Educação Física Adaptada e Inclusão no meio Escolar
Educação Física Adaptada e Inclusão no meio Escolar
Educação Física e Esporte
22/04/2014
O presente trabalho aborda pesquisa e reflexões bibliográficas com discussões sobre a inclusão de alunos com algum tipo de Necessidade Especial em âmbito escolar. Tem como objetivo mostrar uma percepção de conceitos e novas ideais. Priorizou relatar as vivências de especialistas no assunto para adaptação de professores perante a Necessidade de Alunos Especiais, em suas aulas. Vimos que nosso sistema de ensino ainda é meio obsoleto e não busca capacitação dos profissionais que trabalham com tal público. Mas espera-se que as experiências de sucesso e de empenho, apresentadas em meio científico possam ajudar para que se busquem novas visões de ensino, para disseminar a educação e a interação de todos em um ambiente escolar mais saudável e menos discriminatório na sociedade, visando sempre em primeiro lugar o ser humano e o respeito entre todos.
No atual sistema educacional nos deparamos com uma proposta de ensino/aprendizagem, priorizando a diversidade e a inclusão. Nos dias de hoje é comum encontrar pessoas com necessidades especiais nas escolas regulares. Este novo sistema educacional requer conhecimentos, e idéias novas que tenham o objetivo maior de incluir todos, independente de qualquer de condição física.
Segundo James citado por Brandão (1995, p. 20):
já afirmava que a educação é a organização dos recursos biológicos do indivíduo, de todas as capacidades de comportamento que fazem adaptável ao meio físico e mental. Se indivíduos são seres adaptáveis, as formas de integração de qual quer meio e situação, com certeza podem ser adaptadas.
Sendo assim defende-se que a Educação Física é uma ferramenta educacional de interação e cooperação, deve ser trabalhado a fim de atender a todos os alunos; desenvolvendo atividades físicas, recreativas e psicomotoras que desenvolvam as habilidades, que socializem as potencialidades individuais.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’S, 1997) o ensino da Educação Física deve respeitar o que a criança traz em si mesma, uma educação que priorize poderes sobre ela, desafiando-a a que lhe dê autodomínio, autoconfiança e autonomia.
O profissional de Educação Física é repleto de desafios na postura frente sua classe. Nesse sentido, por trás dessa questão é necessária a intervenção de um profissional capacitado, consciente e responsável, que principalmente tratando-se de crianças com alguma necessidade especial.
Sendo assim, a inclusão escolar é um processo que está para além de uma ideal identificação dos alunos, e é segundo Correia (2003, p. 21):
[...] a inserção do aluno com necessidades educativas especiais na classe regular onde, sempre que possível, deve receber todos os serviços educativos adequados, contando-se para esse fim, com o apoio apropriado (de docentes especializados, de outros profissionais, de pais [...] as suas características e necessidades.
Na vida profissional de um professor ele recebe vários alunos especiais, formam a classe com alunos chamados de normais, apesar dessa circunstância, se não forem oferecidas condições de ensino, cursos de capacitação e materiais alternativos e/ou adaptados para que possa exercer melhores condições de ensino a situação dos professores fica fragilizada. Se o investimento na qualidade de ensino não se tornar uma ação constante, pode intensificar a rejeição já existente nas escolas e resultar em maiores dificuldades desses educando de estudarem juntos aos outros alunos. (MantoaN, 2006).
Segundo Sampaio (1946, p. 104) “A deficiência pressupõe um vazio a ser preenchido”. Viver o corpo é a exigência de se viver o mundo, é a possibilidade de ocupar o vazio de deficiência do corpo com o vazio maior da alteridade da existência.
A Educação Física é fundamental, desenvolve o processo educativo como um todo, associando o corpo e a mente, aprimorando as habilidades físicas, morais e sociais do educando; se bem aplicada é uma excelente forma de inclusão. Segundo os PCN’S (1997, p. 30) “Na escola, portanto, quem deve determinar o caráter de cada dinâmica coletiva é o professor, a fim de viabilizar a inclusão de todos os alunos. Esse é um dos aspectos que diferencia a prática corporal dentro e fora da escola”.
