A importância da inclusão do Educador Físico no Programa de Saúde da Família

A equipe do PSF é composta por 1 médico, 1 enfermeiro, 1 auxiliar de enfermagem
A equipe do PSF é composta por 1 médico, 1 enfermeiro, 1 auxiliar de enfermagem

Educação Física e Esporte

20/04/2014

O Programa de Saúde da Família é uma importante ferramenta do governo federal para a busca de uma melhora na qualidade de vida do cidadão. Para isso é necessário um sistema organizacional completo, desde uma estrutura física que atinja as necessidades básicas de seus usuários, até seu fluxograma funcional, onde seus funcionários, profissionais da área da saúde ou não, consigam exercer seus atributos de forma competente e com excelência, proporcionando saúde a população, através de medidas de intervenção, educação e trabalho multidisciplinar.

Programa de Saúde da Família:

O Programa de Saúde da Família (PSF) consiste em uma ferramenta, uma estratégia importantíssima para diminuir os gastos com a saúde pública e posteriormente, melhorar o atendimento e trabalho dos profissionais da área da saúde para com os usuários deste programa, o cidadão brasileiro. Foi fundado em 1994 e desenvolvido como base através do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (1991). (KILSZTAJN, 2001)

A equipe do PSF é composta por um médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e quatro a seis agentes comunitários, devendo atingir uma demanda de 800 a 1.000 famílias por Município que atenda ao programa, tendo como orçamento cerca de 28.000,00 a 54.000,00 reais anualmente, este valor é repassado ao Município junto ao Sistema Único de Saúde (SUS). (KILSZTAJN, 2001)

"O PSF está sendo apresentado como um modelo de assistência à saúde para atingir a população brasileira carente e de alto risco. Mais da metade da população brasileira apresentava renda familiar per capita inferior a 1 salário mínimo e 76% não estavam cobertas por planos privados de saúde em 1998. O PSF certamente tornará possível racionalizar os gastos públicos com saúde e, desta forma, ampliar e melhorar a assistência médica no Brasil". (KILSZTAJN, 2001)

É importante frisar que o trabalho multidisciplinar neste caso, do PSF, com a inclusão de Dentistas, Nutricionistas, Terapeutas Ocupacionais, Psicólogos, Psiquiatras e Educadores Físicos é de suma importância para que o trabalho seja realizado de uma forma completa e em sua totalidade, no que tange o atendimento a população em geral, especificamente os indivíduos considerados de baixa renda. A princípio a inclusão destes profissionais pode representar de forma aguda um gasto maior aos cofres públicos, entretanto, de forma crônica, os gastos poderão ser bem menores com medicamentos e outros tratamentos utilizados e realizados pela população.

Doenças crônico degenerativas, qualidade de vida através do exercício físico e orientação do Educador Físico:

Entende-se por qualidade de vida a capacidade de um indivíduo conseguir realizar suas atividades da vida diária com o mínimo de condições, fisiológicas, psicológicas, morfológicas, ou seja, com alguns componentes da aptidão física bem trabalhados, boa flexibilidade, bom sistema cardiorrespiratório, músculo esquelético, e dentro dos padrões considerados normais no que tange sua composição corporal, para análises epidemiológicas de grandes proporções, o IMC. (SEIDL & ZANNON, 2004, POLITO, NETO & LIRA, 2003, GIUGLIANO & MELO, 2004)

Dentro desta premissa, sabe-se que na sociedade contemporânea, o trabalho, os estudos e outros fatores levam a população a se descuidar de princípios básicos para manter um mínimo de qualidade de vida. Existe uma grande dificuldade para se ter uma boa nutrição, para busca da realização de exercícios físicos, lazer, e outros. Sendo assim, a prevalência de cidadãos acometidos por doenças crônico degenerativas, por exemplo, é cada vez maior. (REZENDE, SAMPAIO & ISHITANI, 2004)

As doenças crônico degenerativas assolam uma grande parte da população brasileira, e as mais evidentes são as dislipidemias, diabetes, cardiopatias, hipertensão arterial, doenças renais e hepáticas. Desta forma, os gastos com medicamentos, terapias e outras medidas em âmbito clínico causam um enorme prejuízo aos cofres públicos. Precaução, prevenção e educação tornam-se fundamentais para que se diminuam a incidência destas doenças. (KILSZTAJN, ROSSBACH, CÂMARA & CARMO, 2003)

Segundo Laterza, Rondon & Negrão (2007) o exercício físico tem um impacto positivo no controle da HAS (hipertensão arterial sistêmica), com um efeito anti-hipertensivo diagnosticado em pacientes em dias de exercício físico e dias sem exercício físico, ou seja, uma resposta aguda ao exercício, logo, a longo prazo os benefícios serão mais evidentes.

Um estudo com quarenta indivíduos diagnosticados com diabetes melito tipo II, mostra um programa de exercícios físicos estruturados realizado na Sessão de Fisiologia Respiratória da Disciplina de Pneumologia sob supervisão de Educadores Físicos, onde, os pacientes que realizaram exercícios físicos cinco vezes por semana com intensidade moderada obtiveram uma melhora significativa na maioria dos parâmetros avaliados. (VANCEA et al, 2009)

A prescrição de exercícios físicos deve ser feita por profissionais da Educação Física qualificados, em um estudo com portadores de doenças cardiovasculares que fazem uso de beta bloqueadores, Vanzelli e colaboradores (2005) mostram a dificuldade de se analisar e prescrever os exercícios de forma controlada e competente, na freqüência de treinamento adequada, na intensidade adequada, dentre outros fatores, fica claro que o trabalho multidisciplinar só tende a melhorar a qualidade do serviço prestado.

