Grandes Jogos

Educação Física e Esporte

19/04/2014

Falar sobre jogos para mim é algo complicado e ao mesmo tempo prazeroso. Eu sou fã de jogos, gosto de jogar, desde porrinha (ou purrinha) a um pôquer, desde um pique esconde a uma rodada de paintball. Enfim, é complicado, pois definir o jogo é uma missão árdua, já disse HENRIOT (1989): “o jogo é uma coisa de que todos falam, que todos consideram como evidente e que ninguém consegue definir”.

O que posso dizer é que o jogo proporciona uma sensação única, o autor KORCZAK (1981) disse quem não brinca, não pode entender essa sensação, porque não importa a corrida, mas aquilo que acontece dentro da gente. Jogar cartas ou xadrez, por exemplo é colocar pedaços de papel na mesa ou deslocar pedaços de pau. Só quem joga é que sabe como é, correr por correr, à toa, não tem graça. “O desempenho psicomotor da criança enquanto brinca alcança níveis que só a motivação intrínseca consegue”. (SILVA, 1996)

Existem vários autores conceituando e classificando o jogo e a brincadeira, não pretendo entrar nesse mérito, quero aqui somente falar sobre um tipo de jogo especificamente, os Grandes Jogos.

Grandes Jogos é uma definição usada por alguns autores para classificar jogos com algumas características específicas, veja abaixo algumas dessas definições.

Vejamos que FERREIRA (2003) nos diz que grandes jogos são caracterizados por terem um grande números de participantes. Já MIAN (2003) classifica os jogos como:

Pequenos: regras fáceis e em menor quantidade, menor número de participantes e locais restritos;

Médios: com regras pré-estabelecidos, em locais maiores como quadras ou piscina;

Grandes: com regras pré-estabelecidas e complexas, em maior quantidade e em locais grandes e abertos, com maior número de participantes.

Ainda nessa linha de pensamento temos GUERRA (1998) que classifica os jogos quanto à sua dificuldade de execução:

Pequenos: duração pequena e de regras fáceis e flexíveis - combinadas;

Grandes: duração de 10 a 20 minutos com as primeiras regras preestabelecidas, preparam para os desportos e destina-se para alunos do 5º ano em diante.

Concordando com temos ROSADO et al. (2009): "Grandes jogos são mais propícios, às faixas etárias mais elevadas."

Os autores CAVALLARI e ZACHARIAS (2005) também classificam os jogos em pequenos e grandes:

Pequenos Jogos: Nos pequenos jogos, as regras são cobradas de forma mais flexível, são mais simples e em menor quantidade. A atuação do professor nos pequenos jogos é apenas como um orientador.

Grandes Jogos: Nos grandes jogos, todas as regras são cobradas de forma totalmente rígida, são mais complexas e em maior quantidade.A atuação do professor aqui como um árbitro.

Podemos observa que todas as definições tem algumas características em comum, SILVA e GONÇALVES (2010) elencaram estas características para nós, aqui temos algumas delas:
Claro que nem todas as características vão se aplicar a todos os jogos, por exemplo um ping pong é um jogo com muitas regras e que pode ocorrer em um espaço pequeno. Já uma queimada tem poucas regras mas ocorre em um espaço amplo e pode ser considerado um jogo médio devido sua baixa complexidade, porém um Dodgeball (ou Queimada Americana) pode ser considerado um grande jogo pela sua complexidade de regras e como a aplicação dessas podem influenciar no resultado do jogo.

Uma das grandes vantagens dos grandes jogos é exatamente o fato de ser possível um número grande de participantes, isso facilita sua aplicação principalmente em escolas públicas onde as turmas são sempre cheias.

Talvez a desvantagem principal seja justamente o fato de requerer muitos participantes, isso, é claro, para escolas onde as turmas não tenham tantos alunos assim, porém quase todos os jogos podem ser adaptados para um número de participantes maior ou menor do que foi previsto.

“Uma das condições necessárias a pensar certo é não estarmos demasiado certos de nossas certezas”. (FREIRE, 1996)
Obrigado.

Referências:

CAVALLARI, Vinicius Ricardo; ZACHARIAS, Vany. Trabalhando com recreação. São Paulo. Ed. Ícone. 2005.
FERREIRA, Vanja. Educação Física - Recreação, Jogos e Desportos. Editora Sprint. 2003.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
GUERRA, Marlene. Recreação e lazer. 2. ed. Porto Alegre: Sagra, 1988.
HENRIOT, Jacques. Sous couleur de jouers: La metaphore ludique. Paris: Ed. José Corti, 1989.
KORCZAK, J. Quando eu voltar a ser criança. Yan Michalski (Trad.). 12 ed. São Paulo: Summus, 1981.
MIAN, Robson. Monitor de Recreação: Formação Profissional. Editora Textonovo. 2003.
ROSADO, Daniela Gomes; KOWALSKI, Marizabel; CLARA, Nayara; Lopes MOREIRA; SOUZA, Douglas Alexandre. Recreação e Lazer - Relações com a Educação Física. Argumentandum - Revista Eletrônica das Faculdades Sudamérica. Volume 1. 2009.
SILVA, A.V. Faz de conta. Como obter o máximo da imaginação infantil com o mínimo de interferência. Nova Escola. São Paulo, 1996.
SILVA, Tiago Aquino Costa e, GONÇALVES, Kaoê Giro Ferraz. Manual do lazer e recreação: o mundo lúdico ao alcance de todos. São Paulo. Phorte, 2010.