Ainda segundo o documento:
Por desconhecimento, receio ou mesmo preconceito, a maioria dos portadores de deficiências físicas foram (e são) excluídos das aulas de Educação Física. A participação nessa aula pode trazer muitos benefícios a essas crianças, particularmente no que diz respeito ao desenvolvimento das capacidades afetivas, de integração e inserção social (PCN’S, 1997, p.31)
Espera-se através desse trabalho contribuir com a formação acadêmica no sentido de apontar a relevância trabalharmos em defesa de pessoas com necessidades especiais, pois se defende que assim é possível colaborar para mudar um pouco essa imagem preconceituosa da sociedade perante essas pessoas.
Esse pode ser um papel desempenhado pelo professor de Educação Física:
A aula de Educação Física pode favorecer a construção de uma atitude digna e de respeito próprio por parte do deficiente e a convivência com ele pode possibilitar a construção de atitudes de solidariedade, de respeito, de aceitação, sem preconceitos (PCN’S, 1997, p. 31).
Como futuros professores pretendem-se buscar subsídios para a discussão sobre a inclusão, pois entendesse que é relevante desmitificar esse assunto mostrando que é possível trabalhar com todos e conviver harmoniosamente, respeitando os limites de cada ser humano.
E por fim fazer que o aluno com necessidades especiais tenha as mesmas oportunidades de desfrutar de suas habilidades e vencer seus limites durante suas aulas práticas. E fornecer uma qualidade de vida ao aluno com necessidades especiais, interagindo diretamente nas aulas de Educação Física. E assim desenvolvendo uma confraternização entre alunos regulares e os alunos com necessidades especiais.
Podemos dizer que hoje com a força da mídia e de resultados cada vez mais expressivos estamos convivendo um pouco mais com pessoas com algum tipo de deficiência, porém estamos os considerando “normais perante a sociedade” e dando o mesmo tratamento que as pessoas sem deficiência? Esta é a grande pergunta que tentaremos responder durante este estudo, assim como soluções para melhor inclusão destas pessoas no nosso meio.
Afirma-se então que o objetivo geral deste trabalho foi apresentar subsídios bibliográficos que facilitem a convivência com pessoas que possuem algum tipo de deficiência incluindo-as e buscando sua interação com os demais colegas, funcionários e professores, tanto nas aulas de Educação Física quanto no ambiente escolar.
Já os específicos foram colaborar com a discussão que visa mudar um pouco a imagem preconceituosa da sociedade perante as pessoas com necessidades especiais; demonstrar que para promover a inclusão é preciso respeito, carinho, compromisso social e formação permanente.
Metodologia
Para a realização deste estudo utilizou-se a pesquisa bibliográfica, artigos científicos e pesquisa na web, para obter como principal objetivo desenvolver e esclarecer conceitos e idéias, para a conscientização de desenvolvimentos de estudos posteriores, e assim levando-o há importância do estudo bibliográfico para a primeira etapa do projeto, pois melhora o entendimento do assunto explorado.
Segundo Gil (2009) o estudo é de cunho exploratório e tem como objetivo de mostrar uma percepção de novas idéias, assim respeitando sua relação ao objeto de estudo.
O autor destaca ainda que as fontes bibliográficas sejam em grande número e podem ser assim classificadas em livros de leitura corrente; (obras literárias, obras de divulgação); livros de referências (informativa, remissiva) que por sua vez podem ser dicionários, enciclopédias, anuários, almanaques; publicações periódicas (jornais, revistas); impressos diversos, entre outros (idem, 2009).
Dessa forma, após o realizado o levantamento bibliográfico preliminar, foi executado os seguintes passos: formulação do problema; elaboração do plano provisório do assunto; busca das fontes; leitura do material; fichamento; organização lógica do assunto e a redação do texto (idem, 2009).
O primeiro passo seguido foi pensar um tema inquietante para os acadêmicos, chegando ao assunto partiu-se para uma busca por livros, artigos especializados, dissertações e teses que possuíssem informações preliminares.
Depois de realizado o levantamento e separação de material teórico, foram feitas leituras mais aprofundadas buscando as informações relevantes para o estudo.
