GÓES, Weslei Melo*
* Graduado em Educação Física e aluno da Pós-Graduação em Psicopedagogia.
A educação física na escola na década de 80 passou a ter suas concepções mais voltadas a parte social, tendo a inclusão como base. Discorrer sobre esse processo necessita-se recorrer a todos os fatos que marcaram seu desenvolvimento e retrocesso. Tais fatos remontam desde seu surgimento por Rui Barbosa, passando pelo movimento gimnico oriundo da Europa, tendo seu auge na fase do militarismo em que o governo investia maciçamente como forma de propaganda política, até posteriormente seu declínio na década de 80, onde foi preciso buscar um novo rumo, uma nova identidade. Adotadas novas concepções pedagógicas a educação física aproxima-se das matérias da área da saúde e assim vincula-se de vez ao social.
INTRODUÇÃO
O presente artigo aborda de uma forma clara e concisa, o contexto histórico da educação física escolar no Brasil, desde seu surgimento ate a década de 80. Justifica-se a escolha desse tema por se tratar de um assunto de suma importância, pois a partir dele vêem-se todos os fatos que marcaram todo o desenvolvimento da Educação física no Brasil. Delineando assim a forma que os profissionais utilizavam em outrora, e os métodos que passaram a serem utilizados e abordados a partir da década de 80.
Pensando em um processo de desenvolvimento houve uma forte influencia do movimento ginástico, movimento este oriundo da Europa que aqui adentrou e a passou a nortear o que hoje conhecemos por Educação física. Tendo na ginástica francesa o seu primeiro modelo militarizado , tendo uma grande valorização nas escolas militares, e deixa de se restringir apenas a ginástica e passa a englobar outras atividades esportivas, tendo assim ate os dias atuais tendências militares. Ficando em aberto pesquisas posteriores para saber quais desses dois métodos enriqueceriam mais a educação física aqui implantada.
A partir desses pressupostos, objetiva-se abordar todos os fatos que marcaram e modificaram a educação física, mostrando passo a passo todo o processo evolutivo, desde sua implantação ate a estagnação e a procura de uma nova identidade na década de 80, enaltecendo a fase da ditadura militar, que foi de suma importância para o contexto histórico. A metodologia baseou-se em pesquisa bibliográficas realizada pelo grupo de discentes da disciplina historia da educação física, ministrada pela Profª MSC Marlaine Lopes de Almeida utilizando-se como referencias: Suraya Darido, Lino Castelani filho, Maria Lucia de Arruda Aranha e Amarilio Ferreira Neto, tendo assim uma maior obtenção de conhecimento sobre o tema abordado. Sobre o determinado tema foi iniciadas a coleta de dados através de fontes secundárias, em nosso caso os livros. Depois de coletado todo o material, foram localizadas as informações pertinentes ao assunto trabalhado através de leituras. Usando da metodologia para fazer leituras de reconhecimento para seleção de material ocorrente na coleta dos dados. Depois de uma visão geral do conteúdo atendente ao assunto, foram analisadas para maior compreensão do grupo, levando a uma estruturação que dê clareza ao texto, após a análise foi feita uma interpretação dos dados com o intuito de buscar melhor as contribuições informativas para pesquisa, tendo como autores norteadores das ideias que estão aqui expostas: Suraya Darido, Lino Castelani Filho. Consta também a pesquisas a artigos científicos e a pesquisa de campo com alunos da época.
A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NA DÉCADA DE 80
CONTEXTOS HISTÓRICOS
Os objetivos e as propostas educacionais da educação física foram se modificando ao longo deste ultimo século, e todas estas tendências de algum modo ainda hoje influenciam a formação do profissional, e as praticas pedagógicas dos professores de educação física. A inclusão da educação física na escola ocorreu oficialmente no Brasil ainda no século XIX, a figura de Rui Barbosa, precursor que muito lutou e influenciou, enaltecendo os benefícios que a educação física traz para a vida da população, que detinham na época maus hábitos alimentares e viam na atividade física uma forma q não lhes agradavam, associando sempre ao trabalho escravo.
