A Influência da Pliometria na Otimização da Força Explosiva em Futebolistas

Pliometria é usada para o desenvolvimento da força explosiva
Pliometria é usada para o desenvolvimento da força explosiva

Educação Física e Esporte

15/10/2014

A Influência da Pliometria na Otimização da Força Explosiva em Futebolistas

 


Resumo


A pliometria é usada para o desenvolvimento da força explosiva. Embora esse termo tenha sido usado somente a partir da metade dos anos de 1960 e 1970, os exercícios pliométricos já existem há mais tempo. Atletas de desportos que envolvem atividades explosivas – reativas ou uma alta velocidade de seu próprio corpo podem se beneficiar com o treinamento pliométrico. A pliometria através do ciclo alongamento – encurtamento desenvolve reações mais rápidas devido a uma maior ativação do sistema nervoso central (SNC). A pliometria é de grande utilidade na preparação dos futebolistas por melhorar a altura do salto vertical e a velocidade de deslocamento dos atletas em curtas distâncias, proporcionando contrações mais rápidas e diminuindo o contato ao solo. O futebol apesar de ser caracterizado como um desporto complexo, no qual faz se necessário o aprimoramento de várias capacidades, estudos mostram que os esforços que definem uma partida se caracterizam como anaeróbio alático com pequena participação lática. Este artigo de revisão busca identificar os efeitos do treinamento pliométrico, suas formas de aplicação e organização para a otimização dos resultados em futebolistas, além da intensidade a se empregar em cada etapa da preparação e em relação a idade do atleta e sua experiência ao treinamento.



1-Introdução


O futebol é definido como uma atividade intermitente, na qual grande parte da energia é gerada pelo metabolismo aeróbio, no entanto com importante participação do metabolismo anaeróbio (AOKI, 2002). Apesar do tempo de duração de uma partida exigir uma elevada capacidade aeróbia, as ações motoras são na sua maioria complexas e de curta duração, realizadas de forma repetida, diferenciadas quanto à sua intensidade (TOLEDO, 2000).


Saltim (1973) citado por Bosco (1990), diz que os jogadores percorrem um total de 10.000m a 14.000m, sendo 50% de forma suave, 25% em intensidade submáxima e 25% em velocidade máxima. Bosco (1990), enfatiza que dentro do volume geral da distância percorrida durante a partida, 15 a 39% é desenvolvida em velocidade máxima e os demais em corridas leves. Em estudo realizado para quantificar repetições de esforços em intensidade máxima, duração e distâncias desses estímulos durante a partida verificou-se que as distâncias variavam entre 3 e 30 metros, predominando as distâncias entre 10 a 15 metros onde elas se repetiam de 30 a 60 vezes por partida (FERNANDES, 1994).


Segundo Arruda et al. (1999), e levando em considerações as quantificações realizadas por Ohashi; Togari; Isokawa e Suzuki (1987), Asani; Togari e Osashi (1987), Bosco (1990), Gerichi e Reichelt (1993), Winkler (1993), Campeiz (1997) e Amorim (1998) concluíram que os esforços dos atletas que definem uma partida são caracterizados como anaeróbio alático com pequena participação lática. O metabolismo aeróbio é requerido fundamentalmente nos momentos de recuperação, e que passa a ter grande importância nos momentos de intervalos entre esforços curtos e intensos. A velocidade é considerada a principal capacidade física (motora) responsável pela performance de um desportista, sendo determinada pela velocidade de reação, aceleração e resistência; no futebol por ser um desporto acíclico e a velocidade se manifestar em distâncias curtas, a velocidade de reação e a aceleração têm prioridade no desenvolvimento da velocidade no atleta (GOMES, 1998).


Aoki (2002), diz que o treinamento de força é necessário para que o jogador possa desenvolver plenamente alguns fundamentos do futebol, dos quais ele cita: melhoria da impulsão vertical, melhoria da potência de chute, melhoria das condições para disputar as bolas e realizar marcações (“corpo a corpo”), melhoria da capacidade explosiva (arranques, dribles, marcação). Mediante essas considerações, a potência muscular de um atleta é de extrema importância para sua performance no futebol. Segundo Bompa (2004), a pliometria é um dos métodos de maior sucesso para se desenvolver a potência (força explosiva), que se define como uma grande quantidade de força realizada no menor intervalo de tempo.
A palavra pliometria é derivada da palavra grega pleythyein que significa “aumentar” ou da raiz grega plio e metric que significa “maior” e “medida” (DINTIMAN, WARD, TELLER, 1999).


