A "Copa das Copas"

O trabalho a longo prazo no futebol gera um retorno imensurável
O trabalho a longo prazo no futebol gera um retorno imensurável

Educação Física e Esporte

14/07/2014

Final de jogo! Alemanha Campeã do Mundo pela 4ª vez!

Assim terminou a "Copa das Copas", realizada no Brasil, teve início ainda em 2006 com a escolha de nosso país para sediar o Mundial. Com uma empolgação inicial por parte de todos, a Copa começou a ser vista com desconfiança no momento em que o dinheiro público começou a ser investido na construção e reforma dos estádios, teve o ápice da revolta em junho de 2013 com as manifestações, chegou a ser dito que a Copa não aconteceria. Atraso na entrega dos estádios, mortes nas obras, enfim, o cenário era o pior possível até que em 12 de junho teve início a tão esperada Copa do Mundo no Brasil.

Com uma cerimônia de abertura discreta, o Brasil entrou em campo para enfrentar a Croácia e logo no início um gol contra calou não só o estádio como o país inteiro. Momento de apreensão até o final do jogo em que nossa seleção conseguiu a vitória. Tinha início ali uma Copa do Mundo em que depois de um possível início desastroso tudo parecia que correria da melhor maneira possível.

A torcida sempre lotando os estádios, até mesmo em jogos de pouca expressão, uma média alta de gols, placares inesperados em diversos jogos, como a espetacular virada da Holanda frente a Espanha, a classificação da Costa Rica, seleção adotada por todos, não só pelo futebol como também pelo carisma e, o mais incrível, a classificação em 1º lugar no "grupo da morte".

Enfim, tudo corria como planejado e, dentre todas as seleções havia uma que desde a escolha da sede chamou mais atenção, a Alemanha. Escolheu um lugarejo no interior da Bahia, longe de tudo e de todos, os alemães construíram seu próprio Centro de Treinamentos e retribuíram todo o carinho com que foram recebidos.

Dentro de campo o que faziam já era esperado. Resultados significativos e futebol de campeão, a seleção da Alemanha mostrava porquê nos últimos anos tem sido destaque. Um trabalho que teve início em 2002, passou por altos e baixos, incluindo a final da Copa de 2006 em seu próprio país, e que teve frutos colhidos no último dia 13. Um trabalho de renovação de atletas, de toda uma forma de gerir o futebol naquele país, passando pela Confederação, Seleção e Clubes, da base ao profissional. Um trabalho que teve auxílio de uma ferramenta que é indispensável na vida de qualquer ser humano, a tecnologia.

Tão utilizada em outros esportes, a tecnologia, pode-se dizer, engatinha no futebol, não para os alemães, que contam com um trabalho digno de ser exaltado. Têm um banco de dados invejável de atletas, clubes, seleções do mundo inteiro, conseguem em tempo real ter dados que podem mudar os rumos de uma partida, sabem como usar essa ferramenta tão importante no mundo atual. Merecem sim elogios e, tenho certeza, que essa tecnologia, aplicada não só nos jogos, como também em treinamentos, palestras, dia a dia dos atletas e comissão, teve grande parcela de contribuição no resultado final do campeonato.

Enfim chegamos ao dia mais importante da "Copa das Copas", semifinal entre Brasil x Alemanha, no Mineirão. O Brasil vinha de uma vitória sobre uma das surpresas da Copa, a Colômbia da revelação James Rodrigues, um jogo que ficou marcado pela contusão daquele que era o principal jogador de nossa seleção, nosso camisa 10 Neymar. Uma contusão que abalou a "sentimental" seleção brasileira e que acabaria tendo reflexos naquela tarde/noite em Belo Horizonte.

Em campo a disputa entre o "país do futebol" contra o "país que estuda futebol". Nossa seleção simplesmente foi massacrada pela seleção alemã e em menos de 30 minutos de jogo o placar já era de 5x0 para Alemanha. o time brasileiro parecia não saber jogar futebol, demonstrou ali todas as fraquezas que por tempo vinham sendo maquiadas pelas vitórias e pelo desempenho de Neymar. Soube-se depois que os jogadores alemães decidiram diminuir o ritmo para não humilhar o futebol e o povo brasileiro que tanto os recebeu bem, mas, em campo, nas chances em que o Brasil criava no segundo tempo, esbarrava naquele que seria considerado, ao final, o melhor goleiro da Copa e, quando sofria os contra ataques, a Alemanha, com o esforço mínimo continuava a marcar gols. Final de jogo, 7x1 para os alemães.

