EVOLUÇÃO E APLICAÇÃO DOS SISTEMAS TÁTICOS UTILIZADOS NO FUTEBOL

EVOLUÇÃO E APLICAÇÃO DOS SISTEMAS TÁTICOS UTILIZADOS NO FUTEBOL
EVOLUÇÃO E APLICAÇÃO DOS SISTEMAS TÁTICOS UTILIZADOS NO FUTEBOL

Educação Física e Esporte

28/01/2016

1.0 INTRODUÇÃO

Estudos comprovam que o futebol é sem sombra de duvidas uma das modalidades esportivas que mais evoluiu no modo de atuação da sua prática no decorrer dos tempos, e um dos grandes responsáveis por esse crescimento e evolução foram os sistemas táticos. Segundo Drubscky (2003) sistema tático é o conjunto das táticas que determinam as ações e características de uma equipe em campo.

O futebol iniciou definitivamente sua evolução com a regulamentação oficial do esporte em meado dos anos oitenta. De acordo com Barbieri, Benites e Souza Neto (2009), os sistemas de jogo conhecidos atualmente foram efetivamente utilizados quando o futebol moderno surgiu, sendo delimitada a participação de 11 jogadores por equipe. Como o principal objetivo era a vitória, nesta época preconizava-se a organização de um maior número de atletas no setor ofensivo, estabelecendo uma estrutura tática composta por, um goleiro, um defensor, um meio-campista e oito atacantes (LEAL, 2001). Desde sua criação, a tática é um dos principais fatores que vem a caracterizar o futebol, e sua constante evolução permitiu várias mudanças no desenvolvimento de uma partida de futebol.

De acordo com Ferreira, Paoli e Costa (2008), a tática pode ser entendida como um resultado das ações individuais e coletivas dos atletas de uma equipe, a qual está organizada de uma forma racional e sistemática, levando em consideração, por um lado, ás características dos atletas e, por outro, as qualidades dos jogadores adversários.

 A gana pelo ataque e efetuação do gol na meta adversária ultrapassava a preocupação por obter uma equipe organizada e equilibrada, tanto que utilizavam sistemas de jogo que no futebol atual seria inviável a sua aplicação, tais exemplos são os esquemas táticos; 1-1-1-8 e o 1-1-2-7. Sobre o número exagerado de atletas que atuavam na zona de ataque, Drubscky (2003) relata que naquele tempo o jogo consistia em parecer em partir “sem dó” para cima do espectador adversário com quase todo o time.

Com o passar dos anos o processo de evolução do futebol foi sofrendo transformações, quando se observou a necessidade de uma melhor distribuição dos jogadores no campo de jogo (Bettega, Fuke & Schmitz Filho, 2010), o que veio a gerar um maior equilíbrio entre os setores ofensivos e defensivos, fazendo com que as equipes tivessem uma maior organização tática, o que consequentemente veio a melhorar a distribuição dos atletas no espaço de jogo. Nesse processo de organização tática surgiram os sistemas táticos 1-2-2-6 e o 1-2-3-5.

Segundo Rocha (2010) Herbert Chapman, o treinador do Arsenal, um dos principais clubes da Inglaterra, criou o sistema WM, que durou cerca de 30 anos como o principal esquema de jogo no mundo todo; segundo ele, os jogadores eram distribuídos em três zagueiros, dois médios e cinco atacantes.

Com a utilização do sistema WM e sua evolução para o 1-4-2-4, os atletas passaram a ser bastante exigidos na prática do jogo. Esse aumento da dinâmica e competitividade nos jogos de futebol acabou deixando explicito a necessidade de um maior nível físico por parte dos atletas, exigência indispensável e fundamental no futebol atual, tendo os jogadores atualmente a obrigação de realizar várias funções táticas durante o decorrer do jogo de futebol. Dessa forma os atletas de futebol deixam de ser especialistas em uma única função e passam a serem jogadores universais. Em busca da sincronia perfeita entre a parte ofensiva e defensiva surgiram os sistemas táticos, 1-4-3-3, 1-4-4-2 e 1-3-5-2 que atualmente são os mais utilizados em todo o mundo futebolístico.

Considerando a necessidade de um maior conhecimento sobre os aspectos históricos e evolutivos dos sistemas táticos no futebol, este estudo tem por objetivo: Realizar uma analise a partir da produção bibliográfica sobre a evolução e aplicação dos sistemas táticos no futebol.