De acordo com Gambeta (1987); Holmyard e Hazeldine (1991), citados por Delazaro (2003), a origem do treinamento pliométrico se deu entre os países do ex-bloco socialista que formavam a ex-URSS. Os primeiros registros de seu uso foram nos anos de 50 entre os corredores e saltadores russos, configurando-se bastante primitivos em comparação aos trabalhos posteriores. Yuri Verhoshansky, técnico da União Soviética foi um dos pioneiros a liderar as pesquisas no treinamento pliométrico. O russo Valeri Borsov, ganhador da medalha de ouro nos 100m rasos nos Jogos Olímpicos de 1972, obteve um grande progresso que foi parcialmente atribuído ao uso dos exercícios pliométricos; nesse período as potências olímpicas viram sua hegemonia ameaçada. Esse termo foi somente utilizado nos Estados Unidos em 1975 por Fred Wilt, ex-velocista olímpico e técnico feminino de atletismo (DINTIMAN, WARD, TELLER, 1999).


Conhecidos também como ciclo de alongamento-encurtamento, ou reflexo miotático, os pliométricos referem-se a exercícios em que o músculo é carregado em uma contração excêntrica (alongamento) seguida imediatamente por uma contração concêntrica (encurtamento). Um músculo irá contrair-se com maior vigor e energia partindo de uma posição pré-alongada; os exercícios pliométricos envolvem contrações musculares poderosas em respostas às cargas rápidas e dinâmicas (alongamentos) aplicadas aos músculos envolvidos (BOMPA 2004).



2-Fatores do Desenvolvimento da Força Relacionados com o Ciclo Alongamento-Encurtamento (CAE)


A manifestação da força pode ser denominada ativa quando o músculo gera uma tensão por meio de contração voluntária. Barbanti (2002) considera manifestação ativa da força, como o efeito da força produzida por um “ciclo simples” de trabalho muscular, aquele do encurtamento da parte contrátil. Na manifestação ativa pode ser detectada em diferentes modalidades da força em função da sua magnitude e velocidade de execução, tais como: força máxima e força explosiva.


Do ponto de vista de Barbanti (2002) a força explosiva é aquela força que vem expressa por uma ação de contração a mais rápida possível, para transferir a sobrecarga a ser vencida numa maior velocidade possível, ou seja, a natureza explosiva da força. Em termos gerais para Badillo e Ayestarán (2001) a manifestação explosiva da força é uma relação entre a força expressa e o tempo necessário para tal execução, para os quais a força explosiva máxima seria definida como a melhor relação entre a força aplicada e o tempo empregado.


A manifestação reativa da força acontece quando o músculo gera uma tensão como reação de uma força externa que modifica ou altera sua própria estrutura (MANSO; VALDIVIELSO; CABALLERO, 1996, citados por NUNES, 2004). Barbanti (2002), declara em seus escritos que a manifestação reativa é o efeito da força produzida por um “ciclo duplo” de trabalho muscular. Essa manifestação se caracteriza por ser produzida a partir do ciclo de alongamento e encurtamento (CAE). A manifestação reativa pode se distinguir em duas modalidades de força: a força explosiva elástica e a força explosiva elástica reflexa. É importante esclarecer que ambas se manifestam separadamente dentro de uma prática desportiva.


A força explosiva elástica acontece quando a fase excêntrica não se executa a alta velocidade. Durante a ação de frear se estira fortemente a musculatura agonista (é considerada a musculatura principal na produção de um movimento articular) do movimento na qual previamente se encurta a musculatura antagonista (músculos que atuam em oposição à ação produzida por um músculo agonista), atuando como molas elásticas que transferem a energia acumulada na fase positiva do movimento. Nesta ação, o sistema dos músculos tendinosos armazena energia cinética gerada no amortecimento, para depois liberar na fase concêntrica em forma de energia mecânica.


Portanto, essa modalidade da força, além da capacidade contrátil e da capacidade de sincronização e de recrutamento instantâneo, tem o efeito do componente elástico (BARBANTI, 2002).