De posse do material escolhido, foi feito registros com as principais idéias de cada texto para posteriormente fazer uma correlação entre os diversos autores.
O cruzamento dos resultados e conclusões apresentados por cada estudo possibilitou uma visão sobre os caminhos que as pesquisas vêm seguindo sobre o tema.
Por fim se organizou de maneira lógica os estudos e foi iniciada a redação do texto.
Discussões e resultados
A seguir serão apresentados os estudos relevantes para responder as questões dessa pesquisa.
Definindo termos e apresentando documentos importantes
Segundo Itani (1998) é necessário considerar que as representações sociais não são estáticas, há sempre uma reconstrução de idéias, noções e valores como resultados das constantes e dinâmicas interações. E porque não são estáticas, ‘’desajetivar a deficiência é um caminho‘’ (AMARAL, 1995, p. 148).
Por tanto não precisamos dar um nome, rotular, buscar um adjetivo ou quem sabe excluir estas pessoas, mas sim tratá-las como pessoas normais que possuem dificuldades como qualquer outra e que com um pouco mais de atenção, carinho e respeito podem sim interagir com o grande grupo se sentindo parte dele.
A expressão necessidades educativas especiais (NEE), usada para definir esses alunos que chegam as classes da escola regular segundo Mittler (2008) e Rodrigues (2003), foi criada para denominá-los com o objetivo de amenizar a ênfase nas deficiências e déficits das crianças, para uma designação de uma necessidade individual única, desqualificando os rótulos trazidos pelos escolher diagnósticos e procurando situar o processo educativo nas “necessidades” e não nas dificuldades, ainda que não livre por completo de associações preconceituosas.
Por outro lado, o desafio da inclusão, mais do que definir termos é a busca da reforma do sistema educacional, para que a mesma possa responder a uma infinidade de necessidades educativas especiais (MITTLER, 2008).
Documentos internacionais e nacionais oferecem diretrizes e orientam políticas públicas que são elaboradas para assegurar os direitos de todos principalmente das crianças e de pessoas com algum tipo de deficiência.
A Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CDPD) aparece com uma conquista das pessoas com deficiência.
Todavia, há divergências com relação à sua necessidade, uma vez que já existe uma Convenção dos Direitos Humanos (ONU, 1948) que deveria ser suficiente para qualquer grupo social. De qualquer forma, a CDPD é um documento fundamental para impulsionar as mudanças que vão assegurar seus direitos, conforme estabelecido nos princípios gerais da Convenção.
São pontos importantes do documento:
1° Respeito pela dignidade inerente e autonomia individual incluindo a liberdade para fazer as próprias escolhas e independências das pessoas.
2° Não- discriminação.
3° Participação total e efetiva e inclusão na sociedade.
4° Respeito pela diferença e aceitação das pessoas com deficiências como parte da diversidade humana e na humanidade.
5° Igualdade de oportunidades.
6° Acessibilidade.
7° Igualdade entre as mulheres e homens.
8° Respeito pelas capacidades em desenvolvimento das crianças com deficiência e respeito do direito das crianças com deficiência de preservar suas identidades.
Sendo assim temos o dever de exigir que seus direitos sejam cumpridos sem exceção.
Segundo Miranda (2003) a integração no cenário mundial teve seu maior impulso a partir dos anos 80, reflexo dos movimentos de luta pelos de PNE. No Brasil, essa década representou também um tempo marcado por muitas lutas sociais empreendidas pela população. A autora confirma que as mudanças sociais, ainda que mais nas intenções do que nas nações, foram se manifestando em diversos setores e contextos e, sem dúvida alguma, o envolvimento legal nestas mudanças foi de fundamental importância.
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 208, estabelece a integração escolar enquanto preceito constitucional, preconizando o atendimento aos indivíduos que apresentam Necessidades Especiais, preferencialmente na rede regular de ensino. Podemos dizer que ficou assegurado pela Constituição Brasileira (1988) o direito de todos à Educação, garantindo assim, o atendimento educacional de pessoas que apresentam Necessidades Educativas Especiais.
Outro documento importante para o tema em questão é a “Declaração de Educação para Todos: Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem” organizada em Jomtiem, 1990.
