A Esgrima e algumas de suas caracteristicas esportivas

A Esgrima e algumas de suas caracteristicas esportivas
A Esgrima e algumas de suas caracteristicas esportivas

Educação Física e Esporte

18/01/2015

A esgrima é um esporte de características agonísticas, considerada uma das atividades físicas mais antigas da humanidade é também um dos esportes mais modernos e seguros da atualidade. Tem grande prestígio nas olimpíadas, estando presente desde a sua primeira edição em 1896, tendo a representação de quase todos os países do mundo, inclusive o Brasil desde 1936 (RIBEIRO; CAMPOS, 2007; NAZARETH, 2001).


Como esporte está entre os que utilizam predominantemente o sistema energético alático, porém, em dimensões menores também faz uso dos sistemas anaeróbico lático e aeróbico, isto devido à grande variedade de esforços e prováveis repousos durante o assalto (DIAZ, 1984; PENÃ, 1993; IGLESIAS, 1995, apud NAZARETH, 2009).


Muitos autores consideram a esgrima um esporte técnico e tático, no entanto, Donnadieu et al. (1978, apud NAZARETH, 2001), considera as qualidades físicas na esgrima fundamentais para a base de um bom desempenho técnico. Para ele, a velocidade, a descontração diferencial, a coordenação e a resistência são as capacidades físicas primordiais ao esgrimista. Para Iglesias et al. (2007, apud NAZARETH, 2009, p. 69), “neste esporte a condição física é um instrumento a mais na concepção do rendimento e não um objetivo em si mesmo”.


Para Tyshler e Midler (1980, apud NAZARETH, 2001), o jogo de esgrima é essencialmente estratégico, e a relação do jogo é feita pela troca de ações através de um implemento que é a arma, sendo importante para o aluno possuir, sobretudo, grande capacidade de raciocínio e não apenas força física, por isso, para eles, a esgrima pode ser praticada por qualquer pessoa, seja qual for sua idade, estatura ou peso.


Vassalo (1994, apud NAZARETH, 2001), frisa que a esgrima exige uma grande amplitude e velocidade de movimentos, sem, no entanto exigir o emprego de uma força exagerada, o que faz com que sua prática contribua para o alcance de diversos efeitos fisiológicos, entre eles melhora na capacidade cardiopulmonar, na nutrição dos tecidos orgânicos e na expulsão de toxinas. Ele ainda destaca que a esgrima possibilita um alto grau de coordenação nervosa, como as capacidades sensoriais de tato, audição e visão, aliados às melhorias constantes do sentido de equilíbrio.


Segundo Beke e Polgar (1976, apud NAZARETH, 2001), as qualidades que definem um esgrimista com talento e versatilidade são a adaptabilidade física, a técnica e a tática apurada, as noções de tempo e distância, a rapidez dos reflexos, a observação, a velocidade de reação, o equilíbrio psicológico, a rapidez na tomada de decisões, a destreza e a força relativa.


Junto às qualidades físicas e motoras, às qualidades intelectuais também merecem destaque devido à dimensão do componente tático presente no duelo. As ações de segundas intenções, as fintas, tramas e simulações no intuito de enganar e surpreender o adversário com um toque inesperado promovem a melhoria das qualidades cognitivas de raciocínio, concentração, atenção e julgamento (THIRIOUX, 1970; AROCA, 1993 e OLIVAS, 1993, apud NAZARETH, 2001).

De maneira geral, a esgrima quando praticada, traz inúmeros benefícios físicos, psíquicos e cognitivos entre eles: inteligência e rapidez de raciocínio, rapidez de decisão, senso tático, noção de tempo, criatividade, percepção espacial, concentração, autodomínio, paciência, disciplina, resistência muscular e respiratória, velocidade, coordenação, reflexos rápidos, flexibilidade, entre outros (ACADEMIA PAULISTA DE ESGRIMA, BENEFÍCIOS, 2011).


Tyshler e Midler (1980, apud NAZARETH, 2001), afirmam que a emoção e a natureza romântica dos duelos corpo a corpo faz com que os jovens sintam-se atraídos pela esgrima, no entanto Nazareth (2001, p. 33), disse que no século XIX, a simbologia da arte dos cavaleiros dos tempos antigos, aliados ao romantismo da época, “fez com que a esgrima fosse adotada pela sociedade erudita, tornando-se o esporte dos gentlemen”. É provável que, por esse contexto, criado no passado, tenha surgido a falsa ideia de que a esgrima é um esporte apenas das elites, fato que persiste até hoje (NAZARETH, 2001).





Referências Bibliográficas:

APE, Academia Paulista de Esgrima. Benefícios. 2011. Disponível em: < http://academiapaulistadeesgrima.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=54&Itemid=53>. Acesso em: 10 fev. 2011.


AROCA, M. E. Entrenamiento psicológico del tirador. In: Esgrima. COMITÉ OLÍMPICO ESPAÑOL/ R.F.E.E. Espanha: Izquierdo, 1993. p. 243-244, il. color.


BEKE, Z.; POLGAR, J. La Metodologia de la esgrima con sabre. Tradução de Eduardo Portela Cruz, Habana: Orbe, 1976.


DIAZ, J. A. R. Fundamentos pedagógicos y fisiológicos del entrenamiento de los esgrimistas. Habana: Científico-Técnica, 1984


DONNADIEU, J. et al. L. Escrime. Collection Connaissance et Technique. (2ª. ed.), Paris: Denoël, 1978.


IGLESIAS, X. R.; RODRÍGUEZ, F. A. Caracterización de la frecuencia cardíaca y la lactatemia en esgrimistas durante la competición. In: Apunts, Barcelona, v. XXXII, p. 21. 31, 1995.


IGLESIAS, X. R. et. al. Valores en guardia. In: Apunts, Barcelona, p. 35. 53, (1ª trimestre), 2007.


NAZARETH, V. L. Proposta de ensino básico da esgrima para adolescentes surdos. Dissertação de Mestrado. Campinas, 2001. Disponível em: < http://cutter.unicamp.br/document/?code=vtls000243417>. Acesso em: 9 fev. 2011.


OLIVAS, F. P. Preparar os física del tirador de esgrima. In: Esgrima. COMITÉ OLÍMPICO ESPAÑOL/ R.F.E.E. Espanha: Izquierdo, 1993. p. 255-292, il. color.


PEÑA, F. O. Preparación física del tirador de esgrima. In: Comité Olímpico Español e Real Federación Española de Esgrima. Madrid, 1993. p. 255 . 291.


RIBEIRO, J. C.C; CAMPOS, F.K.D. História da esgrima, da criação à atualidade. Revista de Educação Física, n.137, p.65-69, jun. 2007. Disponível em: < http://revistadeeducacaofisica.com.br/artigos/2007.2/137_artigo8_sys.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2011.


THIRIOUX, P. Escrime Moderne. Paris: Amphora, 1970.


TYSHLER, D. A.; MIDLER, M. P. La preparación sicológica del esgrimista. Traduzido por Yolanda Toscano Ferrer, Habana: Orbe, 1980.


VASSALO, A. M. Esgrima em silla de ruedas. In: Deportes para minusvalidos físico, psíquicos y sensoriales. COMITÉ OLÍMPICO ESPAÑOL. Espanha: Carácter, 1994. p. 196-203, il. Color.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Rodrigo Urvanegia Fabbio

por Rodrigo Urvanegia Fabbio

Bacharel em Educação Física pela Uninassau (Recife - PE). É Personal Trainer e já atuou como instrutor de musculação e ergometria nas academias Stillo e Forma, Fitness e Cia e Hi Academia, Recife, PE.

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