A forma pelo qual a energia é utilizada durante uma atividade física afeta o nível de açúcar sangüíneo. Para lidar com isso o corpo possui três sistemas energéticos distintos que fornecem aos músculos ATP (trifosfato de adenosina), fonte direta e imediata de energia para todas as contrações musculares. Uma vez que o impulso nervoso inicia a contração muscular, o cálcio é liberado no interior desta célula, o ATP fornece energia às fibras musculares e então ocorre a contração. Evidencia-se então a fundamental importância do ATP neste fenômeno, sendo que sem aquele este não ocorreria. Segundo Cancelliéri (1999) os sistemas energéticos são formas, processos que permitem abastecer os músculos e o organismo em sua totalidade, transformando energia química em mecânica, para assim podermos realizar nossas atividades.
Sistema ATP-CP Esse sistema energético é utilizado principalmente em atividades curtas e vigorosas, podendo também ser chamado de fosfagênio ou anaeróbio[1] alático[2]. As reservas de fosfagênio (ATP e CP - creatina fosfato) podem apenas incentivar um esforço por um tempo de seis a dez segundos - atividades ditas de 'explosão'. Incluem-se neste quadro atividades como o powerlifting [3], os sprints [4]de 40 m, o lançamento de dardos, o salto e distância e a "enterrada" no basquete. O segundo sistema (sistema do ácido lático) energético se encarregará de fornecer a energia adicional, se a atividade perdurar por mais tempo. Colberg (2003) expõe que esses tipos de atividades não reduzem o nível de açúcar no sangue já que a glicose não está envolvida na produção de energia, mencionando que tais atividades intensas podem elevar o açúcar sangüíneo quando acompanhados por uma liberação intensificada de certos hormônios.
Nesse sistema não utilizamos glicose, ficando claro que exercícios de duração inferior a 20 segundos não são úteis para diabéticos, pois não contribuem para diminuir a taxa de glicose sanguínea. Muito pelo contrário, exercícios de tão curta duração podem até elevar a glicemia, sendo portanto desaconselhados. (CANCELLIÉRI, 1999, p. 36).
Sistema do Ácido Lático ou Glicolítico O glicogênio armazenado no músculo pode ser degradado até glicose, utilizada para obtenção de energia. Quando solicitado, o glicogênio converte-se imediatamente em glicose - processo denominado de glicogenólise. Na continuação da degradação (glicólise), a glicose transforma-se em piruvato e na ausência de oxigênio, termina em ácido lático - o acúmulo deste substrato diminui o pH do músculo e do sangue, causando a fadiga muscular e fazendo com que cesse a atividade física. Esse sistema se faz presente em atividades intensas e com duração de quinze segundos a três minutos.
Neste tipo de sistema de fornecimento de energia nosso organismo já começa a utilizar glicose, mas muito pouca para promover diminuição significativa da glicose sangüínea e ainda, dependendo da intensidade, pode elevar a taxa glicêmica, sendo também desaconselhada para o diabético. (CANCELLIÉRI, 1999, p. 37). A glicólise anaeróbia é muito importante durante o exercício, principalmente porque permite um fornecimento de ATP relativamente rápido, correspondente ao dobro do sistema de fosfagênio.
Sistema Oxidativo ou Aeróbio Nesse sistema além da glicose tem-se também a utilização de gorduras (na forma de ácidos graxos livres) e de aminoácidos (em casos particulares de esforços extremos) como fonte de energia (substratos). Abrange atividades físicas que ocorram acima de 3 minutos, onde o oxigênio já é utilizado nas reações, contribuindo para elevação do metabolismo da glicose e posteriormente do metabolismo das gorduras. Tal sistema é evidenciado nas atividades de baixa ou média intensidade e longa duração.
Para que a glicose possa ser utilizada eficientemente e contribuir para o controle do diabetes faz-se necessária a presença de oxigênio nas reações químicas de "quebra" da glicose, razão pela qual preconizou-se exercícios de intensidade leve e moderada e de média e longa duração, na prescrição da atividade física para perda de peso e diminuição da glicemia. (CANCELLIÉRI, 1999, p. 34).
Cancelliéri (1999) enfoca que a estimativa para maior utilização da glicose como fonte de energia aconteça nos primeiros quinze a vinte minutos de atividade - após o décimo quarto minuto a captação de glicose pode atingir valores de sete a vinte vezes superiores à captação em repouso, variando de acordo com a intensidade do exercício. Após esse tempo predomina a gordura como fonte de energia. Aqui é que os benefícios da atividade física começam a ser observados, sendo este o tempo mínimo de atividade recomendada ao diabético em sua rotina de exercícios.
Referências Bibliográficas CANCELLIÉRI, C. Diabetes e Atividade Física. São Paulo: Fontoura, 1999.
COLBERG, S. R. Atividade Física e Diabetes. São Paulo: Manole, 2003.
[1] Não requer oxigênio para produção de energia
[2] Não tem como produto final o ácido lático
[3] Levantamento de peso envolvendo agachamento, supino e levantamento terra.
[4] Corrida com intensificação máxima de velocidade.
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por Colunista Portal - Educação
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