Considerações esqueléticas associadas ao movimento humano

A estrutura esquelética determina a forma e tamanho corporal
A estrutura esquelética determina a forma e tamanho corporal

Educação Física e Esporte

20/02/2013

Para a investigação voltada ao ser humano, há necessidade do entendimento dos componentes que fazem parte do corpo a fim de entender os mecanismos utilizados para o movimento. Classicamente, os sistemas a serem estudados dentro da biomecânica e cinesiologia são relacionados às considerações esqueléticas, musculares e neurológicas.

Hay e Reid (1985) abordam que o esqueleto humano é composto por ossos, cartilagens, ligamentos e articulações. Estes componentes formam a estrutura do corpo humano, sendo ainda necessária a existência do tecido muscular funcional para que o corpo alcance seu potencial de movimentação. No entanto, o sistema neurológico irá agir de forma a comandar os movimentos desejados pelos indivíduos.

Assim, pode-se dizer que a maioria dos ossos do esqueleto age como alavanca quando os músculos se tracionam. A união das partes dos esqueletos, segundo Hay e Reid (1982), é feita pelas articulações.

Rash e Burke (1977) classificam as articulações pela estrutura e ação, assim como Norkin e Franker (2003). Rash e Burke (1977, p. 32) apresentam a espécie da articulação (sem cavidade articular ou com cavidade articular), a classe das articulações (sinartrose, anfiartroses ou diartroses), o tipo dessas articulações (fibrosas, ligamentosas, cartilaginosas ou sinoviais – planas, gínglimos, trocoides, elipsoides, condilares, enartroses, em sela).

Mesmo que os fatores intrínsecos, como por exemplo, a herança genética, a raça e o sexo sejam os principais determinantes do metabolismo ósseo (80%), são nos fatores extrínsecos, como por exemplo, os aspectos mecânicos, hábitos de vida, alimentação, atividade física e uso de medicamentos que devem deter o ser humano para modular e estimular o fortalecimento do tecido (MOTTINI, CADORE e KRUEL, 2008).

Segundo Hamill e Knutzen (1999), a estrutura esquelética determina a forma e tamanho corporal, e apesar da estatura ser prevista (como por exemplo, multiplicada por dois quando a criança apresenta dois anos de idade) o sistema e a estrutura esquelética podem também ser influenciados pela nutrição, nível de atividade física e hábitos posturais.

A idade óssea, por exemplo, tão verificada e solicitada por médicos é determinada pela radiografia dos ossos da mão. A partir destas avaliações pode-se dizer que os resultados são úteis para a verificação das desordens do crescimento além de ser um referencial da determinação da idade biológica.

Embora o tamanho e o formato geral dos ossos sejam herdados, podem ser introduzidas adaptações estruturais na forma, tamanho e referências ósseas pelo apoio de peso e forças exercidas.

No esqueleto em desenvolvimento ou imaturo, a influência do apoio de peso e forças musculares terá efeito mais substancial na formação do tamanho e formato dos ossos do que as mesmas forças aplicadas sobre um esqueleto maduro.

Por essa razão, é importante dar atenção cuidadosa aos tipos de atividades e hábitos posturais em pré-adolescentes, principalmente associando atividades escolares, como por exemplo, o uso de mochilas ou a própria postura sentada. Neste sentido, observa-se que estudos que associem a biomecânica e estas questões estão cada vez mais em voga.
Postura corporal da criança com o uso de mochilas

De forma geral, os estudos mostram uma tendência de relacionar as mochilas transportadas pelos alunos, assim como o tipo de calçado (como por exemplo, os de salto) com os padrões de marcha e equilíbrio, identificando que ambos os componentes apresentam contribuições para os desvios da postura. Sobre esses assuntos, os artigos de Link et al. (2002) e Link et al. (2004) podem ser indicados como leituras complementares.

De forma geral, o sistema musculoesquelético é um sistema maleável que pode ser modelado e formado por meio da atividade, ou assim como afirma Nordin e Frankel (2003), adaptado às demandas mecânicas importas aos ossos. Um exemplo típico de ser utilizado são os pés das chinesas que pela cultura os manipulavam para que ficassem cada vez menores e para que os mesmos se encaixassem nos diferentes calçados utilizados.

Para as práticas dos profissionais que trabalham com o movimento humano é importante compreender como o sistema esquelético responde para instruir programas que promovam a saúde esquelética deixando o indivíduo livre de lesões esqueléticas.

Mudanças na densidade dos ossos são observadas, por exemplo, depois de períodos de desuso e de uso intenso, como por exemplo, quando há imobilização por fraturas.

Mecanicamente, o sistema esquelético pode ser idealizado como um arranjo de elos rígidos conectados um ao outro por articulações para permitir movimentos específicos (MCGINNIS, 2002).

Os músculos que se unem aos ossos fornecem as forças que podem ocasionar mudanças nas posições relativas aos ossos. Porém, o sistema esquelético apresenta funções mecânicas, como alavancas, suporte e proteção e funções fisiológicas como a hematopoiese e a reserva mineral.

No caso da biomecânica e cinesiologia, as funções de maior interesse são as mecânicas, sendo que as funções, como a hematopoiese (formação de células sanguíneas) e a de reservas minerais ficam mais relacionadas às disciplinas de fisiologia. O sistema esquelético provê as alavancas e eixos de rotação, como visto no tópico fundamentos sobre o movimento humano, sobre os quais o sistema muscular gera os movimentos.

O modo como porções do esqueleto contribuem com o movimento é determinado pelo formato dos ossos, pelo arranjo estrutural dos ossos, e pelas características das articulações que os conectam. Um exemplo de restrição dos ossos é relacionado ao pé, onde o tálus e o calcâneo fazem contato restringindo a quantidade de flexão plantar que pode ocorrer.

Segundo Hamill e Knutzen (1997), os dançarinos consideram estas limitações uma problemática para a profissão já que limita a flexão plantar e este movimento é necessário para muitas manobras na dança e no balé. De forma geral, a compreensão da estrutura e forma esquelética provê informações sobre potencial de movimento de cada articulação que pode ser usada para trabalhar dentro dos limites do sistema.

Logo, pode-se pensar no suporte como função do sistema esquelético que é utilizado para a manutenção da postura. Os ossos que constituem o sistema esquelético humano aumentam de tamanho de cima para baixo à medida que mais peso corporal é assumido pela estrutura do esqueleto. Assim, os ossos do membro inferior são mais largos que os seus correspondentes do membro superior.

Portanto, treinadores de ginástica olímpica, por exemplo, que exigem dos atletas saltos e aterrissagens com os membros superiores, devem ter cuidado para que lesões não venham a ocorrer, principalmente no que tange à relação impacto e membros superiores.

Outra função do sistema esquelético é a de proteger os órgãos internos, como por exemplo, o cérebro que é protegido pelos ossos do crânio, os pulmões e o coração que são protegidos pela caixa torácica.

O osso tem a habilidade de remodelar-se alterando seu tamanho, forma e estrutura para suportar as demandas mecânicas impostas a ele (NORDIM E FRANKEL, 2003). Segundo Nordin e Frankel (2003) e Ruschel, Haupenthal e Roesler (2010), o fenômeno no qual o osso ganha e perde tecido ósseo esponjoso ou cortical em resposta ao nível de estresse sustentado é sumarizado como lei de Wolff, a qual enuncia que a remodelação do osso é influenciada e modulada pelo estresse mecânico.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


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