22/04/2014
Segundo o conceito da senescência, o ser humano inicia seu envelhecimento a partir da concepção, apresentando alterações anatômicas mais nítidas a partir dos 60 anos, causadas pela diminuição da capacidade do DNA em se comunicar e duplicar-se. Essa capacidade diminui gradativamente com o passar dos anos demonstrando-se através da perda do brilho da pele, que fica ressecada, quebradiça e com turgor diminuído; os cabelos embranquecem e caem, sem falar na diminuição do tônus muscular e da constituição óssea1,2,3.
Frequência Semanal |
ANTES |
DEPOIS |
||||||||
Monótono |
Agitado |
Triste |
Alegre |
% |
Monótono |
Agitado |
Triste |
Alegre |
% |
|
1 a 2 vezes |
11 |
2 |
11 |
3 |
67,5 |
0 |
3 |
0 |
24 |
67,5 |
3 a 4 vezes |
6 |
0 |
1 |
1 |
20 |
0 |
1 |
0 |
7 |
20 |
5 vezes |
4 |
0 |
1 |
0 |
12,5 |
0 |
4 |
0 |
1 |
12,5 |
Indivíduos categorias |
21 |
2 |
13 |
4 |
40 |
0 |
8 |
0 |
32 |
40 |
Total |
52,5% |
5% |
32,5% |
10% |
100 |
0% |
20% |
0% |
80% |
100 |
Fonte: Dados do pesquisador.
Tendo visto que o Centro de Convivência possui a missão de fazer com que os idosos sintam-se acolhidos e vistos como seres humanos, de forma a aumentar sua autoestima e os colocar novamente em uma sociedade. O mesmo é um local monitorizado por uma equipe multiprofissional, composta por: Geriatra, Nutricionista, Assistente Social, Professor de Educação Física, Psicólogo, Gerente, Auxiliar Administrativo, Auxiliar de Serviços gerais e Membros da comunidade. Deixando em aberto a presença do profissional Enfermeiro, que é preparado durante sua graduação inteira para trabalhar com a humanização, sendo também considerado na literatura o elo de promoção do vínculo entre o usuário, e os demais profissionais21.
Portanto de forma analítica e sob uma visão holística representado na tabela 2, conseguimos descrever a visão do idoso frente às mudanças ocorridas em sua rotina diária, para uma melhora da sua qualidade de vida, onde 22 entrevistados (55%) denominam o Centro de Convivência como seu momento de lazer, 4 indivíduos (10%) classificam- no, como o lugar que os mantêm ativos e independentes, 3 idosos (7,5%) relatam que o local os faz sentir inclusos na sociedade e 11 idosos (27,5%) têm o Centro como sua primeira casa, e em segundo lugar a casa onde moram.
Tabela 2 - Visão do idoso para com o Centro de Convivência
CLASSIFICAÇÃO DO CENTRO |
INDIVÍDUOS |
% |
É meu momento de lazer |
22 |
55 |
Mantêm-me ativo e independente |
4 |
10 |
Faz-me incluso na sociedade |
3 |
7,5 |
É a minha primeira casa e depois vem a onde eu moro |
11 |
27,5 |
TOTAL |
40 |
100 |
Fonte: Dados do pesquisador.
Desta forma, fazendo uma associação comparativa desde o início desta pesquisa, cujo apresentou que o psicológico associado ao modo de vida diária dos idosos, antes da sua inclusão nos programas, era de um número alto em relação à desmotivação, e a um estilo de vida monótono.
Assim sendo, o idoso pesquisado nesta amostra, referem perceber que o Centro de Convivência é algo benéfico, promovido pelas relações sociais nas mais diversas atividades desenvolvidas pela instituição, sem as quais, segundo estudos os efeitos negativos na capacidade cognitiva, seriam devastadores, lhes causando depressão e isolamento social, o que é quase sempre irreversível20.
Ao falarmos das atividades do Centro de Convivência São José, podemos listar: a realização de bingos, bailes, passeios, cursos, festas comemorativas, que são responsáveis pelos inúmeros fatores de qualidade de vida alcançados20. Conforme transcrito de forma qualitativa no gráfico 3 e nas respostas às questões dissertativas, em que os voluntários apresentam as melhoras alcançadas em suas vidas:
“Olha... aqui eu faço parte de alguma coisa... eu sou alguém, sabe!”
“Parece que abriu a minha cabeça... é que eu achava que, era besteira esse negócio de caminhar todo dia!”
“... aqui eu descobri que eu também tenho uma vida pra viver... é porque eu já criei todos os filhos, então, achava que tinha acabado...”
“Então... a médica vem e olha a pressão, pede o exame da diabetes... ela até trocou o remédio, e eu to me sentindo melhor!”
“Sabe! Quando eu comecei... achei que não ia gostar. É que não achava graça em mais nada... é como se as coisas tivessem recuperado a cor. Agora tudo brilha, parece um arco- íris... descobri a alegria de viver!”
E de forma quantiqualilativa, os idosos chegaram a reconhecer e caracterizar, com mais de uma classificação os benefícios do programa, onde aparece o lazer citado por 38 dos participantes (95%), a socialização descrita como benefício por todos da amostra (100%) e a regularidade de atividade física, citada por 29 dos entrevistados (72,5%), a alimentação adequada apareceu para 39 participantes (97,5%), já a independência inclusive financeira, pela comercialização de produtos feitos nas oficinas, foi citada por 19 indivíduos (47,5%) e o controle ou reabilitação de doenças foi citada, pelos 29 idosos, já acometidos no momento da adesão (72,5%).
Gráfico 3 – Benefícios que o Centro de Convivência proporciona ao idoso
Fonte: Dados do pesquisador.
CONCLUSÕES
Como se pode perceber, o psicológico e o relacionamento interpessoal estão emaranhados em uma teia que envolve a família, amigos, doenças psíquicas e químicas, estilo de vida, adaptação do ser humano em uma nova rotina e a auto-estima, que direta ou indiretamente influenciam na qualidade de vida. Entendemos que as relações estabelecidas entre o envelhecimento e as regras impostas pela sociedade, pode conduzir o idoso a um calvário apressando sua morte, devido ao desenvolvimento precoce de patologias na fase inicial da terceira idade, que se fortalecem e desencadeia outras no decorrer da velhice, como a depressão por exemplo.
Por isso conseguimos afirmar que a procura precoce dos idosos a qualquer Centro de Convivência, desde o início de sua terceira idade, os preparará para uma nova etapa da vida, mantendo-os com sua auto-estima preservada e oferecendo-lhes dignidade, neste período tão melindroso. Por isso, seria viável que os Centros de Convivência promovessem esse acolhimento inicial pelos enfermeiros, cujo papel principal é promover a humanização, o que seria de grande valia na tentativa de mudar o estilo de vida dos idosos, para mantê-los socializados e como conseqüência, para que possam desenvolver uma qualidade de vida, promovendo a longevidade.
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Bacharel em Enfermagem - 2011/02
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