Esta Declaração foi aprovada na conferência mundial sobre educação para todos e vem reiterar o direito de todos à educação, consagrado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, sendo que conforme o próprio documento expressa na ocasião em que foi proclamado, muitos grupos continuavam excluídos da escola e meio a uma situação problemática mundial que consistiu em alguns aspectos dentre eles: muitos países com dívida em ascendência, estagnação e decadência econômica, diferenças econômicas crescentes entre nações que resultaram em conflitos e guerras civis, violência e morte em massa de crianças e degradação do meio ambiente.
O artigo 4º no 5° parágrafo propõe que as necessidades básicas de aprendizagem das pessoas portadoras de deficiências requerem atenção especial, sendo necessárias medidas que garantam a igualdade de acesso à educação aos portadores de todo e qualquer tipo de deficiência, como parte integrante do sistema educativo.
Diante deste contexto, a Declaração estabelece, entre outros objetivos, que cada pessoa (criança, jovem e adulto) deve estar em condições para aproveitar as oportunidades educacionais voltadas para satisfazer as suas necessidades básicas de aprendizagem.
Deve-se destacar que neste documento a educação é idealizada como a base para o desenvolvimento humano permanente e como fator de enriquecimento dos valores culturais e morais comuns, acreditando-se que é nesses valores que os indivíduos e a sociedade encontram sua identidade e sua dignidade.
Dessa forma além de universalizar o acesso à educação e promover a equidade, são também objetivos da Declaração concentrar a atenção na aprendizagem, ampliar dos meios e o raio de ação da educação básica, propiciar um ambiente adequado à aprendizagem e fortalecer as alianças.
Para que estes objetivos sejam efetivados, são estabelecidos como requisitos: o desenvolvimento de uma política contextualizada de apoio, a mobilização de recursos, e o fortalecimento da solidariedade internacional.
Os países signatários desta Declaração, entre eles o Brasil, comprometem-se com as seguintes metas a serem realizadas na década de 1990:
Expansão dos cuidados básicos e atividades de desenvolvimento infantil, principalmente àqueles direcionados às crianças pobres, desassistidas e com deficiência; Acesso universal e conclusão da educação fundamental até o ano 2000; Melhoria dos resultados de aprendizagem; Redução da taxa de analfabetismo adulto à metade, com preocupação especial a condição da mulher; Ampliação dos serviços de educação básica e capacitação em outras habilidades essenciais necessárias aos jovens e adultos; Aumento da aquisição, por parte dos indivíduos e famílias, dos conhecimentos, habilidades e valores necessários a uma vida melhor e um desenvolvimento racional e constante, através de todos os canais da educação.
Outro importante documento é a declaração de Salamanca (1994) que proclama que dentre outros aspectos: toda criança tem direito fundamental à educação e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem; toda criança é única e isto não é diferente em termos de características, interesses, necessidades e estilos de aprendizagens.
Segundo Miranda (2003) no intuito de reforçar a obrigação do país em promover à educação, é publicada, em dezembro de 1996, Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96. Essa lei expressa em seu conteúdo alguns avanços significativos, podemos citar a extensão da oferta da educação especial na faixa etária de zero a seis anos: a ideia de melhoria na qualidade de vida dos serviços educacionais para alunos e a necessidade de o professor estar preparado e com recursos adequados de forma a compreender e atender à diversidade dos alunos.
Os documentos apresentados demonstram que existe preocupação social e políticas para há inclusão, passaremos a seguir ás contribuições necessárias da área de Educação Física.
Escola inclusiva
Para abordar o tema escola inclusiva vejamos algumas considerações sobre o papel da mesma enquanto instituição social.
Segundo Rodrigues (2003) o processo de implementação e desenvolvimento no século XIX na Europa da escola “universal, laica e obrigatória” buscou dar à totalidade da população um alicerce comum de ferramentas de cultura que permitissem nivelar grandes diferenças socioculturais dos alunos. A tal "escola universal seria assim como que um elemento compensatório que, dando a todos os alunos um conjunto de conhecimentos comuns, lhes permitiria com mais equidade o acesso à competição de onde sobressairiam os melhores" (p. 67).
