Identificar para respeitar

Educação Física e Esporte

20/04/2014

I. Título da experiência:

IDENTIFICAR PARA RESPEITAR: A indisciplina vista também como forma de promover aprendizagem.


II. Justificativa:
A disciplina de Educação Física é o espaço de maior exposição dos sentimentos dos educando, o espaço físico, as atividades coletivas e individuais são acontecimentos provocadores de decisão e atitudes que exibe a forma de pensar, sua ética e o seu grau de individualismo. Neste momento o aluno não consegue agir sem mostrar seu sentimento em relação ao fato e sua reação frente a reação dos outros. É a hora de aparecer as habilidades, o poder de argumentação, alegrias e também angustia, impaciência, falta de concentração, revolta e medo.


A educação na procura da formação do cidadão por completo com competências atitudinais que preparam para o mercado de trabalho e a vida em sociedade propõe ao ensino a necessidade de trabalhar a interpretação de informação com habilidades de comunicação, reflexão e tomada de decisão a serem trabalhadas durante o período educacional.


Com isso a indisciplina apresenta um ato de relacionamento entre professor-aluno; aluno-aluno; aluno-instituição e escola-sociedade. Este ato faz parte do processo educacional e a identificação traz maior possibilidade de trabalhar um estilo de vida melhor, uma aprendizagem e um crescimento político e ético de todos os envolvidos independente da hierarquia. Tratar o ato indisciplinado como um sintoma individual é permitir o poder arbitrário e que a liberdade deixa de ser uma excelência humana para tornar-se a legitimação de soberania individual.



III. Objetivos:

• Identificar no ato indisciplinado as condições e motivações, causadoras deste desvio de conduta, sendo a disciplina aqui mencionada o termo dirigido a conduta frente a regras, normas e moral.

• Classificar quando possível o ato indisciplinado de acordo com: anomia; heteronomia e autonomia. Tomando por base a existência de regras e a forma como a criança compreende a norma da convivência social;

• Propor uma forma criativa de enfrentamento da indisciplina partindo do propósito de respeitar para ser respeitado construindo um ambiente propício à melhora da convivência dentro e fora da escola.

• Promover o respeito a liberdade impedindo a confusão sobre liberdade excelência com que o homem responde aquilo que o mundo lhe oferece e livre arbítrio escolha que julga e decide sobre duas coisas.

• Perceber a diferença entre a modalidade do Futsal e a modalidade do Futebol de campo apesar de utilizar habilidades motoras similares.

• Participar de uma competição esportiva simulando um jogo entre seleções.

• Elaborar adaptações na regra do futebol para melhor participação no jogo realizado na escola.

IV. Conteúdos curriculares:

Nas aulas do período de maio a julho de 2013 foi desenvolvido os conteúdos curriculares da disciplina de Educação Física utilizando como tema a Copa das Confederações de 2013 realizada entre os dias 15 e 30 do mês de junho consagrando-se campeã a seleção Brasileira. Na oportunidade também foram abordados conteúdos ligados a outras disciplinas e temas transversais.


Os conteúdos trabalhados foram:
• Os temas transversais: ética, saúde e a pluralidade cultural foram fundamentais para o desenvolvimento do projeto, observados e trabalhados durante as atividades na relação interpessoal.

• Conhecimento sobre os esportes de Futebol de Campo e Futsal, fazendo comparação sobre o torneio oficial e a nossa realidade na quadra da escola;

• Coordenação de movimentos individuais ligados ao futebol: domínio de bola, chute, ações do goleiro e domínio de bola;

• Coordenação de movimentos no grupo ligados ao futebol: passe e recepção, estratégia de ataque e estratégia de defesa;

• Relacionamento interpessoal nas situações de equipe e adversário.

• Conhecimento das regras básicas do futebol e futsal identificando diferenças e adaptações para o jogo na escola.

• Em um texto sobre o histórico do torneio Copa das Confederações, com informações indispensáveis para desenvolver o trabalho, foi utilizado o conteúdo de história, compreendendo como começou o torneio e como é disputado hoje.

• Para compreender como são escolhidas as equipes participantes foi necessário utilizar conteúdos de geografia, uma vez que as seleções são campeãs continentais.

• Interpretando o quadro de participações e vitórias foi necessário o conteúdo de gráficos da disciplina de matemática.

• Facilitando a compreensão e interpretação o portador de texto, no caso texto instrutivo, da língua portuguesa foi utilizado para apresentar e debater a regra do jogo.

