O papel do designer instrucional no e-learning

Educação

06/08/2008



O design instrucional é a ligação entre a teoria de aprendizagem e a prática educacional e pedagógica. As teorias são a base, o designer instrucional o meio e a tecnologia funciona como suporte da prática.


* Ricardo Carvalho




Empenhado e convicto de que a união da tecnologia com a educação só trará bons frutos para nossa sociedade, vejo na democratização da informação e da tecnologia um futuro de oportunidades iguais.

No artigo anterior, comentei sobre o educador no papel de roteirista e diretor criador do storyboard, nosso roteiro para cursos online. Conforme citei, quero apresentar o designer instrucional responsável pelo storyboard no e-learning.

Vamos considerar que o designer instrucional durante a criação do stroryboard tem o propósito de construir uma estrutura que fragmente o conteúdo em porções que possam ser transmitidas facilmente. Ou seja, aplicar didática.

Diferente do educar, o instruir permite o estudo com ou sem a presença do professor/orientador. Instrução é um processo de ensino/aprendizagem planejado para atingir objetivos específicos e pré-determinados. Instruir é mais do que informar; é orientar de forma que as necessidades do indivíduo sejam supridas, aplicar a prática e apresentar um retorno (feedback).

Vamos começar:

    * 1) Análise das necessidades, do suporte ou mídia (mp3, CD, internet) e definição do objetivo;
    * 2) Definição dos objetivos, seleção das estratégias e fixação do cronograma;
    * 3) Desenvolvimento, criação ou adaptação de material;
    * 4) Implementação e
    * 5) Avaliação sobre a eficiência. Esse passo pode ser responsável por melhorias e principalmente pela continuidade do trabalho.

Um pouco da história: por volta de 1890, Thorndike conduzia as primeiras investigações sobre o fenômeno da aprendizagem humana e durante seus estudos formulou a teoria Conexionista, segundo a qual a aprendizagem equivale ao estabelecimento de conexões entre estímulos e respostas.

Em 1950, Bloom formulou a Taxonomia, que influencia ainda mais o modelo atual de design instrucional, onde criou uma linguagem comum e padronizada para identificar e classificar as atividades educacionais. Os seis níveis definidos por Bloom estão divididos em abstratos (avaliação, síntese, análise) e concretos (aplicação, compreensão e aquisição de conhecimentos). Muito parecido com modelo que citei no inicio do artigo e válido na maioria das empresas.
Mas foi em 1965, que Robert Gagné publicou The Conditions of Learning, no qual descreveu cinco tipos de resultados de aprendizagem:

    * Informação verbal;
    * Habilidades intelectuais;
    * Habilidades psicomotoras;
    * Atitudes e estratégias cognitivas.

Para quem anotou esse nome, aqui estamos retomando sua importância e influência.

Gagné descreveu mais nove eventos:

    * 1) Estimular a atenção;
    * 2) Informar aos alunos os objetivos;
    * 3) Estimular a recuperação de pré-requisitos;
    * 4) Apresentar o material de estímulo;
    * 5) Proporcionar ajudas pedagógicas (guiar a aprendizagem);
    * 6) Elicitar a execução (fazer a aprendizagem acontecer);
    * 7) Propiciar retroalimentação informativa;
    * 8) Avaliar a execução e
    * 9) Promover a retenção e a transferência.

Devemos encarar esses parâmetros como metas em nosso storyboard.

O item sete conduziu Skinner, 1950 e 1960, dentro do movimento da instrução programada, a contribuir para a formulação e/ou renovação dos padrões inserindo o “feedback” imediato, o que fazemos hoje com programação no curso online.

O AIDA, de Advanced Instrucional Design Advisor, é patrocinado pela Força Aérea dos Estados Unidos, um dos principais usuários de treinamentos via computadores (ou CBT, de Computer Based Trainning) – do mundo.

As Forças Armadas do Brasil e órgãos do governo também utilizam CBTs. AIDA reúne uma equipe de especialistas nas áreas de psicologia cognitiva, inteligência artificial, sistemas de computadores e design instrucional, formada por Robert Gagné, Henry Hallf, David Merril, Robert Tennyson, Harry O’Neil, Martha Polson e Charles Reigeluth, entre outros. Os interessados aqui encontram nomes que reforçam as possibilidades e conhecimentos da área e podem comprovar a importância de um time multidisciplinar com um único propósito.

A justificativa para criar essa equipe foi automatizar o processo do design instrucional (já havia planos e métodos de ensino aplicados em mídia gráfica, radiofônica e televisiva), para torná-lo mais eficaz e aplicá-los nos CBTs (na época novos e sem referências). Anos depois notamos que pouca coisa mudou e os critérios definidos no passado aplicam-se tranqüilamente sem restrições, apenas devemos sempre colocar em contexto a nossa realidade.

O resultado foi o seguinte modelo criado pelo AIDA:

    * Informação sobre os alunos, o ambiente e as tarefas;
    * Informação quanto ao conteúdo;
    * Executivo AIDA;
    * Componente das estratégias;
    * Mecanismo de disponibilização e componente de avaliação.

A evolução desse modelo se dá na contextualização e na aplicação das estratégias e teorias instrucionais citadas também no artigo anterior.

O design instrucional é a ligação entre a teoria de aprendizagem e a prática educacional e pedagógica, o que conhecemos como didática e são equivalentes. As teorias são a base, o designer instrucional o meio e a tecnologia funciona como suporte da prática.

Ainda temos muito para conhecer e explorar. Por exemplo: algumas escolas possuem rádios internas. Alguém conhece um exemplo? Esse assunto merece atenção também.

Em nosso próximo encontro vamos comentar sobre tecnologias de apoio, ferramentas de autoria, dicas e mais orientações para por a mão na massa…

[Retirado: Webinsider]



* Ricardo Alves de Carvalho (r.carvalho@uol.com.br)
 é designer, coordenador de desenvolvimento web, professor e
especialista em ensino a distância.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


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