Nesse sentido pode-se dizer que a escola buscava uma homogeneidade entre seus freqüentadores e segundo o autor "não era previsto que os alunos com qualquer necessidade especial de educação originada, por exemplo, por uma deficiência, fossem integrados nela" (p. 68).
Com o propósito então de manter esse grupo agregado, surgem às escolas especiais:
É neste contexto que surgem as escolas especiais, organizadas majoritariamente por categorias de deficiência, com a convicção de que agrupando os alunos com a mesma categoria e as mesmas características se poderia aspirar a desenvolver um ensino homogéneo, segundo o modelo da escola tradicional (idem, p. 67).
Sendo assim percebe-se que são "dois tipos de escolas públicas os alunos com necessidades educativas “normais” e os alunos com necessidades educativas “especiais” (p. 69).
Por outro lado o documento já apresentado aqui com proclamação da “Declaração de Salamanca” (UNESCO, 1994) é uma verdadeira “magna carta” da mudança de paradigma desta escola que separava os grupos, caminhando para a educação inclusiva.
As escolas regulares seguindo esta orientação inclusiva, constituem os meios mais capazes para combater as atitudes discriminatórias, criando comunidades abertas e solidárias construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação para todos [...] (UNESCO, 1994)
Portando é importante resgatar o conceito de escola inclusiva segundo Hegarty, (1994) citado por Rodrigues (2003 p. 70): “o desenvolvimento de uma educação apropriada e de alta qualidade para alunos com necessidades especiais na escola regular”.
Nesse caso a escola pública deve acolher a todos, buscando formação permanente para dar um atendimento de qualidade a toda e qualquer criança e jovem que a procure. Ou seja:
A escola inclusiva procura responder, de forma apropriada e com alta qualidade, não só à deficiência mas a todas as formas de diferença dos alunos (culturais, étnicas, etc.). Desta forma, a educação inclusiva recusa a segregação e pretende que a escola não seja só universal no acesso mas também no sucesso (RODRIGUES, 2003, p. 70-71).
Esse é um conceito fundamental para que a discussão sobre inclusão seja qualificada e para que todos os profissionais que atuam no âmbito escolar possam se apropriar desse tema compreendendo que possuem um papel desafiador e fundamental para a efetivação da inclusão.
O papel da Educação Física no processo de inclusão escolar
A Abordagem sobre a inclusão de crianças com necessidades especiais na Educação Física no âmbito escolar envolve aspectos de uma cultura educacional e social, e traz diversos problemas de inclusão na Educação Física Escolar.
Segundo Góes (2005) os estudos apresentam pequena inserção de crianças com necessidades especiais na classe regular. A pergunta que pode ser realizadas na sequencia é: se na classe regular há pouca inclusão, como está a realidade quando se trata da Educação Física na escola ? Outro destaque inicial se volta para a escassez de estudos da área da Educação Física e inclusão escolar, bem como a necessidade atual de estudos nessa área ao considerar os aspectos legais e educacionais.
Por outro lado a importância da Educação Física para a construção da educação inclusiva passa por um processo de adaptação, as atividades desenvolvidas que apresentam um grau de determinação menor do que outras disciplinas, desenvolvendo a interação do aluno para as práticas propostas pelo professor (RODRIGUES, 2003).
O professor de Educação Física deve ir além do seu próprio conhecimento, ensinar ao desconhecido estimulando sempre, a criatividade dos alunos, e perante a si mesmo, desafiando–se a resolução de problemas, com a cooperação no desenvolvimento de tarefas, criando uma ampla descoberta de movimentos (idem, 2003).
É necessário que o professor coloque seus alunos como prioridade, e assim utilizando técnicas de aprendizado para adequar a demanda. Que seus alunos vivenciam e aprendam durante suas aulas. Segundo Rodrigues (2003, p. 77): “Assim, aparentemente a EF seria uma área curricular facilmente inclusiva devido á flexibilidade inerente aos seus conteúdos o que conduziria a uma maior facilidade de diferenciação curricular”.
