Miasmas

Alguns autores relacionam Miasmas aos problemas morais da humanidade
Alguns autores relacionam Miasmas aos problemas morais da humanidade

Farmácia

30/08/2012

“Se para curar era somente necessário achar o medicamento mais similar possível' de que valeria uma ‘multidão de conceitos imprecisos e filosóficos' durante o ato terapêutico, perguntavam-se atônitos os médicos homeopatas que entravam na homeopatia vindos da escola médica clássica. Aliás, este é um quadro relativamente atual quando observamos que ainda hoje a formação médica clássica não dota os médicos de uma compreensão correta de organismo.


Estudamos uma parte do complexo funcionamento corporal, compreendemos segmentos da patologia humana através do estudo de órgãos, pesquisamos a etiopatologia das enfermidades de forma fragmentada e jamais ensinada a debruçar sobre a imagem do misterioso organismo dinâmico - com suas maravilhosas intercorrelações, ritmos e sinergismos - para realmente pensar sobre aqueles que deveriam ser os fundamentos da arte médica: saúde e vida. De certa forma os miasmas e as oscilações desencadeadas pelas patogenesias sobre os sujeitos permitem que os estudos destas potencialidades vitais ocorram na prática”.


Quanto aos autores que escreveram sobre a teoria miasmática, alguns relacionam Miasmas aos problemas morais da humanidade, outros a distúrbios fisiopatológicos, outros se limitaram a relacioná-la com a Energia Vital. A questão Miasma ainda se ressente de definições mais claras e abrangentes do próprio termo Miasma, de psora, de suscetibilidade, de predisposição. Tudo que se relaciona a Miasmas diz respeito à gênese das doenças e do adoecer, e de como o ser reage a isto. Poderia-se dizer que é onde mais se evidenciam e se usam as diferenças e as semelhanças entre os seres.


Marcadores Miasmáticos


A presente listagem de marcadores miasmáticos (sintomas, intencionalidade ou qualidade de sintomas que identificam os miasmas) proposta para identificação do miasma predominante quando da análise dos casos clínicos surgiu ao estudarem-se comparativamente os autores mencionados. Não se constitui novidade, mas seu objetivo é operacionalizar o miasma no dia a dia da clínica da similitude. Não concordamos de que marcadores miasmáticos não existem, usando como justificativa o fato de serem todos sintomas trimiasmáticos, com predominância de um determinado miasma.


Argumentamos que se aceita a existência do miasmático, este deverá ter seus marcadores, sob o risco de não ser identificados. Como poderemos diferenciar humanos de animais ou vegetais se não temos os elementos que os identifiquem como tais? Poucos são os marcadores comuns a todos os autores, ater-nos-emos, pois àqueles que são consensuais independentemente do construtivismo que os tente justificar. São poucos os comuns, mas existem, e se utilizados na clínica serão de grande valia para a compreensão das patogenesias, para o diagnóstico medicamentoso, para a orientação preventiva dos pacientes e também para o prognóstico, pois além das proposições observacionais de Hering e as prognosticas de Kent, teremos também, para orientação do clínico, a variação ou atenuação das modalidades miasmáticas que acompanham os sintomas, a tão comentada evolução miasmática.



Prognóstico Clínico Dinâmico


PRÓ= antes + GNOSIS= reconhecer. Ou seja, é a arte de predizer o progresso e o fim da enfermidade. (Dr. Maffei - médico patologista)


São, na verdade, um conjunto de observações que homeopatas clássicos fizeram correlacionando a primeira prescrição do medicamento, o que se deve esperar de evolução do caso com o estado do paciente. Utilíssimos, mas que exigem boa observação de seus pacientes e um melhor relato nos animais. Diferem do prognóstico em outras terapêuticas pelo fato de que, embora o clínico não saiba com certeza o que esperar de reação do paciente depois que o medicamento é dado, sabe o que fazer com os resultados desta medicação nele. Pode dar uma falsa sensação de insegurança ao clínico, mas com certeza dá a ele um campo de ação muito maior, já que mesmo em casos clinicamente incuráveis há a possibilidade de melhoria das condições do paciente.


I. Funcional = manifestações sensoriais, alterações bioquímicas;

II. Lesional Leve = alterações em órgãos e tecidos não vitais;

III. Lesional grave = alterações em órgãos e tecidos vitais;

IV. Incurável = alterações tão graves e profundas em órgãos e tecidos vitais (incluindo alterações mentais) que são irreversíveis.