 

2.0 METODOLOGIA

Este estudo trata-se de uma revisão de literatura realizada através de levantamento bibliográfico. Segundo LAKATOS & MARCONI (2001), trata-se do levantamento de toda a bibliografia já publicada em forma de livros, revistas, publicações avulsas em imprensa escrita, documentos eletrônicos. Utilizando artigos, livros e revistas que apresentam dados sobre o objeto em estudo.

Para este estudo utilizou-se como meio de busca o Google acadêmico, utilizando as seguintes palavras como base para a pesquisa: Sistemas táticos; Esquemas táticos; Evolução tática do futebol; Futebol e História do futebol.  

A inclusão de alguns artigos mais antigos foi necessário devido á relevância cientifica demonstrada para a compreensão do tema. Foram incluídos na pesquisa, artigos originais, artigos de revisão, livros e revistas, publicados a partir de 1994 á 2012, na língua portuguesa.

 

3.0 REVISÃO DA LITERATURA

 

3.1 SISTEMA TÁTICO 

No inicio da pratica do futebol havia uma bola e vinte e dois atletas correndo de forma desorganizada no campo de jogo, sendo essa disputa pela posse da bola realizada de forma desestruturada e sem organização tática. Mas, à medida que o jogo se desenvolveu, os sistemas de jogo procuraram obter um melhor aproveitamento dos seus jogadores, através do seu posicionamento em campo (PARREIRA, 2005).

 Para (OLIVEIRA, 1994) por sistema tático se entende a disposição de jogadores em campo de forma que atenda os problemas de estruturação, permitindo amplas possibilidades para variações táticas.

Segundo Ferreira, Paoli e Costa (2008), o sistema de jogo pode ser definido como a distribuição dos jogadores de uma equipe dentro de campo, de forma que possa ocupar de maneira racional todos os setores do campo, sendo que tal distribuição dos jogadores em campo acontece em três grupos: linha defensiva, linha média e linha ofensiva.

A escolha do sistema tático de uma equipe de futebol, deve sempre respeitar alguns aspectos, o principal é o respeito à individualidade e as características dos atletas que compõe o seu grupo. Conhecer o adversário e seus próprios atletas bem como as condições em que o jogo será disputado, fornecerá subsídios á escolha do treinador por um determinado sistema na montagem de sua equipe (AZEVEDO, 2009). Partindo desses princípios, podemos dizer que existem três objetivos fundamentais relacionados e cumpridos pelos sistemas táticos.

Distribuem os jogadores pelo campo, de forma racional homogênea e coerente, e dividem-se nos setores defensivos, médio e ofensivo; Atribuindo determinadas tarefas ou conjuntos de tarefas a um ou mais jogadores e baseados nos objetivos táticos da equipe e do adversário, os esquemas táticos asseguram a racionalização das potencialidades individuais e coletivas; Estabelecem regras ou normas que servem de base para a orientação dos comportamentos dos jogadores e da equipe, sejam comportamentos táticos ou técnicos, ou seja, o processo defensivo ou ofensivo (CORREIA, 2011).

Seguindo a nossa linha de raciocínio, podemos dizer que com os sistemas táticos no futebol. As características do jogo alteram-se de uma forma significativa com o aumento da autonomia e o alargamento do espaço de ação dos jogadores (OLIVEIRA & TAVARES, 1996). Dessa forma as equipes passam a ser vistas como um todo, tornando-se um sistema em que um conjunto de jogadores em interação dinâmica está organizado em função da realização de um único objetivo.

 

3.2 EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS TÁTICOS 

No que se refere á evolução dos sistemas tático, fica explicita a sua evolução, uma vez que tudo relacionado ao futebol evoluiu.

De acordo com Guia; Ferreira; Peixoto (2004) desde sua origem até os dias de hoje o futebol tem como característica de sua essência o jogo de bola, no entanto suas mudanças como: regras, tempo de jogo, local de jogo e suas dimensões e sua sistematização e modernização o tornaram um esporte de alto rendimento, cada vez mais competitivo refletindo assim em suas características técnicas, táticas e físicas.

Hoje em dia observamos as equipes com sistema de jogo bem definido, para serem utilizados, esses sistemas passaram por várias mudanças no decorrer dos anos a fim de aperfeiçoá-los para se tornarem mais eficazes (Mattos & Jabur, 2008).

De acordo com Barbieri, Benites e Souza Neto (2009), os sistemas de jogo conhecidos atualmente foram efetivamente utilizados quando o futebol moderno surgiu, sendo delimitada a participação de 11 jogadores por equipe. Com á delimitação de 11 atletas no campo de jogo, pode-se aprimorar a parte tática, já que os esquemas táticos evoluíram devido à evolução dos jogadores que realizam duas ou mais funções em campo (Prado & Bentetti, 2005).