A força explosiva elástica reflexa se manifesta quando existe um alongamento prévio na contração muscular e uma amplitude limitada, e a velocidade de execução inicial é muito elevada (BADILLO E AYESTARÁN, 2001; BARBANTI, 2002). Essas ações são as duas condições essenciais que favorecem o recrutamento, por estimulação ao reflexo miotático, de um maior número de unidades motoras que permitem o desenvolvimento de uma grande tensão em um curto período de tempo. Esta é a manifestação mais rápida de força (NUNES, 2004). Essa ação reativa manifestada na força explosiva reflexa onde um músculo encurta imediatamente após se alongar aumenta a produção de potência e força e diminui o gasto de energia (ZATSIORSKY, 1999; BADILLO E AYESTARÁN, 2001).


Apesar de não se saber exatamente a razão pela qual a contração concêntrica do ciclo alongamento-encurtamento é mais eficaz que a contração concêntrica isolada, alguns autores consideram que pode ser devida a dois motivos (ZATSIORSKY, 1999; BADILLO E AYESTARÁN, 2001; BOMPA, 2001).

A intervenção do reflexo miotático ou reflexo de alongamento da medula espinhal. Esse reflexo ocorre quando o músculo é alongado e receptores nervosos que se encontram no músculo (fusos musculares) e que são sensíveis ao alongamento são estimulados. Essa estimulação viaja ao longo do nervo do músculo até a medula espinhal. Na medula espinhal, esse nervo faz sinapse (une-se) com um nervo motor que é estimulado, dirige-se ao músculo e estimula a contração concêntrica desse músculo. Todo esse processo costuma durar cerca de 30 milésimos de segundo e poderia ser o responsável pela estimulação do músculo após um alongamento prévio.


A elasticidade muscular, ou a capacidade do músculo em armazenar energia elástica durante o alongamento e utilizá-la parcialmente na contração realizada imediatamente após.


3-Aplicações do Treinamento Pliométrico


A pliometria é usada para melhorar a força de saída e aumentar a habilidade de produzir força explosiva em decorrência dos estímulos aos músculos fazendo-os realizar mais trabalho em menor tempo em decorrência das adaptações e otimização de todos os processos neuromusculares.


No caso do futebol a força de saída e a aceleração são os principais objetivos ao se empregar o treinamento pliométrico, pois as velocidades das ações de um jogador é o fator determinante para o êxito em uma partida. A força é alcançada porque os músculos são treinados sob tensões maiores do que a tensão máxima normal. Soma-se a esse fator a capacidade de reação do músculo ao estímulo, em que o sistema muscular é organizado de forma a superar a carga imposta através de suas propriedades contrátil, elástica e neural.


Com relação a aceleração, Rimmer e Sleivert (2000) pesquisaram os efeitos da intervenção pliométrica na performance de corrida em curta distância e observaram uma maior efetividade da pliometria na fase inicial da corrida. Participaram do estudo 26 sujeitos, os quais foram divididos aleatoriamente compondo um grupo de controle (n= 7), um grupo de treinamento pliométrico (n= 10) e um grupo seguindo um treino específico de corrida (n= 9), com idade de 24+- 4 anos, altura de 1,77 +- 0,06m e peso 83 +- 10kg com nenhum histórico sobre exercícios pliométricos. Os grupos de pliometria e de corrida de curta distância realizaram 2 sessões de treinamento por semana durante 8 semanas, com exceção da quarta semana onde apenas uma sessão foi realizada; os volumes de treino foram aproximadamente iguais. Os tempos de corrida foram coletados de 0-10, 10-20, 20-30 e 30-40.


Houve diferença significativa na distância de 0-10 pré-treinamento para pós-treinamento no grupo pliométrico ( 1.96s +- 0.10 – 1.91s +- 0.08 ), onde a melhora no tempo de 0 à 10m (0.05s) foi a metade da melhora que ocorreu no tempo todo de 0 à 40m de distância; em relação ao grupo de corrida curta e ao grupo controle a elevação da performance também foi maior porém não significativamente.