Sempre lembrar que incurável é a lesão e não o ser que está sendo tratado. E isto significa que mesmo num paciente incurável o uso de um medicamento bem elegido é útil. E ainda segundo Elizalde, no caso de ser dado o simillimum:


I. Funcional = melhoram os sintomas mentais, gerais e funcionais com sensação subjetiva de bem estar geral. Ocorre, portanto uma melhora suave, progressiva e sem agravações.

II. Lesional Leve = agravação curta e forte, seguida de rápida melhoria.

III. Lesional Grave = agravação prolongada, seguida de lenta e segura melhoria.

IV. Incurável = a deterioração energética chegou ao máximo, por isso a tentativa do organismo equilibrar-se foi levada às últimas possibilidades, não existindo nada para curar e, portanto não há agravação, e se espera uma paliação com melhora dos sintomas idiossincrásicos (os próprios do doente) e morte em ataraxia (bem estar).


As 12 observações prognósticas de Kent - são as situações que ocorrem após ter sido medicado pela primeira vez o paciente. Segundo Kent, na lição XXXV de seu livro, "Filosofia Homeopática”:


"Depois de feita a prescrição, o médico começa a observar. Todo o futuro do paciente pode depender das conclusões a que chega a partir destas observações, e de sua ação, o bem do paciente. Se não entende o significado do que vê, atuará de maneira equivocada, fará prescrições erradas, mudará os medicamentos, agirá enfim, em detrimento do paciente. Não há um caminho a seguir e não é capaz de substituir a inteligência".


E, ainda Kent, se conversar-mos com muitos médicos a respeito das observações que se seguem à administração do medicamento, vocês descobrirão que a maioria deles não possui senão fantasias ou noções vagas quanto a esta questão, e não enxergam mais nada depois de feita a prescrição. Se o homeopata não for um observador cuidadoso, suas observações serão imprecisas e suas prescrições consequentemente também o serão.


Presume-se que uma vez feita a prescrição, se ela for correta, atuará. Ao atuar, o remédio começa imediatamente a provocar mudanças no paciente que se manifestam através de sinais e sintomas. A natureza interna da doença se mostra ao médico através dos sintomas, que lhe permitem situar-se com a precisão dos ponteiros de um relógio. Este tempo de espreitar, esperar e observar necessita ser cumprido, para que ele possa julgar através das mudanças que surgem, o que deve e o que não deve fazer. É verdade que o homeopata em muitos casos não permanece muito tempo em dúvida quanto ao que não fazer.


Há sempre um indicador que lhe avisa o que não fazer. Se for um observador arguto e atento, verá este indicador em cada caso. Claro que se a prescrição não tiver correspondência com o caso, se for uma prescrição que não efetua nenhuma mudança, não demorará muito para ele saber o que fazer: muita paciência esperando por uma prescrição tola não passa de perda de tempo e isto também deveria ser levado em conta entre as observações. As observações que tem valor são realizadas após a administração de um remédio específico, suficientemente relacionada com o caso para provocar mudanças nos sintomas.


As mudanças estão começando. Com que se parecem? O que significam? A que conduzem? Ao escutar o relato do paciente (no caso de veterinários, tanto o relato do proprietário, como sua própria observação), o médico precisa saber o que está acontecendo. Sabe-se que remédio está atuando pela mudança dos sintomas. O desaparecimento de sintomas, o aumento de sintomas, a melhoria de sintomas, a ordem dos sintomas, constituem mudanças provocadas pelo remédio, e estas mudanças devem ser estudadas.² Uma das coisas mais comuns que os remédios fazem é agravar ou melhorar.


       

I. Observação - Prolongada agravação seguida de aniquilamento final do paciente-”o antipsórico era muito profundo e produziu uma destruição, a reação vital era impossível, pois era incurável." Também pode ter ocorrido que a potência era muito alta para a fraca reação. É recomendável a 30C ou 200C (Kent). Nestes casos geralmente o paciente chegou tarde demais para ser tratada, sua energia não agüenta mais nem se manter.


O que não impede de dar-lhe um remédio que lhe seja paliativo, segundo Elizaldi e Roberts, deve-se medicar pelos sintomas mais atuais. Alguns estudiosos da Homeopatia dizem que nunca um remédio bem elegido poderia fazer mal. Outros, que se a dose não for suave o suficiente, a agravação pode até matar o paciente. Enquanto não se chega a um consenso, é interessante seguir a indicação de Kent de dosagens. Também há de se ter cuidado de se julgar incurável um caso que não o é, e que cai na observação seguinte.