Seguindo a evolução dos sistemas táticos, presenciamos no mundo do futebol diferentes formas de distribuição das equipes no campo de jogo. Alguns exemplos são: Os sistemas G-1-1-8, que atuava com um goleiro, um zagueiro e um volante, e oito atacantes, tendo sua atenção totalmente voltada para marcação do gol. G-1-2-7, sendo formado por um goleiro, um zagueiro, dois meio campistas e sete atacante, G-2-2-6, foi a partir deste sistema que os treinadores passaram a buscar um maior equilíbrio entre o setor ofensivo e defensivo, surgindo em seguida o sistema CLÁSSICO ou PIRAMIDAL, G-2-3-5, que atuava com um goleiro, dois zagueiros, três meio campistas e cinco atacantes. Em 1925, segundo Rocha (2010) Herbert Chapman, o treinador do Arsenal, um dos principais clubes da Inglaterra, criou o sistema WM, que ficou cerca de 30 anos como o principal esquema de jogo no mundo todo. Seguindo a linha do WM, foi lançando o sistema Diagonal, praticado pelos brasileiros até 1958.

O sistema G-4-2-4 foi considerado o primeiro esquema tático lógico, quando se tinha em mente que o único objetivo do futebol era a marcação do gol, tal sistema era formado por um goleiro, dois zagueiros centrais e dois laterais, dois meio-campistas, e mais quatro atacantes, onde dois são pontas e os outros dois são centroavantes. Seguindo a linha de raciocínio que a melhor defesa é o ataque, o sistema G-4-2-4 perdeu espaço para o G-3-4-3, que tinha sua constituição com três zagueiros, sendo um deles líbero, quatro meio campistas e três atacantes. A verdade é que todos os sistemas táticos que foram apresentados anteriormente dificilmente tem sua aplicabilidade nos jogos de futebol atual, pois com a evolução desse desporto se viu a necessidade de uma boa organização tática entre os setores ofensivo e defensivo, o que se faz a partir de uma distribuição organizada dos jogadores nos setores do campo de jogo, tal distribuição que não era vista nos sistemas táticos mais antigos.

 

3.3 SISTEMAS TÁTICOS MODERNOS

A partir do século XX o futebol passou a ter uma supervalorização da defesa, o que resultou no surgimento de esquemas táticos preocupados em distribuir os atletas de forma bem equilibrada dentro de campo.

Seguindo a linha de pensamento dos tempos modernos, presenciamos o ressurgimento do sistema G-4-3-3, que vira e mexe acaba sendo utilizado por alguns treinadores. Barbieri, Benites, Souza Neto (2009), afirmam que o G-4-3-3 surgiu em 1958. Tal sistema é altamente ofensivo e depende que seu meio de campo seja composto por jogadores habilidosos e confiáveis, tendo todos os atletas obrigações ofensivas e defensivas.

Esse sistema preconiza uma estrutura defensiva de quatro defensores, sendo um lateral direito, um zagueiro central (lado direito), um quarto zagueiro (lado esquerdo) e um lateral esquerdo. Na frente dos quatro defensores posicionam-se três meio-campistas e na zona ofensiva mais três atacantes (MELO, 1999).

Atualmente, os sistemas táticos mais utilizados são o G-4-4-2 e o G-3-5-2, que na visão dos treinadores de futebol são os esquemas táticos que possuem uma melhor distribuição entre os setores ofensivo e defensivo.

O G-4-4-2 é disparado o sistema mais utilizado e de fácil entendimento no futebol atual, exemplo maior disso são as “peladas” futebol entre amigos, onde é utilizado o tradicional sistema.

 No sistema G-4-4-2 a distribuição dos jogadores apresenta, quatro atletas previamente definidos como defensores, sendo um lateral direito, zagueiro central (lado direito), um quarto zagueiro (lado esquerdo) e um lateral esquerdo. O setor de meio campo dispõe de quatro atletas e o setor ofensivo de dois atacantes (MELO,1999).

Barbieri, Benites, Souza Neto (2009) caracterizam este sistema com uma maior intensidade na marcação e o bloqueio dos espaços, configurando uma nova era para o futebol.

Segundo Barbieri, Benites e Souza Neto (2009) o sistema G-3-5-2 começou a criar forma na década de 70, na Itália com o surgimento do líbero. Para Drubscky (2003) o sistema G-3-5-2 é fruto da sequencia de evoluções que o futebol competitivo sofreu até pouco tempo atrás.