Ou seja, o professor de Educação Física é visto perante aos seus alunos com um símbolo de ações positivas, do que o restante dos outros professores. Devido às atividades propostas com êxito e planejamento atendendo a necessidade da turma, e que levam os alunos a terem uma vivência prazerosa por parte da Educação Física, com atitudes favoráveis à inclusão que ajudam a resolução de problemas e encontram soluções mais facilmente para casos difíceis (idem, 2003).
Com esta imagem positiva do professor de Educação Física defende-se que ele tem um papel fundamental para sanar a exclusão, e introduzir a inclusão de alunos portadores de necessidades especiais no âmbito escolar, por isso, mais freqüentemente o professor é solicitado para participar de projetos de inovação na escola, atendendo assim às necessidades.
Ações necessárias para a promoção da inclusão com qualidade
Segundo Caputo e Ferreira (2000, p. 49) “a inclusão tem sido objeto de preocupação dos profissionais de Educação Física; dos órgãos governamentais e universidades no que diz respeito à formação de recursos humanos para atuar junto a esse público”.
Segundo a autora a grande dificuldade, todavia, tem sido o despreparo do corpo docente nas universidades para a formação destes recursos humanos, além das carências de referências bibliográficas, pois até a década de 70, não existiam, nos cursos de graduação em Educação Física uma disciplina específica cujo conteúdo programático abordasse a atividade física direcionada a portadores de necessidades especiais.
Segundo Caputo e Ferreira (2000 p. 50):
Na década de 80, no Brasil, de forma acanhada, foram desencadeadas discussões a respeito da EFA, tendo como fonte provocadora uma realidade concreta advinda do desporto já então praticado por PNE e que remetia às Instituições de Ensino Superior a necessidade de fundamentação teórica, calcada no conhecimento científico indispensável para professores de EF licenciados, que se encontram diante de uma perspectiva de trabalho até então desconhecida.
Nesta década, de forma institucionalizada, foram realizados estudos, pesquisas, discussões científicas que tinham como objetivo a aquisição de conhecimento especializado e troca de experiências.
Algumas pessoas tiveram sucesso com a inclusão nos primórdios dos anos: Frade Ponce de León (1509 – 1584) educou 12 crianças surdas com surpreendente êxito, e escreveu o livro Doctrina para los mudos-sordo e criou o método oral. Juan Pablo Bonet (1579 – 1633) publicou Reducción de las letrasy arte de enseñar a hablar a los mudos. Charles Michel de I’Epée (1712 – 1789) criou a primeira escola para surdos que, posteriormente, converteu-se no intuito Nacional Sordo-mudos. Valentín Haiiy (1806-1852) criou em Paris um Instituto para Crianças Cegas. Louis Braille (1806-1852) foi ex-aluno de Valentin Haiiy e criador do Sistema Braille.
Com a presença de tal fragilidade é inevitável a pergunta: Como adequar á metodologia de ensino ao portador de necessidades especiais sem ferir a diversidade que há em sala de aula? E passar o conteúdo de forma que não perca a qualidade de ensino para nenhum dos alunos?
Segundo Glat; Machado e Braun (2006, p. 5), responder a tais perguntas não é algo simples:
[...], pois para oferecer uma educação de qualidade para todos os educandos, inclusive os que têm necessidades especiais, a escola precisa reorganizar sua estrutura de funcionamento, metodologia e recursos pedagógicos e, principalmente, conscientizar e capacitar seus profissionais para essa nova realidade.
Para isso cada vez mais devemos estar preparados e incumbidos de perpetuar os conhecimentos e discussões sobre o assunto. Buscar sempre o conhecimento de novos métodos de ensino assim como promover a inclusão na escola e na sociedade.
Glat; Machado e Braun (2006, p. 8), sobre os desafios pedagógicos no momento de inclusão, afirmam:
Um currículo na perspectiva da Educação Inclusiva considera que os conteúdos a serem trabalhados em classe não são apenas um fim em si, mas um meio para o desenvolvimento das estruturas afetivo-cognitivas dos alunos. [...] Adaptações curriculares, portanto, envolvem determinar o que o aluno deve aprender, como e quando aprender, que formas de organização do ensino são mais eficientes para o processo de aprendizagem; e como e quando avaliar o aluno.
