Julgamentos!

Estética e Beleza

26/11/2015

Eu recebo atualmente contatos de leitoras que me colocam inúmeras situações cotidianas de suas vidas. Cito como exemplo duas delas, relacionadas à aparência: “Sou uma mulher bonita, chamo a atenção onde chego, porém, acho que tenho algum problema nos meus relacionamentos...”. E assim prossegue, relatando o fato de sua beleza, sentindo-se usada. Também existe o oposto da situação: “Sou advogada e, quando estava fazendo um estágio em um escritório de advocacia, fui chamada de gorda. Disseram que, por eu ser assim, não estava gerando lucro ao escritório e o advogado me falou que, por ele ter piedade de mim, iria ficar comigo, mas eu teria de fazer academia e, se eu faltasse um dia aos exercícios, por qualquer motivo que fosse, ele iria me mandar embora e, além disso, reduziria meu salário pela metade...”.

Hoje o que conta é a aparência. O fascínio pela imagem é um cartão de visitas. São muitas as ofertas para a mulher parecer diferente, mais bonita, mais desejável e ilusoriamente perfeita: muda a cor dos olhos, usa cosméticos, tatuagem, aumenta ou diminui partes do corpo, como seios e lábios.

Isso abre portas para o mercado de trabalho e também para inúmeras situações. São tratadas com mais benevolência pelos demais, especialmente as mulheres que possuem aparência de modelo de revista. Estamos falando sobre real beleza, aquele tipo de carisma irresistível que faz com que essas pessoas estejam sempre no topo do mundo, com brilho. Falo de brilho nos olhos, expressão que escutei de um cliente quando relatava os requisitos para uma vaga aberta: “uma moça, precisa ser bonita, boa aparência, ter brilho nos olhos, isso alavanca vendas”.

Certamente conhecemos alguém assim. Pode ser uma amiga próxima ou podemos lembrar de Angelina Jolie, que possui esse atributo, pessoa que tira o fôlego das outras quando chega. Divertida, inteligente, esperta e sexy.

Mas esse charme todo pode ser adquirido ao longo do tempo, pois além de abrir portas, é o desejo de muitas pessoas. Tudo começa com a definição sobre o que é ser atraente. Obviamente, boa saúde e certa beleza, mas, além disso, não basta somente a beleza, tem de ter competência. Claro que a beleza abre portas, mas ela tem de estar somada à capacidade para se manter na vaga, ou no que quer que seja. Depois, é preciso provar que possui capacidade. Até nas relações sociais, todos querem ser amigos daquela pessoa linda.

Num contraponto, também há as belas mulheres que não são consideradas "mulheres para casar", por medo que os homens têm de serem traídos. Cansei de escutar esse questionamento feito por amigos próximos. Por isso, tantas lindas acabam se envolvendo com homens sedutores e ousados que, além disso, não oferecem mais nada.

A beleza não se sustenta sozinha, mas abre portas. Porém, gera ciúmes e as belas precisam empenhar um esforço maior para comprovar suas competências, trilhar seus caminhos, pois o preconceito contra mulheres bonitas ainda existe. As pessoas nem sempre conseguem ver que beleza não exclui competência. Isso tem diminuído muito quando uma contratação é voltada para analisar os resultados.


MARIAN MARTINS nasceu em Paraty, Rio de Janeiro. Psicóloga graduada pela Universidade de Caxias do Sul (RS), atua como psicóloga clínica e perita do Tribunal de Justiça, especialista em avaliação psicológica. |www.marianmartins.com.br |

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