Atividade física constante garante saúde e bem estar
Educação Física e Esporte
01/12/2013
Atualmente, a obesidade ou o excesso de peso corporal aliado a um estilo de vida sedentário é considerada uma das maiores ameaças à saúde dos indivíduos. Um dos grandes motivos para a instalação desta epidemia é a falta de atividade física1.
No Brasil, estudos conduzidos por Sarno e Monteiro2 correlacionaram indicadores de sobrepeso e obesidade (Índice de Massa Corpórea = IMC; e/ou Circunferência abdominal) com prevalência de hipertensão arterial em 707 homens e 877 mulheres com idade variando de 18 até 64 anos. Neste estudo 41% dos homens estavam com sobrepeso e 11% obesos e tanto o IMC quanto a circunferência abdominal demonstraram ser positivamente associados e independentemente com a ocorrência de hipertensão arterial, sendo superior a influência exercida pelo IMC em homens.
A obesidade é considerada doença crônica, cujos sintomas estão associados com alterações em diferentes sistemas do nosso corpo: endócrino (leptina, adiponectina, resistina etc.), comportamental (depressão), nervoso (falha nos receptores hipotalâmicos responsáveis pelo comportamento alimentar)3,4,5.
A prática sistemática de atividade física e a restrição energética devem estar presentes em todos os programas destinados ao emagrecimento. O American College of Sports Medicine6, no posicionamento sobre emagrecimento, incluiu o exercício contra resistência (ECR) entre as recomendações propostas com o objetivo de melhorar a capacidade funcional pelo aumento da força e potência muscular, além de aumentar o gasto energético diário.
O conhecimento do gasto energético do exercício e das respostas metabólicas por ele desencadeadas pode ser importante para auxiliar no cálculo das necessidades energéticas diárias ou ainda, determinar a eficiência do organismo durante a realização de um exercício7.
Após a sessão de treinamento ocorrem alterações metabólicas que auxiliam na redução da gordura corporal e um destes fatores é o aumento no metabolismo que, dentre outros estudos que já comprovaram, podemos destacar o de Dolezal et al8 , no qual verificou-se que após uma sessão de oito séries de 6RM, com 4s de duração na fase excêntrica do exercício, aumentou a taxa metabólica por 48 horas.
A combinação do exercício aeróbio e do exercício resistido (exercício concorrente) vem sendo empregada para aumentar o gasto calórico tanto durante9 quanto após exercício 10,11.
Geralmente são utilizados o treinamento contínuo convencional no treinamento resistido como também os em forma de circuito e Elliot et al.12 e Pinchon et al.13 compararam os efeitos sobre o gasto energético entre sessões de ECR, realizadas em circuito e de forma contínua, e reportaram um maior gasto no modo circuito durante a sessão (9,1 vs 6,2kcal•min-1 e 4,9 vs 4,5kcal•min-1 para circuito e contínuo, respectivamente.
Assim sendo, podemos verificar que para a redução de gordura corporal o treinamento resistido deve ser utilizado, desde que cientificamente aplicado e com isso, se alcançam os resultados desejados.
Na próxima vez que alguém lhe disse que musculação não emagrece, questione. Isso é um sinal de que esta pessoa está bem desinformada.
REFERÊNCIAS
1. Matsudo, S. M. et al. Nível de atividade física da população do estado de São Paulo: analise de acordo com o gênero, idade, nível socioeconômico, distribuição geográfica e de conhecimento. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 10, n. 4, p.41-50, 2002.
2. Sarno F, Monteiro C. Importância relativa do índice de massa corporal e da circunferência abdominal na predição da hipertensão arterial. Rev Saúde Pública. V.41, n.5, p.788-796, 2007.
3. Fonseca-Alaniz M, Takada J, Alonso-Vale M, Lima F. The adipose tissue as a regulatory center of the metabolism. Arq Bras Endocrinol Metabol. v.50, n.2, p.216-29, 2006.
4. Greenberg A, Obin M. Obesity and the role of adipose tissue in inflammation and metabolism. Am J Clin Nutr. v.83, suppl1: 461S-465S, 2006.
5. Romero CEM, Zanesco A. O papel dos hormônios leptina e grelina na gênese da obesidade. Rev Nutr. Campinas. v.19, n.1, p.85-91, 2006.
6. American College of Sports Medicine. Quantity and Quality of Exercise for Developing and Maintaining Cardiorespiratory, Musculoskeletal, and Neuromotor Fitness in Apparently Healthy Adults: Guidance for Prescribing Exercise. Position Stand. Medicine & Science in Sports & Exercise, 1334-59. 2011.
8. Dolezal BA, Potteiger JA, Jacobse DJ, Benedict SH. Muscle damage and resting metabolic rate after acute resistance exercise with an eccentric overload. Med Sci Sports Exerc. 2000; 32(7):1202-7
9. Panissa V, Bertuzzi R, Lira F, Júlio U, Franchini E. Exercício concorrente: análise do efeito agudo da ordem de execução sobre o gasto energético total. Rev Bras Med Esporte, Niterói, 2008.
10. Drummond M, Vehrs P, Schaalje G, Parcell A. Aerobic and resistance exercise sequence affects excess postexercise oxygen consumption. J Strength Cond Res. v.19, n.2, p.332-7, 2005.
11. Lira F, Oliveira R, Julio U, Franchini E. Consumo de oxigênio pós-exercícios de força e aeróbio: efeito da ordem de execução. Rev Bras Med Esporte, Niterói. v.13, n.6, p.402-406, 2007.
12. Elliot DL, Goldberg L, Kuelh K. Effect of resistance training on excess post exercise oxygen consumption. J Appl Sport Sci Res. 1992; 6(2): 77-81.
13. Pinchon CE, Hunter GR, Morris M, Bond RL, Metz J. Blood pressure and heart rate response and metabolic cost of circuit versus traditional weight training. J Strength Cond Res. 1996; 10(3):153-6
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
por Marçal Guerreiro do Amaral Campos Filho
Graduado em Educação Física (UEL/PR)
Especialista em Treinamento Desportivo (UNOPAR/PR)
Mestrando em Educação Física - área Atividade Física e Saúde
Membro do GEPEMENE/UEL - Grupo de pesquisa em metabolismo, nutrição e exercício
Ministrante de curso e palestras sobre musculação, saúde e qualidade de vida
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