Para os outros intervalos da corrida houve decréscimo do tempo de corrida do pré para o pós treinamento tanto no grupo pliométrico quanto para o grupo de corrida curta, porém não estatisticamente significante. Este achado fortaleceu os resultados de Delecluse et al. (1995) apud Rimmer e Sleivert (2000) que descobriram que os exercícios pliométricos e o treinamento de corrida curta melhoram a velocidade nos 10 primeiros metros. Os autores propõem uma pesquisa mais aprofundada que envolva corredores treinados, que possuam vivência com trabalhos pliométricos, já que neste estudo os sujeitos não possuíam esta vivência e os efeitos positivos podem ser maiores nesta situação. Bompa (2001) ressalta que para uma alta aceleração, o desenvolvimento da força máxima é essencial e, uma vez que isto é conquistado, os ganhos precisam ser convertidos em potência através de métodos específicos de treinamento de força, dentre eles a pliometria.


A pliometria beneficia tanto a força máxima quando a ênfase é dada a uma maior altura na queda, saltos reativos em maiores alturas, quanto ao desenvolvimento da potência dando prioridade à velocidade na transferência da fase excêntrica para concêntrica. A pliometria de acordo com Schmidtbleicher et al. (1996), citado por Rimmer e Sleivert (2000), diminui o tempo de contato ao solo em decorrência das atividades dinâmicas do ciclo de alongamento-encurtamento.


Quando um atleta é estimulado a saltar e reagir o mais rápido possível para outro salto está se criando um mecanismo capaz de reproduzir a dinâmica da corrida em velocidade, na qual a cada fase de apoio no solo e uma impulsão posterior alternando a perna de apoio está ocorrendo o ciclo alongamento-encurtamento.


Quanto ao tempo de contato com o solo, Rimmer e Sleivert (2000) verificaram um declínio tanto de 0-10m quanto de 0-40m do pré para o pós-treinamento, com diferença significante de 0-40m, dentro do grupo pliométrico e em relação ao grupo controle (p < 0.05/na marca 7m). Para realizar este estudo foi colocada uma plataforma posicionada aos 7m e aos 37m de corrida. O tempo de contato ao solo do grupo pliométrico diminuiu de maneira mais acentuada em relação ao grupo que treinou em corridas curtas nas duas marcas aferidas, porém não apresentou diferença significativa.


Outro fator de suma importância no treinamento desportivo é a organização metodológica e temporal de acordo com os objetivos pré-determinados. Luebbers et al. (2003) realizaram um estudo com a proposta de determinar os efeitos de 4 semanas e 7 semanas de treinamento seguidas por uma recuperação de 4 semanas sem o treinamento pliométrico com o intuito de analisar o efeito posterior duradouro do treinamento (EPDT) e também obter dados sobre a variação dos níveis funcionais da força explosiva e anaeróbia após a aplicação do treinamento. Participaram do estudo 38 homens voluntários fisicamente ativos que nunca haviam realizado pliometria divididos em dois grupos de 19; o treinamento foi realizado 3 vezes por semana com intensidade máxima, totalizando 850 repetições em saltos verticais, 675 metros em saltos longos e 240 repetições em salto em profundidade (mesmo volume para ambos os grupos, porém no grupo de 7 semanas o treinamento foi mais distribuído fazendo com que as sessões tivessem menos repetições).


Durante o período de treinamento não foi permitido que os atletas realizassem outras formas de atividade física, somente suas atividades normais e, após findar os programas de treino, os indivíduos foram impedidos de realizar qualquer forma de pliometria. Foi efetuada a composição corporal, a altura em salto vertical foi medida usando o método de alcance ajustável, a força foi medida via Margaria usando duas alavancas colocadas no oitavo e décimo segundo degraus; os indivíduos começaram a 2m da base das escadas, subindo 2 degraus por vez com uma alavanca gravando automaticamente o tempo entre os passos 4 e 6.


Os testes foram realizados pré-treinamento (pré), pós-treinamento (pós) e após 4 semanas (pós 4). O grupo de 4 semanas experimentou um aumento de 1.1% na massa corporal, enquanto o grupo de 7 semanas obteve um aumento de 1.1% de aumento na massa corpórea de pré-treino à pós-treino e, de 1.9% de aumento de pré-treino a pós 4 semanas. A altura de salto vertical teve uma queda significativa em 3,5% de pré ao pós no grupo de 4 semanas e em 0,3% de queda no grupo de 7 semanas. Porém, ambos os grupos experimentaram aumentos significativos de pós ao pós 4 semanas sem o treino pliométrico. O grupo de 4 semanas aumentou em 6.5% e, o grupo de 7 semanas em 4,4%. Não houve diferenças significativas em altura de salto vertical entre os dois grupos.


