Vírus e Forma de Transmissão da Hepatite A (HAV)

O HAV constitui em uma partícula viral icosaédrica com 27 a 32 nm
O HAV constitui em uma partícula viral icosaédrica com 27 a 32 nm

Farmácia

02/10/2012

O vírus da hepatite A (HAV) pertence à família do Picornaviridae, gênero Hepatovírus (PEREIRA e GONÇALVES, 2003).



O HAV constitui em uma partícula viral icosaédrica com 27 a 32 nm (nanômetros) de diâmetro, sem envelope, mas envolto por um capsídeo de simetria icosaédrica, composto de 60 cópias de cada uma de suas três maiores proteínas estruturais: VP1, VP2 e VP3.



As partículas são particularmente resistentes ao calor, permanecendo particularmente viáveis biologicamente após meses à temperatura ambiente e por 30 minutos, à temperatura de 60ºC (DUARTE et al, 2000). O HAV também é resistente à pHs elevados (pH= 3) e também à ação do éter e do clorofórmio, revelando sua fácil capacidade de transmissão (DUARTE et al, 2000). No entanto, mostra-se sensível aos raios ultravioletas (UV), ao formaldeído, ao cloro na concentração de 1 mg/L durante 30 minutos e às elevadas temperaturas de 85ºC a 98ºC (DUARTE et al, 2000).



O seu genoma é formado por uma fita de RNA (ácido ribonucléico) com cerca de 7.500 nucleotídeos e com sentido positivo, ou seja, com RNA pronto para ser traduzido (PEREIRA e GONÇALVES, 2003; ARAÚJO, 2007, p.2).


Existem sete genótipos para o HAV, com identidade de 85% ou mais nos nucleotídeos entre eles, sendo que três deles infectam naturalmente primatas não humanos e os outros quatro, infectam o homem (PEREIRA e GONÇALVES, 2003).



Formas de Transmissão do HAV

A forma mais comum da transmissão do vírus da hepatite A (HAV) é a fecal-oral (ânus-boca) (ARAÚJO, 2007, p.4). O HAV é adquirido através da boca, multiplica-se no fígado e posteriormente é eliminado pelas fezes do indivíduo infectado.



Um aspecto importante é que o HAV pode ser eliminado mesmo durante o período de incubação da hepatite A, ou seja, quando o paciente ainda não apresentar manifestações clínicas (PEREIRA e GONÇALVES, 2003; ARAÚJO, 2007, p.4). Na verdade, é comum o período de transmissibilidade, ou seja, período no qual o paciente é capaz de transmitir a doença para outro hospedeiro seja desde a 2ª semana antes do início dos sintomas até o final da 2ª semana de hepatite A (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).



A transmissão do HAV pode ser pessoa a pessoa ou através água ou alimentos (como mariscos e vegetais) contaminados com fezes com o HAV (PEREIRA e GONÇALVES, 2003; SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL, 2009).

A água contaminada pode provir de esgotos e, devido a condições de higiene ou de saneamento inadequadas podem entrar em contato com os alimentos (SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL, 2009). Além disso, sabe-se que o HAV pode sobreviver a longos períodos em água, ou seja, de 12 semanas até 10 meses (SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL, 2009). Em moluscos e crustáceos, o HAV pode atingir concentrações até 15 vezes maiores que aquelas que o HAV teria em água (SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL, 2009).



Em regiões aonde o saneamento básico é precário, a infecção pelo HAV é mais comum e ocorre nas idades mais precoces, especialmente entre crianças em idade escolar, em creches, pré-escolas e escolas (SECRETARIAS MUNICIPAIS DE BERNADINO DE CAMPOS, 2007).


A eliminação das partículas virais através das fezes de indivíduos infectados com o HAV, especialmente os casos assintomáticos associados às precárias condições de saneamento básico e higiene facilitam à disseminação e surtos da hepatite A em ambientes fechados como creches e escolas (ARAÚJO, 2007, p.5). Além disso, por ser um vírus resistente às condições ambientais, pode permanecer na população, facilitando a infecção de novos indivíduos (ARAÚJO, 2007, p.5).



Embora sejam casos raros, a transmissão também poderá ocorrer através da transmissão parenteral, ou seja, transfusão de sangue e seus derivados de um doador contaminado com o HAV, desde que ele esteja no período de incubação (ARAÚJO, 2007, p.5). Desta forma, é possível ter surtos de hepatite A entre os indivíduos que recebem sangue e seus derivados como é o caso dos hemofílicos, mas que podem não ser contaminados se for utilizados detergentes e solventes que são capazes de inativarem o HAV (ARAÚJO, 2007, p.5). Além disso, podem existir casos de hepatite A entre usuários de drogas injetáveis ao compartilharem seringas e agulhas contaminadas (PEREIRA e GONÇALVES, 2003; ARAÚJO, 2007, p.5).



A partir do relato de surtos entre homossexuais masculinos, alguns estudos mostraram que elevados níveis de soroprevalência de hepatite A estão mais relacionados com o contato oral-anal do que com a orientação sexual (PEREIRA e GONÇALVES, 2003).



Outros casos já relatados foram entre trabalhadores de rede de esgoto e de hospitais, por contato com pacientes que ainda não tenham sido diagnosticados com a doença (PEREIRA e GONÇALVES, 2003).

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