Estava sendo ali escrito o maior vexame da história do nosso futebol, tristeza de toda uma Nação, mas, possibilidade de naquele momento estar sendo iniciado o que a Alemanha havia feito desde 2002, uma reformulação geral em nosso futebol. Aquele jogo mostrou o quanto estamos atrasados, o quanto são incompetentes aqueles que gerem nosso futebol, o quanto é ultrapassado nosso treinador e sua comissão, enfim, a seleção brasileira demonstrou que nosso futebol é tão ruim quanto nossa educação, saúde, política, etc.

Me chamou atenção ao fim do jogo a vergonha de um atleta, que fez um primeiro jogo de Copa fantástico e aos poucos foi tendo desempenho criticado, nosso camisa 11. Oscar não conseguia parar de chorar e não tinha coragem de olhar para todos ao redor, por tristeza? Talvez. Acredito que muito mais por vergonha do que tinha acabado de sentir na pele dentro de campo. Me chamou ainda mais atenção a entrevista do treinador da equipe, arrogante, não aceitava a superioridade do adversário, afirmando que apenas tínhamos sofrido um apagão momentâneo e que todo trabalho até ali havia sido feito de maneira correta. Me desculpe Scolari, mais uma equipe sem esquema tático, sem padrão de jogo, sem alternativas de substituição que pudesse mudar a forma de jogar, etc, etc, etc. Erros que podemos ficar citando aqui e ainda assim surgirão mais e mais.

Os jogadores alemães mais uma vez em retribuição ao carinho dos brasileiros postaram, nas redes sociais, mensagens de apoio e respeito ao torcedor e ao futebol brasileiro, numa atitude que, podem ter certeza, se fosse o contrário não seria repetida pela equipe brasileira.

Fomos então disputar o 3º lugar contra a Holanda que perdeu nos pênaltis para Argentina na outra semifinal. Teoricamente mais cansados por terem jogado um dia após o Brasil e por terem se desgastado mais fisicamente, os holandeses logo nos primeiros minutos fizeram o primeiro gol e com, 20 minutos já venciam por 2x0. Se contra a Alemanha já havia sido um desastre, aquele jogo em Brasília serviu para demonstrar ainda mais as fraquezas de nossa seleção. Neymar, que voltou para Granja Comary após a derrota para Alemanha, para incentivar o grupo de jogadores, dava instruções ao auxiliar Murtosa, enquanto na beira de campo 3, 4 jogadores reservas passavam outras instruções para o time titular. A tão respeitada seleção brasileira naquele momento parecia um time de várzea, sem comando, que dentro de campo não conseguia fazer nada.

Amargamos mais uma derrota e nosso treinador, pela segunda vez consecutiva concedeu uma entrevista totalmente ao contrário do que todo o mundo viu. A arrogância em pessoa!

O que fica de lição dessa Copa?

O trabalho a longo prazo no futebol gera um retorno imensurável, a tecnologia faz parte do dia a dia do esporte, o futebol, diferentemente do que Carlos Alberto Parreira disse em 2010, pode sim evoluir e está em constante evolução, o Brasil precisa urgentemente mudar a forma de gerir o esporte mais popular do país, a começar pelos gestores. os clubes brasileiros precisam de mais união e pensamento coletivo, ainda que a rivalidade tenha que continuar existindo, a formação de nossos atletas deve ser levada mais a sério e ser conduzida de uma maneira melhor e, se houver uma Copa do Mundo no Brasil novamente, que seja num momento em que o país esteja preparado para recebê-la.

A partir de hoje veremos se essa Copa deixará algum legado para o povo brasileiro e para o país ou, se as coisas só funcionaram durante os dias em que os estrangeiros estiveram por aqui.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Daniel Fonseca de Calazans

por Daniel Fonseca de Calazans

Pós-graduado em Direito Desportivo - IBDD/INEJ Graduado em Direito - UNIFEMM Cursos Complementares: Curso Master em Gestão do Futebol - Unimaster - Universidade do Futebol Curso de Gestão Desportiva - Instituto IAJ - Gestão Desportiva Curso de Futebol: Gestão e Campo - Instituto IAJ - Gestão Desportiva Curso Avançado de Análise de Desempenho - Quest Soluções Desportivas

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