II. Observação - Longa agravação, mas seguida de lenta melhoria final. Indica paciente lesional grave em órgãos ou tecidos vitais, mas ainda com energia suficiente para se recompor. Podem durar meses e anos as agravações prolongadas. "É necessária muita paciência, tanto do médico quanto do enfermo, para só repetir a dose quando voltarem os sintomas pelo qual se prescreveu”.São casos em que a boa observação do veterinário é fundamental, para saber ver o que está acontecendo e não mudar o medicamento que está sendo dado, desnecessariamente. Neste tipo de caso as chances maiores de um tratamento dar certo é em proprietários homeopatizados, pois por conhecerem na prática como funciona a Homeopatia, terão mais paciência para esperar os resultados quando estes forem mais lentos.


III. Observação - Agravação imediata, curta e forte, seguida de rápida melhoria do paciente- “Sempre que virmos uma agravação que surge rapidamente, que é curta e mais ou menos intensa, verificaremos que a melhoria do paciente será duradoura. A melhoria será acentuada, pois a reação do organismo é vigorosa e não há nenhuma tendência para alterações estruturais em órgãos vitais. Qualquer alteração estrutural eventualmente presente estará a nível de superfície, em órgãos que não são vitais; haverá a formação de abcessos e freqüentemente glândulas não essenciais poderão supurar em regiões que não implicam risco de vida para o paciente. Estas alterações orgânicas são do tipo superficial."


Acontece quando o paciente é lesional leve. Preconiza-se não interferir a não ser que seja demasiadamente incômoda ao paciente ou ao proprietário (no nosso caso, é o proprietário quem menos suporta a agravação de seu animal.) Em humanos, é a agravação que ocorre poucas horas após a tomada do medicamento, no caso das doenças agudas, ou durante os primeiros dias, em casos crônicos. No caso de veterinários essa referência é um pouco complicada, porque cães e gatos têm um limiar à dor e ao desconforto da doença maior que os humanos. Então às vezes não observamos as agravações, mas mesmo assim conseguimos avaliar a sensação de bem estar que vem com a melhoria da doença.


IV. Observações - Ocorrem curas muito satisfatórias sem agravações - Nesta hipótese, o paciente tomou um medicamento bem escolhido e é um paciente só funcional, não existia doença orgânica e nem tendência para tal. "Em curas que ocorrem sem qualquer agravação, sabemos que a potência é adequada e que o remédio é o remédio curativo, desde que os sintomas desapareçam e a saúde retorne de maneira ordenada" ². Ordenada, segundo Kent, significa que a cura deve seguir as suas leis.


V. observação - Primeiro melhora, e depois ocorre agravação-Depois de dada a medicação, o paciente se sente muito bem, mais passado 4 a 5 dias ou uma semana, ele está pior do que estava antes de começar o tratamento. Segundo Kent, "Não é raro nos casos graves, nos casos com uma grande quantidade de sintomas; mas diga-se o que se disser, a situação é desfavorável”.”Nesse caso, ou o remédio era só superficial e só podia agir como paliativo ou o paciente era incurável, apesar do remédio ser de alguma forma adequado”.Deve-se reavaliar o caso para se saber qual das duas situações está ocorrendo. De qualquer forma, se espera esse tipo de situação em doentes de lesionais graves a incuráveis.


VI. Observação - Alívio demasiadamente curto dos sintomas. Quando isso ocorre, ou algo no dia a dia do paciente está atrapalhando a ação do medicamento ou as alterações nos órgãos é tão profundo que são incuráveis ou estão se encaminhando para tal situação.


VII. Observação - Melhoria total dos sintomas, sem haver, no entanto alívio especial para o paciente. Existem condições físicas que fazem com que sua melhora vá até certo ponto. Defeitos congênitos, falta de algum órgão, lesões irreversíveis. Segundo Kent "Ele é paliado neste caso e esta representa uma paliação conveniente pelos remédios homeopáticos”.Isto também significa que, mesmo que o corpo não possa mais se curar, a procura pelo medicamento mais adequado para o paciente deve ser feita, pois o alivia.


