sociedade e afeta drasticamente as populações economicamente menos favorecidas.

Desta forma, toda a sociedade sofre as consequências desse modelo capitalista de gerir a Educação. É público e notório o aumento excessivo de universidades privadas de baixa qualidade, apelidadas pela comunidade como “Uni esquinas” e/ou “Uni lixos”. Isso mostra que o descontentamento com o modelo educacional não é apenas dos intelectuais da área, mas também está sendo sentido pela população.

  Embora a sociedade ainda reconheça as Universidades Federais públicas como referência de qualidade e excelência, essa percepção ideológica já apresenta desgaste. Isso devido à falta de investimento do governo em infraestrutura e apoio financeiro a pesquisas e remuneração dos docentes. Fato que gera diversas greves e alterações no calendário acadêmico, e consequentemente na qualidade das aulas. Nesse ponto percebe-se a crise institucional de que o autor cita.

 Para Marilena Chauí a concepção da educação como serviço transformou as universidades em organizações sociais moldadas para a competição. Relata que a modelo gestacional baseada no lucro colocada a universidade pública para trabalhar por eficiência e produtividade em detrimento da formação de fato de pessoas preparadas para atuar na sociedade.

A autora denuncia a pressão e volume de trabalho em que os docentes são submetidos e a falta de tempo para formação continuada, como Mestrados e Doutorados. Informa que há uma competição entre universidades por notas nos exames externos. E que nessa lógica de mercado perde-se a função social da Instituição e passa-se a ter uma Universidade que visa cumprir, de forma operacional, todas as metas que são dadas.

 

Nesse sentido, o texto mostra que é a quantidade de simpósios, colóquios, congressos e publicações que demonstra a eficiência ou ineficiência da Universidade. E nesse mesmo foco à docência é vista como algo que deve ser transmitida de forma rápida, uma versão fast food do conhecimento.

Assim como Boaventura, Marilena Chauí discursa em prol da mudança de paradigma em que as universidades estão imersas. Defendendo que a lógica capitalista que visa eficiência, produtividade e lucros aplicados ao Sistema Educacional está empobrecendo a função social das universidades, e consequentemente prejudicando toda a sociedade.

Portanto, o que resta a fazer é trabalhar incansavelmente pela construção de uma instituição autônoma, democrática e compromissada com a visão da Educação como um direito, e não como um produto que gera lucros. A educação é um direito social, conquistado. E deve continuar a ser.

 

 Referências Bibliográficas

- SANTOS, Boaventura de Sousa. A universidade no século XXI: para uma reforma democrática e emancipatória da universidade. In: Questões da nossa época. Cortez, 2010.

CHAUÍ, Marilena. A universidade pública sob nova perspectiva. Revista brasileira de educação, v. 24, p. 5-15, 2003.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Eliete Cássia da Silva

por Eliete Cássia da Silva

Graduada em LETRAS: Português/Inglês pela Universidade Estadual de Goiás (2007). Especialista em Planejamento Educacional e Docência do Ensino Superior pela ESAB (2012) . Professora de Língua Portuguesa e Inglesa no Ensino Fundamental e Médio. Professora conteudista de cursos on line na Unacademy.

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