A violência do estupro e a (outra) violência contra o movimento feminista

Direito

27/05/2016

Certo livro chinês, nos escritos de Montesquieu (1748), considera um prodígio de virtude um homem encontrar-se sozinho com uma mulher num cômodo afastado sem causar-lhe qualquer tipo de violência. Qualquer... Mas há os desvirtuados. Assustadoramente aos montes.


E como exigir virtude e repelir agressões quando o corpo e a mente encontram-se entorpecidos? Inanimados, por que não? Pobre corpo, invadido e dilacerado pela violência. Violência multiplicada por 30. Que será daquele corpo ao retornar do estado de torpeza? Certamente não o mesmo. Trinta covardias. Ultrajante! Quantas e quantos levantar-se-ão e juntar-se-ão à luta feminista, para juntos propalarem a não violência, a não covardia, a não invasão? Vital, extremamente vital.


É de meu entendimento ser o feminismo cada vez mais necessário. Cada vez mais – superlativamente mais e mais – pois ainda há muito que ser conquistado. Através do histórico (e legítimo) movimento feminista, avanços advieram. E muitos ainda advirão. Arduamente, é verdade. Mas é preciso resistir, lutar, pois ninguém merece ser violentada. Ninguém!


A violência é multifacetada e encontra-se arraigada na (desg)raça humana. É uma luta interna identificar nossas opressões (que nos é introjetada sutilmente, mas externalizada ferozmente - pergunte às vítimas) para que possamos bloqueá-las.


Não se identificar com o movimento é um direito. Desmerecê-lo, porém, além de ser mais uma face da violência, torna o estupro permanente. E dessas multifacetadas violências escolhi não fazer parte...
Avante, nobilíssimo movimento!