VIII. Observação - Alguns pacientes reagem a todos remédios que tomam-Pacientes hipersensíveis. Para Kent, "são pacientes com tendência a histeria, superexcitados e hipersensíveis a todas as coisas. Diz-se que o paciente tem uma idiossincrasia a tudo e estes hipersensíveis são freqüentemente incuráveis". Não é uma situação que ocorra com freqüência, mas são experimentadores natos em humanos, exatamente por reagirem a todas substâncias que tenham contato, mostrando uma rica sintomatologia. Como hipótese, poderia dizer que pelo limiar alto que cães e gatos tem à dor e ao desconforto, seria mais improvável de se encontrar entre eles tipos hipersensíveis.


IX. Observação - Ação dos medicamentos sobre os experimentadores-Aqui Kent se referia a humanos que experimentam substâncias para se descobrir ou comprovar suas qualidades curativas.


X. Observação - Novos sintomas que aparecem após a tomada do remédio-Segundo Hahnemann, nos:


 §179 do Organon, 6ª edição, "Em casos mais freqüentes, porém, o medicamento que, então foi escolhido em primeiro lugar pode ser apenas em parte adequado, isto é, não exatamente adequado, pois não houve um número significativo de sintomas que orientasse a escolha acertada".


§180 "É, então, que o medicamento, na verdade tão bem escolhido quanto possível, mas imperfeitamente homeopático pelos motivos já ponderados, em seu efeito contra a doença que lhe é apenas parcialmente semelhante - como no caso referido acima, em que a escassez de meios de cura homeopáticos torna por si só imperfeita a escolha - vai causar distúrbios secundários e diversos fenômenos de sua própria série de sintomas se misturam com o estado de saúde do doente, os quais, contudo, são, ao mesmo tempo, sintomas da própria doença, embora, até então, nunca ou raramente terem sido percebidos; surgirão ou desenvolver-se são intensamente fenômenos que o doente há pouco tempo antes absolutamente não percebia ou percebia apenas vagamente".


§181 "Não se objete que os distúrbios agora surgidos e os novos sintomas dessa doença ocorrem por conta do medicamento que acabou de ser usado. Tais distúrbios provêm dele*; são, porém, apenas certos sintomas cujo aparecimento dessa doença também já era capaz de produzir por si nesse organismo e que o medicamento - na qualidade de autoprodutos de sintomas semelhantes - somente atraiu e fez aparecer. Em uma palavra, tem-se que considerar tudo o que agora, seguramente, passou a ser á própria doença, como o verdadeiro estado atual e tratá-lo, futuramente, de acordo com ele”.


*Quando sua causa não foi um erro importante no regime de vida, uma paixão intensa ou um fenômeno tumultuoso no organismo, como o início ou a parada de regras, concepção, parto, etc.


Enfim, segundo Kent, ”se um grande número de novos sintomas aparecer depois da administração de um remédio, a prescrição geralmente se mostrará desfavorável. De vez em quando o aparecimento de um novo sintoma representará simplesmente um sintoma antigo que ressurge, que o paciente não havia observado e pensa que é novo. Quanto maior a série de sintomas novos que aparece depois da administração de um remédio, tanto maior dúvida haverá quanto ao acerto da prescrição”.


Porém, duas situações podem estar ocorrendo: os sintomas que aparecem são sintomas do paciente, que o medicamento que está sendo dado deveria cobrir e não cobre. Deve-se, então, procurar um medicamento mais adequado, ou - está sendo dada dose excessiva do medicamento e o paciente está mostrando sintomas do medicamento e não os dele.


XI. Observação - Retorno de sintomas antigos-Segundo Kent, "uma doença é curável na exata proporção que retornam sintomas antigos que há longo tempo haviam desaparecido. Eles desapareceram simplesmente porque outros mais novos surgiram”.São as Leis de cura se cumprindo.


XII. Observação - Sintomas tomam a direção errada-Kent fala aqui de situações em que "logo o médico se dá conta de que houve um deslocamento da periferia para o centro e o remédio precisa ser imediatamente antidotado, porque senão se produzirão alterações estruturais na nova localização." Estes são os casos de supressão.


Kent fala que "há um grande perigo em se selecionar um remédio baseado unicamente nos sintomas externos, isto, é, em se selecionar um remédio que só tenha correspondência com a pele, ignorando todos os demais sintomas que o paciente possa ter, ignorando a economia como um todo e o estado geral do paciente; porque é verdade que aquele remédio que só tem relação com a pele, pode conduzir para o interior a doença da pele, fazendo-a desaparecer, embora o próprio paciente não esteja curado. Tal paciente continuará doente até que aquela erupção retorne ou se localize em outro lugar”.Ou seja, a doença se aprofunda.

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