O sistema 3-5-2 é composto inicialmente por três zagueiros com características bem definidas “bons marcadores”, o meio campo é formado por cinco jogadores, sendo que dois atuam pelas alas do campo e os outros três compõem a zona central do campo, já a frente é composta por dois atacantes (MELO, 1999). Seguindo a evolução continua do futebol, hoje observamos equipes atuando com esquemas táticos nunca vistos antes, alguns exemplos são o G-5-3-2, G-5-5-0, G-4-5-1, G-4-6-0. A verdade é que a distribuição dos atletas em todos os esquemas táticos pode apresentar-se de forma variada, dependendo do objetivo da equipe.

 

4.0 CONCLUSÃO

Através dos estudos realizados, concluímos que o futebol continua em constante evolução, o que não podemos dizer o mesmo com relação aos sistemas táticos, ficando explicito a falta do surgimento de novos sistemas de jogo na prática do futebol, o que limitar os treinadores e suas equipes a atuarem nos tradicionais G-4-4-2, G-3-5-2 e G-4-3-3, com suas devidas variações. A verdade é que os estudiosos envolvidos no mundo do futebol conseguiram achar a tal formula para haver uma boa distribuição tática dos atletas dentro do campo de jogo, dando maior compactação entre os setores defensivo e ofensivo, fazendo com que no futebol atual as equipes atuem de forma organizada no campo de jogo.

  

 

REFERÊNCIAS 

  • AZEVEDO, J. P. P. A construção de uma forma de jogar especifica. Um Estudo de Caso em Carlos Brito na Equipe Sênior do Rio Ave Futebol Clube. Porto, 2009.
  • BARBIERI, Benites & Souza Neto. Os sistemas de jogo e as regras do futebol: Considerações sobre suas modificações. Motriz. Rio Clarto, v.15, n.2, p. 427-435, abr./jun.2009.
  • BETTEGA, Fuke & Schmitzm Filho. Caracterização dos sistemas táticos e dos tipos de defesa mais utilizados atualmente no futebol. Itajaí, 2010.
  • CORREIA, Valter. O Esquema Tático. Teoria do Futebol.com. Disponível em: <http://www.teoriadofutebol.com/apps/blog/show/9916994-o-esquema-tatico > acesso em 08 out. 2012.
  • DRUBSCKY. R. O Universo Tático do Futebol; Minas Gerais. Ed Health, 2003.
  • FERREIRA, Rafael B, Paoli, Próspero B. & Costa, Felipe R. da. Proposta de “scout” táticos para o futebol. Revista Digital Educación Física y Deportes, v. 12, n. 118, p 1-13, Buenos Aires, marzo, 2008.
  • OLIVEIRA, J. F. Análise da evolução dos sistemas de jogo no futebol, a nível mundial e brasileiro. 1994. 26f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Educação Física) – Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 1994.
  • OLIVEIRA. J. & TAVARES. F. Estratégia e Táctica nos Jogos Desportivos Coletivos. 1997. Centro de Estudos dos Jogos Desportivos. Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física. Universidade do Porto.
  • PARREIRA, C. A. Evolução Tática e Estratégias de Jogo. Brasília: Ed. EBF, 2005.
  • PRADO, Daniel A. do & BENETTI, Waldir. As características físicas, táticas e técnicas do jogador profissional em suas respectivas posições dentro do campo. 2005. Monografia (Graduação em Educação Física) – Centro Universitário Claretiano. Batatais: Ceuclar.
  • ROCHA. R. A. S. G. Análise da evolução dos esquemas táticos do futebol brasileiro. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano 8, nº 26, out/dez 2010.
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  • LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade.  Fundamentos de metodologia científica. 4. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2001.
  • LEAL, J.C. Futebol: Arte e oficio. Rio de Janeiro: Editora Sprint, 2001.
  • Mattos, Danilo. M; Jabur, Marcelo. N. Capacidade aeróbia e composição corporal nas diferentes posições do futebol. Ano 13 – nº. 123. Buenos Aires. Revista Digital de Buenos Aires. Agosto de 2008.
  • MELO, R. S. Sistemas e táticas para futebol. Rio de Janeiro:Ed Sprint, 1999.

 

 

 

 

 

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Rinaldo Adriano de Oliveira

por Rinaldo Adriano de Oliveira

Licenciado & Bacharel (Educação Física) Universidade Salgado de Oliveira Professor/Personal Trainer & Preparador Físico.

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