Avaliação da Privação de Sono e dos Padrões Fisiológicos nos Profissionais em Enfermagem do Município de Quixadá.

Enfermagem

31/03/2008

Resumo:

Entre os mais antigos grupos profissionais que trabalham em sistemas de turnos, encontram-se os dos serviços de saúde, dentre os quais os enfermeiros e os auxiliares de enfermagem.
As escalas de trabalho em hospitais são geralmente organizadas em turnos fixos contínuos, uma vez que os serviços dessas instituições exigem um funcionamento ininterrupto durante as 24h do dia, sete dias por semana. No Brasil, já é uma tradição adotar-se, para o corpo de enfermagem, o turno de 12h de trabalho diário (diurno ou noturno), seguido de 36 horas de descanso (MELLO et al, 2000).
Vários estudos foram realizados para avaliar as conseqüências do trabalho em turnos no ciclo vigília-sono dos trabalhadores da área da saúde. Com base numa pesquisa realizada com 970 enfermeiros selecionados aleatoriamente em hospitais públicos de Valência, Espanha, mostrou que, para ambos os sexos, o trabalho em turnos conduz a uma redução na duração de sono e alteração na qualidade deste (METZNER et al, 2001).
Sono é um estado regular, recorrente e facilmente reversível do organismo, caracterizado por uma relativa quietude e grande elevação no limiar de resposta a estímulos externos, em comparação com o estado de virgília ( KAPLAN, 1997). Definido como um estado de inconsciência do qual a pessoa pode ser despertada por estímulos sensoriais ou outros estímulos. Essa inconsciência deve ser distinguida do coma, que é o estado de inconsciência do qual a pessoa não pode ser despertada. Existem múltiplos estágios do sono, desde o sono muito leve até o sono profundo (GUYTON e HALL, 2002).
O aumento mundial na utilização de sistemas de trabalho em turnos que envolvam semanas reduzidas de trabalho explica o crescimento no número de estudos que enfocam os reflexos na saúde dos trabalhadores expostos.
Ferreira argumenta que a mais importante contribuição da cronobiologia (ramo da biologia contemporânea que se ocupa do estudo da ritmicidade biológica) ao estudo da atividade humana no trabalho é a noção de variabilidade das funções biológicas ao longo das 24 horas do dia. Isso faz com que os trabalhadores respondam ou tendam a responder diferentemente a uma mesma situação de trabalho, conforme o momento do 5
dia em que ela ocorra. Esse fato, por si só, já traz um dado importante, que se refere à variação do desempenho ao longo das 24 horas para qualquer pessoa. Quando nos referimos a turnos irregulares de trabalho, temos ainda outros fatores a associarmos a essas variações de desempenho. A fadiga aguda ou crônica produzida por muitas horas de trabalho, associada à privação ou redução significativa das horas de sono, são os principais fatores que influenciam o desempenho do indivíduo (GASPAR; MORENO; MENNA-BARRETO, 1998)
A espécie humana, como muitas outras, organiza suas atividades segundo um ciclo de 24 horas (GASPAR; MORENO; MENNA-BARRETO, 1998)
Durante o sono, dois estados distintos tem sido definidos com base nos parâmetros fisiológicos. Observa-se um chamado sono NREM (Movimentos Não Rápidos dos Olhos) associado às fases 1, 2, 3 e 4 e o sono REM (movimentos rápidos dos olhos). A maioria dos adultos dorme de 7 a 8 horas por noite, embora a cronologia, a duração e a estrutura do sono, geralmente, variem entre pessoas aparentemente saudáveis e em função da idade (PRINZ et al., 1992). Nos extremos etários (lactentes e idosos) observam-se freqüentes interrupções do sono (PILCHER et al.,1996). Um grande passo nos estudos envolvendo o ciclo vigília-sono foi dado a partir da possibilidade de se estabelecer uma correlação entre os padrões comportamentais e o eletroencefalográfico. O traçado típico da vigília caracteriza-se por ondas de baixa amplitude e de alta freqüência, enquanto que, à medida que se aprofunda, o sono apresenta ondas de voltagens crescentes e freqüências decrescentes, caracterizando fases distintas e que se ciclam durante o período em que o indivíduo dorme (MELLO et al, 2000).
