Inicialmente deve-se coletar dos dados sociodemográficos da gestante, como: nome completo, nome do companheiro se houver, nome ou provável nome do bebê, data de nascimento da gestante, idade gestacional em semanas, endereço, profissão, telefone e outros que o terapeuta julgar necessário.
Após isto, deve-se interrogar a gestante sobre os antecedentes pessoais e familiares. Os antecedentes pessoais incluem todas as queixas, doenças e disfunções que a gestante apresentou em algum momento antes da gestação. É comum em mulheres com queixa atual de lombalgia gestacional terem apresentado dor lombar em algum momento antes da gestação.
Em relação aos antecedentes patológicos da família, o terapeuta deverá questioná-la a respeito de doenças hereditárias e com componentes e características de hábitos de vida. Deverá ser perguntado se existe histórico de hipertensão, diabetes e outros na família. (CAMANO e cols., 2005).
Após isto é realizada uma pesquisa sobre sintomas atuais. Nestas queixas, são comuns aquelas inerentes à ação hormonal durante a gestação. É sabido que as náuseas e vômitos ocorrem com frequência durante o primeiro trimestre principalmente pela manhã. Podem ser devido a fatores hormonais ou psicológicos. Quando este sintoma é persistente e recorrente é chamado de hiperêmese gravídica e deve ser realizado o fracionamento da dieta, tratamento médico e suspensão de atividade física.
A constipação intestinal ocorre devido à redução da motilidade do trato gastrointestinal, pela ação da progesterona principalmente e pela compressão exercida pelo útero sobre a porção terminal do intestino. O terapeuta poderá neste caso orientá-la a aumentar a ingestão de líquidos e alimentos com fibras. Além disto, a atividade física também alivia este sintoma.
Outro sintoma do trato gastrointestinal comum na gestação é a sialorréia, que consiste em salivação excessiva. Não há maiores complicações decorrente deste sintoma, geralmente acompanha as náuseas. A pirose é outro sintoma comum sendo devido ao refluxo gastroesofágico de gases pela compressão do estômago pelo útero podendo causar incômodo para a gestante. (CAMANO, e cols., 2005).
A gestante também pode relatar sintomas urogenitais como polaciúria (urinar várias vezes ao dia com pouco volume), aumento da frequência miccional (urinar mais de oito vezes em 24 horas), noctúria (levantar para urinar mais de duas vezes durante a noite), incontinência urinária (perda involuntária de urina). Sendo que estes sintomas podem ocorrer na gestação decorrente da compressão da bexiga pelo volume uterino. Estes sintomas podem ser aliviados por meio da inserção pelo terapeuta de exercícios perineais no programa de atividade física dirigido para gestante. (POLDEN e MANTLE, 2000).
A infecção urinária é um sintoma que merece o encaminhamento ao médico, pois a gestante está mais predisposta à infecção do trato urinário (ITU) do que a mulher não gestante, pelo acesso de bactérias mais fácil neste período.
Os sintomas da ITU são ardência ou dor para urinar, cheiro fétido e cor escura (amarelo forte) da urina e pode causar trabalho de parto prematuro. Pelo risco ao bem-estar fetal, ao menor sinal deve ser encaminhado ao médico. (BARACAT e LIMA, 2005).
Para evitar a infecção o terapeuta deve orientar a gestante a não postergar a vontade de urinar por mais de 3 horas, a ingerir bastante líquido e realizar a higiene necessária da região, principalmente após a evacuação e nunca no sentido ânus-vagina.
Em relação aos sintomas de ordem circulatória é imprescindível que o profissional que irá acompanhar um programa de atividade física possa aferir a pressão arterial antes e após o treino ou sessão de exercícios.
A gestante normalmente é hipotensa, isto ocorre devido o aumento do débito cardíaco materno e redução da resistência vascular periférica. Se a gestante apresentar elevação da pressão arterial é necessário a suspensão da atividade e o encaminhamento ao obstetra.
A hipotensão pode levar a gestante sentir tontura ou até mesmo desmaiar. Por isto, é necessário tomar alguns cuidados para evitar que isso aconteça. Evitar que a gestante realize exercícios ou permaneça por mais de 5 minutos em decúbito lateral direito é importante. (STEPHENSON e O’CONNOR, 2004).
Essa posição faz com que o útero grávido comprima a veia cava, por aonde vem o retorno do sangue venoso do corpo, membros inferiores principalmente, para o coração.
É importante também que sempre que a gestante permanecer por alguns minutos em decúbito dorsal, mesmo na avaliação, não realize movimento brusco de transferência para a posição ortostática. Sempre que possível ensinar a gestante a transferir seu peso para o lado, e levantar vagarosamente. (CARVALHO, 2005).
Outra queixa comum na gestação é o aparecimento ou agravamento das varizes. As varizes consistem em dilatações das veias com perda da função das válvulas venosas.
As veias apresentam em seu interior pequenas válvulas que tem a função de permitir um fluxo unidirecional. Com o relaxamento muscular liso endotelial por ação da progesterona na gestação ocorre a perda da eficácia destas válvulas.
As varizes podem se localizar principalmente em membros inferiores e vulva. Geralmente vêm acompanhadas de dor e edema (inchaço). (Fig. 16). (STEPHENSON e O’CONNOR, 2004).
A atividade física é um excelente recurso para o alívio das varizes, principalmente exercícios que envolvem a contração da musculatura de panturrilha como os músculos gastrocnêmios e sóleos.
A contração da musculatura estriada destes músculos funciona como verdadeira bomba impulsionando o fluxo sanguíneo em direção ascendente e proporcionando aumento do retorno venoso. (KISNER e COLBY, 2005).
Por isto, se na avaliação física a gestante relatar queixas de varizes em membros inferiores o terapeuta que tem o conhecimento da fisiopatologia deverá incluir em seu programa exercícios para intensificar o retorno venoso.
As hemorróidas são varizes ao redor do ânus ocorrendo por compressão das veias hemorroidárias. Estão associadas geralmente à constipação intestinal (prisão de ventre). Neste caso exercícios perineais, uma dieta rica em fibras associada à ingestão de líquidos em abundância podem ser extremamente benéficos. (STEPHENSON e O’CONNOR, 2004).
O terapeuta deve durante a avaliação se atentar para a pele da gestante e seus anexos. É comum a presença de estrias localizadas em regiões onde há aumento do volume como: barriga, glúteo e coxas. Isto ocorre pela ruptura das fibras elásticas da pele. Outro aspecto a ser avaliado na pele da gestante é a linha nigra localizada na linha média do abdômen, devido à hiperpigmentação local. Esta linha tende a desaparecer no período pós-parto.
As câimbras são queixas de grande prevalência na gestação, sendo de causa desconhecida ocorrendo nos membros inferiores em aproximadamente 30% das gestantes saudáveis. Sua ocorrência é aumentada no período noturno e podem estar associadas às varizes de membros inferiores. (BARACAT e LIMA, 2005).
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por Colunista Portal - Educação
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