Treinamento da Técnica Desportiva

Educação Física e Esporte

01/01/2008

Para Djackov ( 1973,6), a técnica desportiva é definida como o domínio completo das estruturas motoras econômicas de exercícios esportivos , considerando o resultado máximo a ser atingido nas mais difíceis condições da competição.

    Uma técnica defeituosa impedirá que o atleta coloque suas potencialidades físicas (força, flexibilidade, resistência , etc.) crescentes a serviço de uma "performance"específica superior ( Smitz, 1975, 446).

    A técnica não tem a mesma importância em todos os esportes . Portanto, o aperfeiçoamento técnico deve receber em cada modalidade uma aplicação diferente.

    O caminho para a perfeição técnica no esporte é definido em primeiro lugar pelo nível inicial da técnica e pelas experiências motoras adquiridas.Os desportistas com melhor treinamento em coordenação aprendem mais depressa a execução tecnicamente correta do que outros que possuem um repertório de movimentos menor e uma base coordenativa restrita. Portanto , é muito importante o trabalho precoce no sentido de ampliar o repertório de movimentos e aperfeiçoar as técnicas básicas de execução dos mesmos.

ETAPAS DE INSTRUÇÂO TÉCNICA:
*Desenvolvimento polivalente-amplificação das capacidades coordenativas ,do repertório motor, da experiência motora vivida e aquisição de habilidades técnicas básicas.

preparação geral - insistir no apuramento crescente das técnicas esportivas em relação com uma preparação física geral.
preparação especial - elaboração de uma técnica adaptada às possibilidades individuais , ótima, impermeável às perturbações , automatizada com base em uma preparação física centralizada na modalidade.

    Para explicar o processo da aprendizagem , há que se entender as bases psicológicas e neurofisiológicas da aprendizagem de movimentos. Só assim , poderemos entender como nosso aluno ou atleta passa do estado de não saber ao estado de realização de certo movimento. Para que um ato motor seja aprendido por um indivíduo, ocorre a divisão desse processo em três fases:

Fase pré- motora-preparação do ato por estabelecimento de um programa motor (visualização do ato) .
Fase motora- realização de programas motores . Aqui o aluno vivência e experimenta o que antes só havia em sua mente.
Fase pós-motora: apreciação do movimento ; o aluno julga se o que fez pareceu ou não com aquilo que lhe foi ensinado. Caso encontre falhas no seu movimento, poderá então estabelecer um novo processo motor.

    O professor poderá corrigir o gesto motor do aluno durante ou após a execução do movimento .
    A memória é indispensável a todos os processos de aprendizagem e de adaptação , pois o aluno só mudará o seu comportamento se comparar a nova informação recebida com os modelos antigos que já trazia consigo ,e , assim , formar um novo projeto em sua mente.

    Há que se repetir o gesto motor desejado constantemente , pois a aprendizagem motora ou a técnica nada mais é do que o condicionamento das ligações sinápticas que induzem os sistemas neuronais a uma nova textura , específica para aquele movimento.

    O elogio e a censura, o estresse de aprendizagem e a atenção aparecem como reforçadores tanto positivos como negativos da aprendizagem motora, portanto técnica; daí a sua importância . Esses elementos influenciam , pela estimulação ou inibição , o desenvolvimento dos processos de síntese feito pelo sistema nervoso do aluno. Portanto, o elogio e a censura devem ser fatores de grande preocupação por parte dos treinadores uma vez que usando-os , de uma ou outra forma , ocorrerão modificações nas fórmulas bioquímicas do organismo do aluno, fazendo com que ele assuma determinado tipo de comportamento.

    O treinador deve , logo no início do trabalho com aquele aluno , instruí-lo a executar a técnica do movimento mais eficaz e econômica na realização daquela tarefa, para , mais tarde , permitir os ajustes pessoais de estilo de cada atleta. Nesse ponto, o treinador passa a corrigir o atleta baseando-se na sua técnica individual .

    Para que sejam possíveis correções motoras precisas , deve-se utilizar mecanismos de controle como filmes , fotos e vídeos.

    Uma participação muito precoce em competições , quando a técnica ainda não está suficientemente estabilizada , pode influenciar negativamente a evolução técnica, pois o aluno irá repetir estruturas motoras falsas ( pelo stress da competição) .
    O processo de aprendizagem técnica deve prosseguir sem muitas pausas prolongadas entre as unidades de treinamento, senão a eficácia do treino poderá diminuir.

    O treinamento técnico deve ser feito em estado repousado;a quantidade das repetições de exercício deve adaptar-se às bases condicionais e à capacidade de concentração ; um sistema nervoso central cansado não permite uma concentração ótima.

    Para se formar um atleta muito hábil tecnicamente é preciso que antes se invista nos fatores físicos de sua performance.

Vejamos agora os motivos que podem levar o atleta a estagnar ou mesmo retroceder em sua evolução técnica:

Sobrecarga informativa- pelo excesso de informação verbal , pode ocorrer uma "regressão sensório-motora" . A prevenção seria a redução da informação verbal e pausas suficientes para a elaboração.

Sobrecarga por fadiga
- muita instrução técnica combinada com um esforço físico intenso pode produzir a "regressão motora por fadiga". A prevenção seria controlar os níveis de intensidade do treinamento físico e técnico.

Carências de informação - o aluno produz um projeto motor falso; ele não compreende o que seria o correto e assim não pode compreender as correções e demais instruções. A prevenção seria fazer um controle da compreensão dos alunos a cada novo ponto ensinado e fazer perguntas que estimulem o aparecimento de dúvidas.

Carências de motivação - atenção insuficiente, falta de vontade interior. A prevenção seria uma instrução pedagógica suficiente , compreensiva e estimulante.

Carências de condição - se o aluno não está maduro o suficiente para aquele tipo de treino ou se fisicamente não se encontra bem , a aprendizagem da técnica será prejudicada. A prevenção seria a melhora das condições físicas e a aplicação de instruções compatíveis com o estágio de desenvolvimento do aluno.


ETAPAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO TREINAMENTO TÈCNICO:
Idade pré-escolar - aqui é mais importante aprender uma grande quantidade de habilidades motoras do que adquirir as técnicas especiais.

Primeira idade escolar - deve-se aumentar o repertório motor e a experiência motora. Se deseja-se treinar a criança para um esporte altamente técnico( ginástica , patinação) e se os dados corporais são favoráveis , já se inicia o treinamento técnico visando uma periodização a longo prazo.Nesse caso , o treinamento é adaptado , de acordo com as necessidades físicas e psicológicas da criança, mas já introduzindo uma formação geral para o esporte.

Segunda idade escolar: é a melhor idade para a aprendizagem motora. Porém ainda convém uma formação técnica geral básica.

Puberdade - devido ao crescimento corporal muito rápido das extremidades e do tronco nessa fase, o treinamento de técnicas esportivas que exige uma coordenação difícil é prejudicado. Por isso , é preferível consolidar as habilidades apreendidas do que trabalhar para adquirir novas, pois elas podem sobrecarregar o indivíduo jovem.

Adolescência - aqui poderão ser desenvolvidas técnicas com altas e altíssimas dificuldades coordenativas, que serão rapidamente aprendidas em virtude da bem-formada qualidade de observação e das boas premissas coordenativas .

BIBLIOGRAFIA:
1)WEINECK,Jurgen. Manual de treinamento desportivo. São Paulo: Manole,1989.
2)BOMPA,Tudor. Periodização: Teoria e metodologia do treinamento . 4ª edição. São Paulo; Phorte, 2002.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


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