Até ao momento o sistema de classificação dos estágios do sono mais amplamente aceito é o de Rechtschaffen e Kales. Uma premissa importante desse sistema de classificação é de que o sono REM, o NREM (movimentos não rápido) e a vigília são fenômenos fundamentalmente diferentes, determinados por variáveis eletrográficas e fisiológicas, e de que o REM e o NREM se alternam durante a noite. Nem o sono nem a vigília são considerados processos unitários, sendo possível subdivisões praticamente ilimitadas para qualquer estágio (MELLO et al, 2000).
As fases NREM e REM se revezam durante a noite com um ciclo médio de 90 a 110 minutos; a idade tem um grande impacto sobre a organização do sono (WEBB et al., 1989). O sono de ondas lentas é mais proeminente durante a infância, diminuindo gradualmente com a puberdade e durante a segunda e terceira década da 6
vida (WEBB et al., 1989). Após os trinta anos, há um declínio progressivo, quase linear. O sono de ondas lentas pode estar completamente ausente no idoso sem patologia do sono, sobretudo nos homens (PRINZ et al., 1992).
No início do sono observa-se uma diminuição da percepção de estímulos auditivos e visuais. É relatado que a incidência de sonhos NREM pode ser aumentada pela privação do sono REM (PRINZ et al.,1992). A distribuição dos estágios do sono também é influenciada pela ingestão de drogas. A privação de sono tem sido uma ferramenta usada no entendimento da função do sono e a privação crônica do sono é também um problema de saúde comum (BONNET et al., 1998). Estudos mostram que um terço da população sofre com a privação parcial crônica do sono. De modo geral, a privação do sono associa-se a importantes alterações do humor e da função cognitiva (PILCHER et al.,1996).
Foi relatado que pode haver prejuízos à saúde do trabalhador deixando seqüelas, quer seja nos aspectos psíquicos, físicos, emocionais, quer seja nos seus aspectos sociais, familiares e interpessoais (FUNDACENTRO, 1985). Sabe-se que os sincronizadores ambientais e sociais – ZEITGEBERS - podem impedir uma adaptação ao trabalhado noturno.
Tem sido descrito que o envelhecimento das diversas funções biológicas e psicofisiológicas contribuem para o aumento dos custos do trabalho noturno, na maioria das vezes concebida para trabalhadores mais jovens (BOURLIÈRE; PACAUD, 1981). Já se demonstrou que trabalhadores noturnos estão sob risco de privação de sono, tanto em quantidade como em qualidade; porém o trabalho noturno não parece causar qualquer distúrbio permanente no sono, pois trabalhadores de turnos e noturnos quando estão de férias evidenciam sono normal (MEIJMAN, 1981)
Transtorno de ansiedade e depressão associa-se com freqüência a insônia; entretanto, com os avanços da era moderna e com o modo de viver das grandes metrópoles, os distúrbios do sono se intensificaram (STEPANSKI et al., 2003).
O sono desempenha importante papel na fisiologia de diversos sistemas. A privação do sono ocorre com freqüência em situações de trabalho, particularmente o trabalho em turnos, nas doenças do sono, nos transtornos de ansiedade e depressão e na presença de estresse inevitável. Uma maior compreensão sobre os mecanismos associados à privação de sono pode colaborar para o manuseio dessas diversas situações. Os estudos sobre as relações entre privação de sono, depressão e o uso de agentes terapêuticos ainda são controversos (FISCHER et al, 2002).
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O presente estudo almejou avaliar o padrão de sono dos profissionais de enfermagem do Quixadá uma vez que sempre estão sendo privados parcialmente de sono, podendo ocasionar possíveis alterações fisiológicas comprometendo as suas atividades de rotina e seu próprio bem-estar psíquico, físico e social.

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