Como poderemos incluir os educandos com e sem deficiência visando á prática de esportes? “Ao oportunizar a prática esportiva para os alunos com deficiência, os professores de Educação Física estarão rompendo e substituindo muitos paradigmas: da incapacidade pela capacidade, da baixa estima pela auto-estima, da exclusão pela inclusão” (SENATORE, 2006, p. 9)
Para isso o CPB (COMITÊ PARAOLÍMPICO BRASILEIRO), tem um projeto onde: pretende tornar o movimento paraolímpico ainda mais conhecido em toda a rede de escolas do ensino fundamental e médio. “Para isso, pretende executar ações de sensibilização e capacitação dos dirigentes e dos profissionais de Educação Física atuantes no sistema de ensino”.
Esse projeto reforça o paradigma da educação inclusiva. No contexto atual de escola inclusiva, na qual alunos com e sem deficiência estudam juntos, o Paraolímpicos do Futuro vem preencher importante lacuna: apresentar à comunidade acadêmica o esporte adaptado, torná-lo ferramenta de integração e, ainda, garimpar futuros talentos (CONDE; SOUZA SOBRINHO; SENATORE, 2006).
Conclusão
A pesquisa teve por prioridade relatar, evidenciar conceitos, experiências e estudos para adaptação de professores perante aos alunos com necessidades especiais em suas aulas. Uma necessidade na prática educativa regular da escola e da Educação Física.
Ao se pensar na Educação Física direcionada para Portadores de Necessidades Especiais torna-se importante um compromisso do educador com elementos de adaptação para suas aulas. É fundamental o conhecimento de programas destinados há Portadores de Necessidades Especiais, seja ela física ou mental; contendo conteúdos que englobem os aspectos relacionados a cada necessidade e suas possibilidades de intervenção no que se refere ao processo de educação escolar.
Considera-se que o movimento de inclusão escolar pesquisado não é o suficiente para a demanda existente. Existe a necessidade de uma conscientização por parte de sociedade, não apenas campanhas na mídia, mas trabalhos de formação, permanente, com quem lida diretamente com a causa.
Este estudo indicou que a qualificação de professores necessita urgentemente ser intensificada, visto que é necessário estar convicto de metodologia de ensino para desenvolver uma melhora de fato de assunto em questão. O professor de Educação Física pode ser e/ou é muito importante no processo de desenvolvimento da inclusão escolar.
E assim, a Educação Física com a Educação Especial possa desenvolver uma massificação e valorização dos conteúdos educativos para construção humanizadora e social do ser humano perante todos.
O objetivo durante a pesquisa foi demonstrar que é importante fazer essa discussão já na graduação, pois é necessário estarmos devidamente preparados para a inclusão e o trabalho com as diferenças. Vimos que nosso sistema de ensino ainda é meio obsoleto e não busca capacitação dos profissionais que trabalham com tal público. Mas espera-se que as experiências de sucesso e de empenho, apresentadas em meio científico possam ajudar para que se busquem novas visões de ensino, para disseminar a educação e a interação de todos em um ambiente escolar mais saudável e menos discriminatório na sociedade, visando sempre em primeiro lugar o ser humano e o respeito entre todos.
Referências
AMARAL, L. A. Conhecendo a deficiência (em companhia de Hércules). São Paulo: Robe, 1995.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O Que é Educação. (33ª ed) SP: Brasiliense 1995.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Educação física / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997.
BRASIL. Lei nº 9.394 promulgada em 20 de dezembro de 1996 e publicada no Diário Oficial da União, no dia 23 de dezembro de 1996. Dispõe sobre as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: Editora do Brasil. 1996.
BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2008. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br> Acesso em: 02 de maio de 2013.
_____________. Ministério da Justiça. Declaração Universal dos Direitos Humanos. In: Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948. Disponível em: <http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm>. Acesso em: 5 de maio 2013.
_______________. Ministério da Educação. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: UNESCO, 1994. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf>. Acesso em: 10julho de 2013.
______________. Decreto Nº 3.956, de 8 de outubro de 2001. Promulga a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência. Guatemala: 1999. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/guatemala.pdf>. Acesso em: 12 de setembro de 2013.