A força medida pelo teste Margaria aumentou de pré ao pós em ambos os grupos, mas só no grupo de 7 semanas esse aumento foi significativo; nenhum grupo aumentou grandemente em força de pós ao pós 4. Em ambos os grupos a força de saída aumentou significativamente de pré ao pós 4, onde o grupo de 4 semanas teve um aumento de 5,8% enquanto o de 7 semanas aumentou em 8,0%; não houve grandes diferenças entre os grupos para força de saída anaeróbia.


Neste estudo, os programas em ambos os grupos (de 4 semanas e de 7 semanas), equalizados pelo volume de treinamento resultou em aumentos significativos em salto vertical, força vertical e força anaeróbia (Margaria). Foi demonstrado neste estudo a importância de um período de recuperação seguindo um programa pliométrico, principalmente no grupo de 4 semanas. Esta consideração é de extrema importância na ciência do treinamento, pois um treinamento intensivo requer um tempo maior para a manifestação da supercompensação. Sobre a manifestação do Efeito Posterior Duradouro do Treinamento (EPDT), Toledo (2000), após a aplicação de cargas concentradas de força, dentre elas a pliometria, em uma equipe juniores de futebol, ressaltou a importância de um processo de recuperação após treinamentos de alta intensidade e forte estimulação dos processos metabólicos sobretudo do alático e lático. Na periodização do treinamento de cargas concentradas de força (dentre eles a pliometria) faz-se necessário a programação de microciclos de caráter estabilizador.


Weineck (1999) enfatiza que o efeito imediato do treinamento pliométrico depende em grande parte da forma de treinamento empregada. A pequena pliometria (simples, com variadas formas de saltos e corridas com saltos) presta-se a preparação imediata antes de uma competição. A pliometria média (saltos com ambas as pernas sobre bancos ou obstáculos) requer 3 dias de recuperação e a pliometria intensiva (saltos em profundidade/caixas sobrepostas) requer 10 dias; sendo que na sua intensidade máxima (com método dos contrastes – utilização de pesos altos e baixos e variação dos tipos de contrações) o tempo de recuperação pode chegar até 15 dias.


Para Newton e Kraemer (1994) citados por Badillo e Ayestarán (2001), o desenvolvimento da potência explosiva depende de 5 fatores que devem ser melhorados conjuntamente para se conseguir o melhor resultado. Os componentes são os seguintes: força em velocidade lenta (grandes cargas), força em alta velocidade (cargas médias e leves), coordenação intermuscular e habilidades específicas, o ciclo alongamento-encurtamento e o índice de manifestação de força. A potência ótima só será conseguida se cada um desses fatores for incorporado ao treinamento.


4-Avaliação da Força Explosiva e sua Relação com a Velocidade


A razão pela qual da transferência da pliometria para a corrida ser positiva, se dá pela reprodução do tempo de contato com o solo, principalmente na fase inicial da corrida (RIMMER E SLEIVERT, 2000). Os testes de saltos verticais têm sido associados aos resultados dos testes de velocidade por demonstrarem um alto grau de especificidade com a corrida de velocidade. Em particular, a fase de apoio durante ação do salto imita a contração concêntrica-excêntrica dos músculos extensores das pernas durante a ação da corrida de velocidade (HENNESSY, KILTY ,2001, citados por NUNES, 2004).


Para a avaliação da força explosiva, usa-se os saltos verticais Squat Jump (SJ), Contramovimento (CMJ) e Drop Jump (DJ), que possuem grandes correlações com a velocidade máxima em corrida. O SJ consiste em realizar um salto partindo de uma flexão de joelhos de 90° sem contramovimento prévio. As capacidades físicas medidas são a força explosiva, capacidade de recrutamento, expressão elevada de fibras FT (contração rápida). O CMJ é executado por uma flexão-extensão rápida de pernas com a mínima parada entre as fases; a flexão deve chegar até um ângulo aproximado de 90º.