“Com a medida proposta, não pretendemos formar nem acrobatas nem Hercules, mas desenvolvermos na criança um quantum de vigor físico essencial ao equilíbrio da vida humana, a felicidades da alma, a preservação da pátria e a dignidade da espécie”. Propostas estas feitas na época de transição entre o Brasil colonial e a proclamação da república, posteriormente sendo implantadas, mas ganham uma maior ênfase na época da militarização. (RUI BARBOSA)
Em função de toda essa busca para uma melhora da saúde e dos hábitos da população, a educação física ganha o apoio da classe médica, passando a participar do movimento higienista, no que diz a parte política surge outro movimento que é o eugênico, em que defendia uma não mistura das raças. Com todo o processo evolutivo a educação física passa a aderir o movimento ginástico europeu, proposto pelo sueco P.H Ling, pelo Frances Amoros e pelo alemão Spiess. A partir daí a ginástica passa a ser introduzida nas escolas e passa a ser bem vista pela sociedade da época.
- PERÍODO PRÉ-MILITAR
Antes desse período de forte influencia militar, era possível identificar diferenças nas formas de como a influencia das classes sociais e tomadas políticas tinham sobre e Educação Física no Brasil, esclarecendo-se assim que, ao final do século XIX, a intervenção dos médicos junto aos órgãos públicos, onde estes formaram as primeiras políticas publicas de saúde em algumas regiões. Hábitos e práticas visando a prevenção de doenças, a higiene e a limpeza pessoal, eram pretendidos pela classe, a fim de solucionar os problemas relacionados à saúde e a “degeneração racial”, questão essa que se destaca após o regime escravista.
A Educação Física pré-república, tinha o intuito de através de várias instituições, ser estendida para maioria da população. Dessa forma tinha como propósito solucionar problemas relacionados à saúde individual e coletiva, também ajudando na formação do cidadão brasileiro, pois era um país constituído por homens degenerados, indolentes, analfabetos e doentes. Face a isso a educação física baseada nos moldes militares teve um grande apoio do governo, tendo uma grande ascensão durante esta época. Isso deve-se pelo fato de o país entrar no período da ditadura militar, onde buscava-se através das atividades físicas a capacitação da população para banir qualquer repressão que viessem a sofrer o governo da época. Como forma estratégica o governo passa a utilizar a educação física como meio promoção a população e o esporte de alto rendimento como propaganda política.
Desta forma as intervenções quanto aos métodos pedagógicos da Educação Física, pode-se dizer que, de alguma forma deu seqüência aos movimentos militares que seriam antigos, configurando seu poder e deixando marcas que são relevantes até hoje. Para (LINO CASTELLANI FILHO, 1994 p.36) - “... discorrer sobre Educação Física no Brasil passa, necessariamente, pela análise da influencia, por ela sentida, das instituições militares.”
- O ESTADO NOVO E A MILITARIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA
Visto às características anteriores de um período pré-militar, poderão ser observadas que foram aproveitadas algumas destas para o militarismo, que os introduziu na Educação Física para ser aproveitados de outra forma, compreendida na citação a seguir.
“Na década de 30 deste nosso século, com o intuito de compreender em que medida as mudanças havidas no reordenamento econômico-social sugeriam através
dos estímulos à Educação Física, a concretização de uma identidade moral e cívica brasileira: analisar seu envolvimento com os princípios de segurança nacional, tanto no alusivo à temática da eugenia da raça, quanto aquela inerente à Constituição dos Estados Unidos do Brasil, referente à necessidade do adestramento físico, num primeiro momento necessário à defesa da Pátria, face aos “perigos internos” que se afiguravam no sentido de desestruturação da ordem político-econômica constituída, como também a eminência de configuração de um conflito bélico mundial, e, em outro instante, visando assegurar ao processo de industrialização implantado ao país, mão de obra fisicamente adestrada e capacitada, cabendo a ela cuidar da recuperação e manutenção da força de trabalho do Homem brasileiro.” (LINO CASTELLANI FILHO,1994 p.14-15)
A educação física no Brasil, consta com a marcante presença militar que fizeram com que ela viesse a ser reconhecida perante a população, e que fosse implantada no currículo escolar. Ao inicio do Estado novo observa-se as mudanças ocorridas dessa época. A Educação Física, acompanhada das mudanças nos métodos pedagógicos, está intimamente ligada a esse processo, pois ela sofre várias intervenções dentre as quais se cita: criação da Escola Nacional de Educação e Desportos da Universidade do Brasil.
– DECADÊNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA DEVIDO AS CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS APLICADAS
Na década de 70 com a grande propaganda política seu enfoque esta voltado em bases patrióticas, tendo o governo militar investido nessa área almejando obter uma juventude forte e saudável apta para defender o país. Concomitante a isso ocorre uma investida na área esportiva visando um desenvolvimento da propagação do esporte no país, a seleção brasileira na copa de 1970 foi exemplo disso. Voltada para a área escolar a educação física tinha seus holofotes apontados para aptidão física, com isso a iniciação esportiva passa a ter um papel primordial a partir da 5ª serie, onde buscava-se alunos com potencial para representar o país em competições internacionais. Com essa concepção a educação física restringe-se a aptidão física e a busca de “talentos” havendo assim processos seletivos o que a torna um desporto elitizado. Mesmo com toda a propaganda e investimento por parte do governo, esse modelo não obteve sucesso. Precisavam-se formular novas concepções para que ela voltasse a criar uma nova identidade. Visto que a educação física escolar que estava voltada ao ensino médio (5ª a 8ª serie), passa a valorizar mais seu campo de atuação de 1ª a 4ª serie e também na pré-escola, onde passa a desenvolver atividades ligadas a psicomotricidade dos alunos. Com esses pressupostos ela passa a estreitar mais os laços com as matérias da área de humanas (psicologia, biologia, filosofia...). Passando a possuir novas tendências, isso passa a ser vislumbrado com a criação de novos cursos de especialização e com a volta de profissionais doutorados que estavam no exterior, devido a esse desenvolvimento, passa-se a publicar um numero maior de artigos e revistas valorizando cada vez mais esta área.
– EDUCAÇÃO FÍSICA: CONCEPÇÃO E IMPORTÂNCIA SOCIAL
O exercício da cidadania dentro da cultura corporal aborda os acessos e possibilidades que norteiam os valores democráticos, através de uma perspectiva de ensino aprendizagem, tratam-se de questões, valores culturais, exclusão e discriminação social, é pape primordial dentre outros que irão ser repassados pela educação física.
Estão inseridos no contexto de cidadania valores e atitudes que serão importantes na formação do aluno, como desenvolverem o respeito mutuo, solidariedade e dignidade. Quando o indivíduo partilha de atividades socioculturais e cujos valores não estimulam o uso de drogas, são recursos que agem na conscientização e combate à criminalidade. Isso pode ser adquiridos na pratica de hábitos saudáveis.
- CONCLUSÃO
Em virtude dos fatos mencionados, acreditamos que, o presente trabalho veio a enriquecer tanto a parte pedagógica quanto a parte humana. Efetuando esta pesquisa podemos constatar todos os avanços e retrocessos ocorridos na educação física, tendo como ênfase a imposição e presença militar nas aulas de educação física no período militarista.
Dentre os retrocessos constata-se o declínio devido a forte propaganda do governo, que não visava a parte moral e social e sim a formação de atletas que viessem a representar o país posteriormente. Concluímos que com a decadência da educação física na década de 80, e com a revisão das novas concepções pedagógicas que passaram a ser implantadas. Contribuíram assim para o enriquecimento da área, e a aproximação das matérias da área de humanas tais como: fisiologia, anatomia e biologia, passando a ter um valor mais social e de inclusão dentro de suas aulas.
- REFERENCIAL
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da educação e da pedagogia: geral e Brasil. 3. ed., rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 2008.
CASTELLANI FILHO, Lino. Educação física no Brasil: a história que não se conta. Campinas, SP: Papirus, 1994. 225 p.
FERREIRA NETO, Amarílio. A pedagogia no exército e na escola: a educação física brasileira (1880-1950). Aracruz[ES]: FACHA, 1999. 162p
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
por Weslei Melo de Góes
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