______________. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 12 de agosto de 2013.
CAPUTO, M. E.; FERREIRA, D. C. Contribuições das brincadeiras infantis na socialização e inclusão de crianças com Síndrome de Down. Temas sobre Desenvolvimento, v.9, n.52, p.25-30, set/out, 2000.
CONDE, Antonio João Manescal; SOUZA SOBRINHO, Pedro Américo de e SENATORE, Vanilton. Introdução ao Movimento Paraolímpico: Manual de Orientação para Professores de Educação Física. Brasília : Comitê Paraolímpico Brasileiro, 2006.
Teixeira, Ana Maria Fonseca e RibeiCORREIA, L. M. (2003). Inclusão e necessidades educativas especiais – Um guia para educadores e professores. Porto: Porto Editora.
COSTA, V. R. À margem da lei: o Programa Comunidade Solidária. Em Pauta: revista da Faculdade de Serviço Social da UERJ, Rio de Janeiro, n. 12, p. 131-148, 1998.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. Ed.São Paulo: Atlas, 2009.
GLAT, R.; MACHADO, K.; BRAUN, P. Inclusão escolar. Texto publicado nos anais do XI Congresso Nacional da Fenasp, p. 221-228, Niterói/RJ, 2006. Disponível em: http://www.eduinclusivapesq uerj.pro.br/livros_artigos/pdf/anais_pestalozzi.pdf. Acesso em 16 de abril de 2013.
GÓES,M. C. R. Desafio da inclusão de alunos especiais: a escolarização do aprendiz e sua constituição como pessoa. In GÓES, M. C. R. e LAPLANE, A. L. F. Políticas e práticas de educação inclusiva. Campinas, SP: Autores Associados, 2005. p. 69-92.
GOMES, L. G. F. F. Novela e sociedade no Brasil. Niterói: EdUFF, 1998.
HEGARTY (1994)”Integration and the Teacher” in: C.J.W, Meyer, S.J.Pijl and S. Hegarty (eds.) New Perspectives in Special Education: a Six Country Study ofIntegration, London, Routledge.
ITANI, Alice. Vivendo o preconceito em sala de aula. In: Aquino, Julio Droppa (Org.) et al. Diferenças e Preconceito na Escola: Alternativas teóricas e práticas. 2 ed. São Paulo: Summus,1998. p. 119-134.
MANTOAN, Maria Teresa Egler O direito de ser, sendo diferente, na escola. In: RODRIGUES, D. Inclusão e Educação: Doze Olhares sobre a Educação Inclusiva. São Paulo Summus, 2006.
MIRANDA, A.A.B. A prática pedagógica do professor de alunos com deficiência mental. Tese de Doutorado. Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba. São Paulo, 2003.
MITTLER, Peter. Educação inclusiva: contextos sociais. Tradução: Windyz Brazão. Porto Alegre: Artmed, 2008.
RODRIGUES, David. A Educação Física Perante a Educação Inclusiva: reflexões conceptuais e metodológicas. Rev. da Educação Física/ UEM Maringá, v. 14, nº 1, p. 67 – 73. 2003.
SAMPAIO DÓRIA. Direito Constitucional – Comentários à Constituição de 1946, v. 3, p. 602
UNESCO (1994) Declaração de Salamanca e enquadramento da acção na área das Necessidades Educativas Especiais, Lisboa, IIE.
Prof. Mateus Gisan de Moura Costa
Prof. Michel de Lemos Henrich
Prof. Rodrigo Barbosa Rosa
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
por Rodrigo Barbosa Rosa
Formado pela Faculdade Anhanguera de Pelotas (licenciatura)
Formado pela Faculdade Sogipa em Porto Alegre (bacharelado)
Áreas atuantes:
Professor
Treinador e preparador físico (futsal e futebol)
Treinador Pessoal
Grupo de Atividade Física para idosos.
UOL CURSOS TECNOLOGIA EDUCACIONAL LTDA, com sede na cidade de São Paulo, SP, na Alameda Barão de Limeira, 425, 7º andar - Santa Cecília CEP 01202-001 CNPJ: 17.543.049/0001-93