Além das capacidades que o teste SJ apresenta, o salto CMJ, mede a utilização da energia elástica. O teste DJ é realizado caindo-se sobre a plataforma de contato de certa altura, com a queda sendo realizada adiantando-se uma perna e em seguida a outra, sem efetuar nenhum impulso sobre o objeto do qual se caiu. O salto DJ mede a força explosiva elástica reflexa sendo influenciado pelo reflexo miotático e pelos órgãos tendinosos de golgi.


Para Barbanti (2002), o rendimento da força explosiva para um velocista, obtida por meio do salto vertical saindo da posição de meio agachamento, tem alta correlação com a aceleração da corrida nos primeiros 15 a 20 metros. Em estudo realizado com 17 atletas do sexo feminino, Hennessy; Kilty, 2001, citados por Nunes, 2004, sugerem que, teoricamente, um incremento efetivo de 1 cm no CMJ pode melhorar o desempenho no teste de corrida na distância de 300 metros em 0.5 segundo. Segundo Balson, 1994, apud Nunes, 2004, em seus escritos sobre avaliação do desempenho físico no futebol existe relação significante entre o teste de salto vertical com contramovimento e auxílio dos braços e os tempos registrados na corrida de 15m. Desta forma, Balsom (1994) afirma que a força explosiva é um importante fator na aceleração.


Com o objetivo de investigar a relação entre a força explosiva (medida no teste de impulsão vertical) e a velocidade de deslocamento em 20 metros em futebolistas, Nunes (2004) submeteu 40 jogadores profissionais do sexo masculino com idade entre 20 e 34 anos pertencentes à Associação Atlética Ponte Preta, da cidade de Campinas, SP, a dois testes de salto vertical – “SJ” e “CMJ” – em tapete de contato do tipo Jump Test e a teste de corrida de 20 metros com foto-células elétricas. Foi observada a existência de relação linear negativa significante entre a força explosiva medida a partir dos testes SJ e CMJ e a velocidade de deslocamento em 20 metros com coeficientes de correlação de r = - 0,62 e r = - 0,62, respectivamente. No entanto, dentre os 40 atletas participantes do estudo (10 atacantes, 14 meio-campistas e 16 defensores) os resultados encontrados para os futebolistas que atuam nas posições de atacante e defensor a relação entre SJ x V20 (velocidade de 20 metros) e CMJ x V20 não foi significante (p > 0,05) para nenhum dos dois grupos de jogadores. Já nos meio-campistas os resultados apontaram para a existência de uma relação linear negativa estatisticamente significante (p < 0,05) entre SJ e V20 (r = - 0,82), e, CMJ e V20 (r = - 0,89). Nunes (2004) enfatiza que a existência de relação significante entre a força explosiva e a velocidade em 20 metros deve ser colocada com um certo cuidado, pois somente os meio-campistas apresentaram coeficientes de correlação estatisticamente significantes. O autor salienta também que além da posição em campo, estatura e massa corporal também interferem na relação entre as variáveis estudadas.


5-Considerações gerais sobre pliometria


A pliometria é uma forma de exercício muito rica em variedade na forma de aplicação do treinamento, porém como qualquer tipo de treinamento com objetivo de desenvolver uma capacidade motora, a técnica correta, a intensidade, as repetições e a pausa são de extrema importância para se obter a performance e evitar danos ao atleta. Bompa (2004) divide o treinamento pliométrico em 5 níveis de intensidade (tabela 1) onde os números sugeridos de repetições e séries são para atletas de nível avançado; o autor sugere que a introdução dos exercícios de baixo impacto deve ocorrer aos 12 anos (antes dessa idade os exercícios de salto devem ter caráter lúdico) e a introdução dos pliométricos de alto impacto (intensidades 1 e 2) deve ocorrer após os 17 anos de idade.

 

 

Valores de

intensidade

Tipos de

exercício

Intensidade do exercício

Nº de repetições

e séries

Intervalo de

repouso entre as séries

1

Tensão

Saltos de alta

reatividade

Máxima

8-5 x 10-20

8-10 min.

2

Saltos em

Profundidade

Muito alta

5-15 x 5-15

5-7 min.

3

Exercícios de  saltos múltiplos

Submáxima

3-25 x 5-15

3-5 min.