V. Avaliação:

Durante as aulas de educação física o ato indisciplinado é provocado por diversos fatores, o contato físico, a discussão, o espaço físico amplo são características que favorecem a amplitude de movimentos e emoções. O educando muitas vezes não percebe que o material, o espaço e toda aula é compartilhada por todos. As regras estabelecidas são necessárias para a execução e aprendizagem das atividades propostas. Com isso a convivência, os acasos corriqueiros como um tropeço é compreendido como uma invasão de privacidade, um empurrão na fila durante a locomoção pode gerar uma série de atos indisciplinados como soco, gritos, xingamentos e um efeito cascata uma agressão causando outra.


No livro: Indisciplina na Escola Alternativa Teórica e Práticas, Organizador Julio Groppa Aquino texto de Ulisses Ferreira de Araújo “A moralidade e indisciplina”. Coloca o desenvolvimento do juízo moral da criança como um caminho que parte da anomia, passando pela heteronomia e em direção à autonomia. É muito importante compreender que o desenvolvimento da autonomia não é deixar o educando “livre” para decidir as regras de acordo com suas ideias, como se não vivessem em sociedade. Esse livre-arbítrio de decisões está mais ligado a ausência de regras (anomia). A criança no seu egocentrismo inconsciente não compreende a necessidade das regras para o convívio social, acata as normas dependendo da fonte de onde emana. Por este motivo temos alunos que acatam as ordens de imediato, outros que são resistentes ou simplesmente não obedecem.


A convivência constante com sujeitos da mesma idade provoca o confronto de pontos de vista de outros ocasionando o processo de cooperação. A partir da cooperação pode conduzir a uma ética de solidariedade e de reciprocidade nas relações, o processo de cooperação faz o respeito unilateral dar espaço ao respeito mútuo resultando na autonomia. Contudo esta passagem é uma possibilidade não são todas as crianças que conseguem construi-la.


Compreendendo como a turma e o aluno lida com as regras para o convívio social o professor pode direcionar melhor a aprendizagem e controlar melhor os conflitos gerados pelo ato indisciplinado. Não podemos temer a indisciplina, o registro e acompanhamento trazem uma melhor clareza para trabalhar a construção de valores morais baseados em princípios universais e auxiliar o aluno a construir sua autonomia de pensamentos que o obriguem a sua consciência a respeitar as regras do grupo.


O ato indisciplinado, aquele que não corresponde as leis e normas estabelecidas imprime uma desordem o que está prescrito. Sonia A. Moreira França no seu texto A indisciplina como matéria do trabalho ético e político também do livro: Indisciplina na Escola. Alternativas Teóricas e Práticas, Organizador Julio Groppa Aquino. Coloca que atualmente enfrentamos o ato indisciplinado com um sintoma individual deixando de ser uma força inerente ao processo educacional.


A sociedade moderna transformou os interesses da esfera privada em interesses coletivos. As relações humanas passaram a ser vividas e expressas sob um ponto de vista privado. A esfera pública passou a se preocupar em manter a vida dos indivíduos e da espécie. A indisciplina deve ser entendida como matéria de trabalho das instituições políticas. Segundo o campo da ética, também coloca a indisciplina como uma vontade interna do sujeito. Sendo assim com auxilio de enunciados legitimados procuramos alcançar a verdadeira vontade, construindo um acerto ético que permita o homem realizar uma crítica de si mesmo que explicite uma atitude frente a existência, a invenção de si próprio e a busca de um estilo de vida.
Diante disso a sala de aula e a quadra são os locais de trabalho deste relacionamento com sigo próprio, espaço de experiência e reprodução das realizações coletivas e exercício permanente de si próprio. Identificando o fator gerador da indisciplina é possível conduzir melhor o envolvimento da turma para propor atividades que direcionam para a aprendizagem do convívio da turma, o respeito mútuo e o enriquecimento do educando como cidadão. O ato indisciplinado motivado pelo prazer de desobediência às regras não pode ser confundido com a liberdade que é a excelência. O aluno é livre para criar o inesperado o inédito e não para pular muro, fugir da sala, escalar locais perigosos e outras travessuras.


Os conteúdos trabalhados dentro da disciplina Educação Física, e os conteúdos apresentados de Português, História, Geografia e Matemática proporcionaram o conhecimento a ser adquirido indispensável para a aprendizagem intelectual e motora do educando, os alunos vivenciaram uma situação real dentro da escola e fizeram a comparação com o torneio internacional, “Copa das Confederações,” acompanhado pela mídia. Esta facilidade de utilizar o que o aluno vê fora da escola e trazer para a prática favoreceu a participação nas atividades.


A comparação do futsal com o futebol de campo enfatizou a maior diferença das modalidades que é o tamanho da área de jogo causadora das adaptações como bola, meta, tipo de piso e quantidade de jogadores. A realização do jogo seguindo um ritual: conversa sobre as regras do jogo, apresentação das equipes, sorteio de campo e cumprimento ao final do jogo contribuiu para a valorização da amizade, melhor envolvimento do grupo e reflexão sobre a solução de conflitos.