O Educador Físico entraria no PSF como uma importante solução na precaução/prevenção de doenças de etiologia multifatorial, e de grande fator epidemiológico, como algumas das doenças citadas anteriormente. Sua função cabe a prescrição, orientação, educação, motivação, compreensão de dificuldades, adaptação, dentre outros fatores relacionados a prática do exercício físico com o intuito da promoção da saúde.

Educador Físico e o Programa de Saúde da Família:

O PSF é uma ferramenta complexa, exige profissionais com perfis diferentes e áreas de atuação diferentes, sejam estas da saúde de forma específica ou não. O Educador Físico faz parte de uma grande "fatia" de profissionais vinculados a prestação de serviços à saúde, sendo assim, seu trabalho também é importante na manutenção da prevenção de doenças.

A prática do exercício físico prescrito e orientado por estes profissionais pode trazer benefícios tanto ao os cofres das esferas governamentais como, e sim, em primeiro lugar à saúde do cidadão. Para isso acontecer, é preciso a inserção direta destes profissionais no PSF, obviamente esbarramos em algumas dificuldades no que tange a gestão da saúde, por questões políticas, talvez pudéssemos estar muito mais adiantados no PSF do que nos dias de hoje, porém, os primeiros passos vem sendo dados nos permitindo corrigir erros e aperfeiçoar este programa.

O papel do Educador Físico não se resume somente a prescrição dos exercícios, este profissional também irá trabalhar com a quebra de paradigmas a respeito do benefício da prática da atividade física, trabalhará fatores motivacionais, inclusão social, cultura e educação com relação aos esportes e principalmente, tentar dentro destes e de outros aspectos aumentar a adesão ao exercício, fator de suma importância para podermos impactar a saúde da população de forma positiva e ascendente.

Conclusão:

De fato o Profissional da Educação Física pode ser importante na saúde da população, são diversos estudos mostrando que as doenças crônico degenerativas e outras podem ser combatidas através da pratica regular de exercícios físicos prescritos e bem orientados, para tanto, recomenda-se outros estudos futuramente para que sejam trazidos mais dados a respeito dos resultados da possível melhora na saúde da população com a inserção direta do exercício físico, assim sendo, melhorando a qualidade do PSF, facilitar o trabalho multidisciplinar dos profissionais da área da saúde e o mais importante, o bem estar do cidadão.

Referências Bibliográficas:

1- KILSZTAJN S: Programa de Saúde da Família. Rev. Assoc. Med. Bras. vol. 47, nº4, São Paulo, Oct./Dec, 2001.
2- SEIDL EMF & ZANNON CMLC: Qualidade de vida e saúde: aspectos conceituais e metodológicos. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(2):580-588, mar-abr, 2004.
3- POLITO MD, NETO GAM & LIRA VA: Componentes da aptidão física e sua influência sobre a prevalência de lombalgia. R. Bras. Ci. e Mov., Brasília, v.11, n-2, p. 35-40, Junho, 2003.
4- GIUGLIANO R & MELO ALP: Diagnóstico de sobrepeso em escolares: Utilização do índice de massa corporal segundo padrão internacional. J. Pediatr., Rio de Janeiro, 80(2):129-34, 2004.
5- REZENDE EM, SAMPAIO IBM & ISHITANI LH: Causas múltiplas de morte por doenças crônico degenerativas: Uma análise multidimensional. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(5):1223-1231, set-out, 2004.
6- KILSZTAJN S, ROSSBACH A, CÂMARA MB & CARMO MSN: Serviços de saúde, gastos e envelhecimento da população brasileira. Revista brasileira de estudos de população, v.20, n.1, jan-jun, 2003.
7- LATERZA MC, RONDON MUPB & NEGRÃO CE: Efeito anti-hipertensivo do exercício. Rev. Bras. Hipertens. vol. 14(2): 104-111, 2007.
8- VANCEA DMM, VANCEA JN, PIRES MIF, REIS MA, MOURA RB & DIB SA: Efeito da freqüência do exercício físico no controle glicêmico e composição corporal de diabéticos tipo 2. Arq. Bras. Cardiol. 92(1): 23-30, 2009.
9- VANZELLI AS, BARTHOLOMEU JB, MATTOS LNJ & BRUM PC: Prescrição de exercício físico para portadores de doenças cardiovasculares que fazem uso de beta bloqueadores. Rev. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo, vol. 15, nº2 (supl. A: 10-6), março-abril, 2005.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Eduardo Kramm

por Eduardo Kramm

- Superior Completo: (IPA - Bacharelado em Ciências do Esporte) - Especialização com ênfase em Cardiologia e Metabolismo: (Fundação Universitária do Instituto de Cardiologia - POA, início 08/04/2011, concluído) - Especialização em Medicina do Esporte e do Exercício: (UNISINOS, início 20/07/2013, em andamento) - 445hs de cursos de extensão acadêmica - 13 anos de atuação na área da saúde

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