Análise De Custo-Efetividade Com Inibidores Da Bomba De Prótons

Análise de custo-efetividade entre omeprazol e lansoprazol: custo estimado para 100 pacientes
Análise de custo-efetividade entre omeprazol e lansoprazol: custo estimado para 100 pacientes

Farmácia

29/10/2012

Durante, pelo menos, metade do século passado, a assistência à saúde prestada ao paciente foi centrada na atenção médica. Nos últimos anos, esse cenário monopolístico vem sendo reduzido pelo compartilhamento dos cuidados de saúde com outros atores, dentre eles o farmacêutico. Dando a este profissional do âmbito da atenção farmacêutica a provisão responsável pela farmacoterapia, visando alcançar resultados concretos que melhorem a qualidade de vida do paciente. A medição desses resultados (benefícios) nessa prática profissional pode ser definida como a capacidade de garantir um valor às modificações ocorridas no estado de saúde de um paciente, em decorrência do tratamento farmacológico.

Assim, para avaliar se uma intervenção farmacológica "X" produz maiores benefícios frente a uma outra "Y" são necessários instrumentos para medi-los. O presente artigo foi desenvolvido por meio de um levantamento bibliográfico, o qual buscou responder questões acerca o custo-efetividade entre dois Inibidores da Bomba de Prótons (IBPs), Omeprazol e Lansoprazol, a fim de informar qual das opções representa um maior benefício e a qual custo incremental.

Os custos foram expressos em unidades monetárias e efeitos com objetivo de analisar e maximizar resultados em saúde, diante dos recursos financeiros disponíveis. A introdução dos métodos de avaliação econômica aplicada aos medicamentos, impulsionada pelo aparecimento de novos fármacos, pela elevação do gasto farmacêutico, pelo aumento da morbimortalidade relacionadas com os medicamentos, pela variabilidade e incertezas na prática clínica, bem como pela necessidade de priorizar a utilização dos fármacos destinados a valorizar o progresso na melhoria da qualidade de vida dos pacientes, passou a contribuir na escolha de alternativas farmacológicas a serem utilizadas no sistema de saúde.

A análise de custo-efetividade é um método sistemático de comparação entre dois ou mais programas alternativos pela medição de custos e consequências de cada um. Um dos fatores que devem ser levados em conta nessa análise é que os tratamentos a serem comparados devem ser medidos nas mesmas unidades comuns.

Ao analisar os medicamentos Omeprazol e Lansoprazol podemos observar que tanto um quanto o outro são inibidores da bomba de prótons (IBP), sendo efetivos para o tratamento de úlcera duodenal, úlcera gástrica, esofagite de refluxo e síndrome de Zollinger- Ellisson. São medicamentos administrados por via oral com uma rápida absorção. Quando indicados para úlceras e esofagite, a dosagem indicada para o omeprazol é de 20 mg antes do desjejum, durante duas semanas. Já o lansoprazol, nessa mesma situação, apresenta indicação de dosagem de 30mg ao dia, durante cerca de oito semanas. Dessa forma, sabendo que o custo por unidade do omeprazol é de R$ 0,80, por unidade e do lansoprazol é de R$1,77, podemos considerar o primeiro medicamento com um melhor custo-efetividade. Uma meta-análise identificou em experimentos duplo-cego, randomizados e controlados comparando inibidores de bomba de prótons com outro para o tratamento de Doença do Refluxo Gastro Esofágico (DREG), identificou um total de 19 estudos, a maioria com duração de quatro semanas, com mais de 9.000 pacientes, não encontrando nenhuma diferença para as comparações em termos de resposta terapêutica.

Apenas uma dessas comparações descobriu uma diferença estatisticamente significativa entre grupos no tratamento de DRGE para o omeprazol 20 mg com uma taxa de resposta de 80 - 67% (P =04; número necessário para tratar = 7). Como não há nenhuma diferença significativa entre doses desses equivalentes de inibidores da bomba de prótons a decisão de escolher um ou outro deveria ser baseada primeiramente no custo e depois, na resposta do paciente. Sendo assim, deveria ser dada preferência à utilização do omeprazol, que gera uma economia de R$ 8792,00 no tratamento de 100 pacientes.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Francislene dos Santos Silva

por Francislene dos Santos Silva

Farmacêutica Generalista pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

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