Os profissionais da área da saúde, historicamente não eram considerados como uma categoria profissional com elevado risco para os acidentes de trabalho. A preocupação com os riscos biológicos surgiu somente após a constatação dos agravos à saúde dos profissionais que executavam suas atividades nos laboratórios onde era realizada a manipulação com micro-organismos e com material clínico a partir do início dos anos 40.
Entretanto, somente a partir da década de 80 que os profissionais que atuavam na área clínica após a epidemia da AIDS foi que as normas para as questões de segurança no ambiente de trabalho que foram mais bem estabelecidas e definidas.
A definição dos profissionais e dos trabalhadores que devem ser considerados como parte integrante do setor saúde, e, portanto, expostos ao risco de contaminação ocupacional é bastante complexa. Essa definição, no entanto, é necessária para que se calculem algumas taxas de exposição que envolva as categorias profissionais específicas.
Alguns autores conceituam como trabalhadores de saúde todos aqueles que se inserem direta ou indiretamente na prestação de serviços de saúde, no interior dos estabelecimentos de saúde ou em atividades de saúde, podendo deter ou não formação específica para o desempenho de funções referentes ao setor.
O vínculo de trabalho no setor de atividade de saúde, independentemente da formação profissional ou da capacitação do indivíduo, é o mais importante na definição de trabalhador de saúde.
Analogamente, definem como profissionais de saúde todos aqueles que detêm formação profissional específica ou capacitação prática ou acadêmica para o desempenho de atividades ligadas diretamente ao cuidado ou às ações de saúde, independentemente de trabalharem ou não nas atividades de saúde.
Um fator de mais importância na definição de profissional de saúde é a sua formação e capacitação adquiridas com a finalidade de atuar no setor de trabalho. A terceira categoria é a do pessoal de saúde, definida como o conjunto de trabalhadores que, tendo formação ou capacitação específica - prática ou acadêmica trabalham exclusivamente nos serviços ou atividades de saúde.
É a interseção das duas categorias descritas anteriormente, sendo formada pelos trabalhadores de saúde com capacitação ou formação para exercer funções ou atividades de saúde.
A maioria dos dados disponíveis sobre o total da força de trabalho da área de saúde no Brasil provém dos censos demográficos nacionais de registros administrativos do Ministério do Trabalho, como a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), e dos Conselhos Federais de Medicina, Enfermagem e Odontologia.
Qualquer categoria profissional está sujeita e sob risco a um acidente de trabalho com material biológico. Além dos profissionais de saúde, os acompanhantes, visitantes e outros profissionais que estejam ocasionalmente nos serviços de saúde também podem sofrer exposições a materiais biológicos.
O número de contatos com sangue, incluindo exposições percutâneas e mucocutâneas, varia conforme as diferentes categorias profissionais, as atividades realizadas pelo profissional e os setores de atuação dentro dos serviços de saúde.
Profissionais de saúde da área cirúrgica, odontólogos e profissionais de setores de atendimento de emergência são descritos como profissionais de alto risco de exposição a material biológico.
A probabilidade de ocorrer à exposição é grande entre estudantes ou estagiários e entre profissionais em fase de treinamento já que não há treinamentos adequados nos cursos de formação técnica ou profissional sobre as formas de prevenção às exposições a material biológico.
A equipe de enfermagem é uma das categorias profissionais mais sujeita a exposição a material biológico conforme estatísticas observadas. O elevado número de exposições relaciona-se, principalmente, pelo fato o grupo ser o maior nos estabelecimentos de saúde, ter mais contato direto na assistência aos pacientes e também ao tipo e à frequência dos procedimentos realizados pela categoria.
A frequência de exposições é maior entre auxiliares e técnicos de enfermagem, quando comparados a profissionais de nível de instrução superior (enfermeiros) (RIO DE JANEIRO, [s.d.]).
Os riscos de exposição entre médicos variam conforme as diferentes especialidades. Entre médicos de enfermarias clínicas, o número estimado de exposições pode variar de 0,5 a 3,0 exposições percutâneas e 0,5 a 7,0 mucocutâneas por profissional-ano (RIO DE JANEIRO, [s.d.]).
Entre os médicos cirurgiões, são estimados 80 a 135 contatos com sangue por ano, sendo 8 a 15 exposições percutâneas. Considerando-se que um cirurgião realiza entre 300 e 500 procedimentos por ano, estima-se que este profissional será vítima de 6 a 10 exposições percutâneas por ano (RIO DE JANEIRO, [s.d.]).
Os odontólogos também são uma categoria profissional com grande risco de exposição a material biológico. Os estudos mostram que a maioria dos dentistas (quase 85%) tem pelo menos uma exposição percutânea a cada período de cinco anos (RIO DE JANEIRO, [s.d.]).
A maioria dos casos de contaminação pelo HIV em todo o mundo por acidente de trabalho, mais de 70% dos casos comprovados e 43% dos prováveis, envolveram a categoria de enfermagem e de profissionais da área de laboratório.
Profissionais de laboratórios clínicos são responsáveis por grande parte dos procedimentos que envolvem material perfuro-cortante nos serviços de saúde. O número de profissionais de laboratório infectados pelo HIV, entretanto, é desproporcional ao número de indivíduos na força de trabalho.
Nos Estados Unidos (EUA), por exemplo, os flebotomistas correspondem a menos do que 1/20 do número de profissionais das equipes de enfermagem. Outras categorias profissionais comuns contaminadas pelo HIV foram médicos clínicos, incluindo estudantes de medicina, responsáveis por 12% e 10% dos casos comprovados e prováveis, respectivamente, e médicos cirurgiões e dentistas, responsáveis por 12% dos casos prováveis de contaminação, mas por menos de que 1% dos casos comprovados (RIO DE JANEIRO, [s.d.]).
O número de acidentes envolvendo material biológico pode ser reduzido se as normas de biossegurança forem implementadas no ambiente de trabalho, conforme demonstrado no estudo de Beekmann et al. apud Caixeta e Branco (2005), realizado no Centro Clínico do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, em Maryland.
Os acidentes relacionados a comportamentos considerados de risco, como reencapar agulhas, diminuíram de 16,0% para 10,0%, redução estatisticamente significativa, o que comprova a eficiência dessa recomendação.
A incorporação da prática de não reencapar agulhas pelos profissionais de saúde requer o suprimento adequado de recipientes próprios para descarte em todas as unidades hospitalares.
Tornar mais acessíveis os recipientes próprios para descarte, bem como a rotina de descartar esses recipientes antes da superlotação. Esses estudos ressaltam a importância de se fazer um diagnóstico das condições de risco de acidentes com agulhas, a fim de buscar soluções fundamentadas na realidade de cada instituição hospitalar.
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por Colunista Portal - Educação
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