4

Saltos de baixa reatividade

Moderada

10-25 x 10-25

3-5 min.

5

Baixo impacto

Saltos no lugar

Baixa

10-30 x 10-15

2-3 min.

TABELA 1

 

A intensidade dos exercícios pliométricos, a quantidade de tensão criada nos músculos, depende da altura em que o exercício é realizado. Embora a altura ideal seja  estritamente determinada pelas características individuais de cada atleta, segue os princípios gerais aplicados: o aumento do sistema muscular, a extensão da energia requerida para estirá-lo e obter um efeito elástico em uma fase mais curta. Essa é a razão pela qual uma altura ótima para um determinado atleta pode não ser para outro. Consequentemente as informações a seguir devem ser usadas apenas como um guia de instruções.


À medida que o tempo de contato com o solo é mais longo e o CAE se prolonga, supõe-se que as fibras implicadas são as de contração lenta (ST). Assim sendo, conforme a altura da queda aumenta (DJ), a força excêntrica é maior e a concêntrica é menor. Até cerca de 40 cm, a força concêntrica é maior do que a excêntrica, e os saltos são realizados com maior velocidade, proporcionando um aproveitamento do reflexo miotático e da energia elástica evitando a ruptura das atividades actinomiosínicas das pontes cruzadas e recrutando as fibras de contração rápida (FT). Entre 40 e 60 cm, os valores estão equilibrados. Com altura de 60 cm ou mais, produz-se uma força concêntrica muito fraca, diminuindo o resultado (BADILLO E AYESTARÁN, 2001).


 Quanto ao número de sessões pliométricas recomendadas durante a semana é consenso na literatura que elas não ultrapassem de 2-3 sessões na semana devido ao grande esforço do sistema neuromuscular e para que ocorra o reabastecimento dos sistema energéticos que pode levar até 48 horas.

 

6-Conclusão

Durante a maioria dos gestos esportivos, os músculos realizam os movimentos a partir de uma posição de alongamento prévio da musculatura envolvida. No futebol essas ações denominadas de ciclo alongamento-encurtamento (CAE) se manifestam nas deslocações, nas situações de mudança de direção, no fundamento do cabeceio, dentre outros. A pliometria produz uma ativação neural bem maior que a contração concêntrica isolada decorrente de uma otimização na sincronização e frequência dos impulsos nervosos; no entanto, a fadiga é maior, sendo de fundamental importância o tempo de recuperação tanto dentro da sessão de treinamento quanto na periodização dentro de um macrociclo de treinamento com relação à supercompensação e o efeito posterior duradouro do treinamento (EPDT).


É evidente a melhora na força explosiva em decorrência da pliometria sendo manifestada tanto na altura de um salto vertical como nas acelerações curtas, porém os fatores responsáveis por essa melhora (o processo de facilitação neural e a melhora da elasticidade do sistema contrátil e/ou tendões) ainda é discutido. A maioria dos pesquisadores considera que os resultados experimentais obtidos até o momento são insuficientes para compreender corretamente os mecanismos de adaptação do ciclo alongamento - encurtamento (CAE).


A pliometria aumenta o rendimento em acelerações curtas devido sua contribuição no aumento da força máxima e, principalmente, na redução do tempo de contato em cada passada, em decorrência do treinamento de saltos com o menor tempo de contato com o solo. A associação da pliometria com treinamentos com pesos pode contribuir de maneira satisfatória na melhora da potência.

 

 


7-Referências Bibliográficas

 

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Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Valdir Nogueria de Oliveira Junior

por Valdir Nogueria de Oliveira Junior

_ FORMADO EM LICENCIATURA PLENA EM ED. FÍSICA PELA FACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS DE BRAGANÇA PTA (FESB).- 2000/2004 _ ESPECIALISTA EM CIÊNCIA DO TREINAMENTO DESPORTIVO PELA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS (UNICAMP) - 2006 _ ESPECIALISTA EM FISIOLOGIA DO EXERCICIO PELA UNIVERSIDADE GAMA FILHO 2010/2011 _CURSOS DE EXTENSÃO: PERSONAL TRAINER DO IDOSO; OBESIDADE E EXERCÍCIO; CORAÇÃO E EXERCÍCIO

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