Sendo assim a avaliação do projeto Identificar para Respeitar trouxe para o enriquecimento da minha prática da disciplina de Educação Física na Escola Olavo de Oliveira Ferreira uma maior tranquilidade para tratar os casos de indisciplina, favorecendo um melhor controle emocional e a conclusão de que o ato indisciplinado não é resolvido apenas com uma punição, o registro e acompanhamento dos atos e manifestações da turma devem ser debatidos com a turma. Os conflitos sejam eles de aluno-aluno, aluno-professor e os casos levados a coordenação ou direção devem ser abordados como um fator de aprendizagem. A conduta do professor favorece o entendimento do aluno e este acaba aprendendo a respeitar o professor, os colegas, as regras de convivência. Isso dentro de um processo de aprendizagem. Contudo esta forma de abordar a indisciplina pode e deve ser trabalhada também dentro da instituição escolar como forma de promover o debate ético e político favorecendo todos dentro da escola.


VI. Metodologia:
O projeto Identificar para Respeitar surgiu da necessidade de compreensão dos alunos, o motivo gerador da indisciplina e o que pode ser feito para melhorar o relacionamento interpessoal.


Com a proximidade do torneio internacional realizado no Brasil “Copa das Confederações” tema querido pelos alunos, o trabalho com futebol ficou oportuno.
Para o projeto utilizamos o Plano de aula: ENTRE EM CAMPO PARA APRENDER FUTEBOL com atividades teóricas e práticas.

• Nas primeiras aulas em sala de aula apresentamos o torneio “Copa das Confederações”, e passamos a colher informações dos alunos sobre a competição, mostramos o álbum de figurinhas da competição, apresentamos um gráfico com as seleções que participariam dos jogos, a escolha das seleções o histórico da competição e das equipes participantes.

• Nas primeiras aulas na quadra as atividades foram dirigidas dentro da perspectiva do futebol, aquecimento apropriado, aulas de fundamentos do futebol, exercícios de passe e chute a gol.

• Finalizando as aulas teóricas fizemos uma comparação entre futsal e futebol, apresentando as diferenças e mondando adequações para realizarmos um jogo de seleções dentro da escola. Com a sala dividida em duas equipes as mesmas escolheram os nomes de seleções participantes da Copa das Confederações.

• Finalizando as aulas na quadra realizamos o jogo entre as seleções previamente formadas. No início da partida as equipes eram apresentadas, era tirada a foto da equipe e começava a partida. No final as duas equipes se cumprimentavam.


Concluindo os trabalhos do projeto: Identificar para Respeitar foram identificados inúmeros atos indisciplinados na execução deste plano de aula, agressão física; conversa durante explicação; falta de atenção; dispersão na quadra durante atividade específica; falta de participação nas atividades; gritos e atos de euforia. Sendo assim percebemos que os atos muitas vezes são gerados por alegria e falta de noção de realidade, as regras de convívio social passam despercebidas e a liberdade aos olhos de muitos alunos é fazer o que dá vontade (livre-arbítrio).


Identificando estes casos concluímos que a melhor maneira é respeitar o momento de construção do aluno, debater e monitorar os atos indisciplinados e discutir a conduta frente ao grupo. Muitas vezes é o aluno indisciplinado o que mais necessita de respeito, pois não está pronto para a vida cotidiana, ainda confunde liberdade com livre arbítrio. A educação e as instituições educacionais tem o dever de propor este respeito.

VII. Referencias bibliográficas:

Aquino, julio Groppa (org.) Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Ed. Summus, 1996.

Reis, Alfeu vários autores: Educação física : seu manual de saúde. São Paulo : DCL- Difusão Cultural do Livro Ltda, 2012.

Freire, João Batista Educação de Corpo Inteiro: teoria e prática da educação física. São Paulo : Editora Scipione, 1994.

COLEÇÃO OFICIO DE PROFESSOR Aprender mais para ensinar melhor, Fundação Victor Civita – 1ª edição ago/2002.
Inernet:
http://www.sosprofessor.com.br/

http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-1/plano-aula-estrategias-fundamentos-futebol-685917.shtml

http://pt.wikipedia.org/wiki/Copa_das_Confedera%C3%A7%C3%B5es_FIFA_de_2013

http://veja.abril.com.br/noticia/esporte/pele-nao-descarta-brasil-e-ve-alemanha-e-espanha-favoritas-para-copa

http://www.paninionline.com/collectibles/institutional/pb/br/scheda_prodotto.asp?idEdit=9632