(Abfm) Alterações Funcionais Benignas Da Mama

Abscesso mamário
Abscesso mamário

Farmácia

22/11/2012

O termo alteração funcional benigna da mama (ABFM) é definido como condição clínica caracterizada por nodularidade ou dor. A dor depende da ação dos hormônios ovarianos sobre a mama tornando-a dolorida, principalmente no período pré-menstrual e tende a desaparecer com a menopausa. No entanto, mulheres que já tiveram muitas gestações e amamentações, em geral não referem dor na mama.

A ABFM não é considerada uma doença que ocasiona riscos a mulher para desenvolver câncer, mas, quando há descargas papilares abundantes, de aspecto cristalino ou sanguinolento é que deve ter atenção e submeter-se a exame citológico em busca de células cancerosas e minuciosa investigação cirúrgica da mama (NAZÁRIO; REGO; OLIVEIRA, 2007).

O nódulo apresenta uma área definida, de consistência variada, de limites precisos ou não. Pode se manifestar como um simples cisto, possuir conteúdo líquido ou sólido podendo ser maligno ou benigno. No entanto, o tumor é classificado de acordo com a sua natureza, ele deve ser detectado através de exame clínico, recurso de imagem (ultrassonografia ou mamografia) ou por procedimento ambulatorial como punção aspirativa por agulha fina (exame citológico) e punção por agulha grossa "core-biopsia" (exame histopatológico) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000).

Os tumores benignos geralmente não têm cápsulas verdadeiras (pseudocápsulas fibrosas) que se formam em decorrência da compressão dos tecidos vizinhos pelo crescimento lento e expansivo do tecido tumoral. Pode apresentar mais de uma linhagem celular e receber o nome dos tecidos que o compõe, acrescido do sufixo "oma" como condroma (tecido cartilaginoso), lipoma (tecido gorduroso) e adenoma (tecido glandular). Enquanto, os tumores malignos apresentam crescimento rápido, desordenado e infiltrativo do tecido que não permite a formação das pseudocápsulas (INCA, 2008).

O câncer de mama geralmente apresenta-se como um tumor de consistência dura e limites mal definidos, de tamanho que varia de 1 cm até vários centímetros de diâmetro dependendo de sua evolução. Tumores menores que 1 cm são mais difíceis de ser detectados clinicamente. Porém, a mama que recobre a pele pode estar íntegra, ulcerada ou com aspecto de casca de laranja. Existem vários tipos de nódulos de mama de natureza benigna (INCA, 2008).

Os mais comuns são: Doença cística mamária A doença cística mamária é predominante após os 30 anos de idade. Essa doença tem como característica a mastodinia súbita (sensibilidade e dor mamária) e a condensação do parênquima mamário. Os cistos incidem em 7% a 10% da população feminina, podendo ser únicos ou múltiplos e uni ou bilaterais. Os cistos são tumores que apresentam um conteúdo líquido, palpáveis e de consistência amolecida que podem crescer em grandes volumes (NAZÁRIO; REGO; OLIVEIRA, 2007). Os cistos menores são denominados microcistos, não palpáveis e detectados pela ultrassonografia (NAZÁRIO; REGO; OLIVEIRA, 2007).

Enquanto, os cistos grandes podem apresentar em seu interior crescimento tumoral com características semelhantes a uma vegetação em crescimento. Portanto, estas vegetações intra-císticas merecem investigação, pois podem representar lesões pré-malignas ou malignas. Geralmente, os cistos são bem visualizados na mamografia e ultrassonografia como um nódulo de contorno bem definido e sem calcificação. A ultrassonografia é o método ideal para diagnóstico de doença cística. No entanto, é utilizada também para diagnóstico de cisto, o método de punção aspirativa com agulha, geralmente utilizada nos casos de conteúdo sanguinolento à punção, persistência de tumor após punção, vegetação intra-cística ao ultrassom ou em casos de recidiva no local já puncionado (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000).

Descarga papilar
A descarga papilar é a saída de secreção pelo mamilo que ocorre de forma fisiológica, geralmente no período de aleitamento materno. Quando a mulher não está amamentando e percebe a saída de secreção pelo mamilo, ocorre a descarga papilar não fisiológica (FLEURY, 2008). A descarga papilar multiductal, bilateral tem aspecto seroesverdeado e a citologia da descarga papilar revela celularidade reduzida, metaplasia apócrina e células de espuma, características de afecção benigna (PRITSIVELIS, MACHADO, 2005).

Fibroadenoma
O fibroadenoma é o tumor benigno mais comum em mulheres com menos de 30 anos. Deriva do epitélio e do estroma da unidade terminal ducto-lobular, sendo classificado como neoplasia benigna mista. Apresenta-se como nódulo bem delimitado, móvel, indolor, de consistência endurecida e fibroelástico e que não ultrapassa 3 a 4 cm (KEMP et al., 2007).

Papiloma intraductal
O papiloma intraductal é neoplasia epitelial benigna que se desenvolve no lúmen de grandes e médios ductos subareolares, não formando massa palpável ou imagem mamográfica. Essa neoplasia apresenta baixo potencial de malignidade e seu principal sintoma é a descarga papilar hemorrágica, espontânea, uniductal e unilateral. Tem maior incidência em mulheres entre 30 a 50 anos. A neoplasia é constituída por formação de pequeno tumor intraductal, com projeção intraluminal acompanhada do respectivo eixo conjuntivo vascular (NAZÁRIO; REGO; OLIVEIRA, 2007).

Mastite
Mastite é um processo inflamatório que pode acometer um ou mais segmentos da mama (o mais comum é quadrante superior esquerdo) podendo progredir ou não para uma infecção bacteriana. Os agentes infecciosos podem penetrar na pele ou por ductos mamários. Geralmente, a mastite é causada por Staphylococcus aureus e ocasionalmente pela Escherichia coli e Streptococcus. Seus principais sintomas são: dor, calor e rubor de início súbito associado à febre (39ºC a 40ºC), calafrios e turgência mamária extensa (GIUGLIANI, 2004).

Abscesso mamário
O abscesso mamário é uma evolução de mastite, embora, seja mais comum em pacientes que estão amamentando; essa infecção bacteriana pode ocorrer em mulheres não lactantes inclusive na adolescência. As causas mais comuns são fissura, trauma, arranhadura ou coçadura. Geralmente são múltiplos ou multiloculados e podem acometer qualquer quadrante da mama (predominam nos quadrantes inferiores) (FREITAS, 2007).

Abscesso subareolar recorrente
Trata-se de um processo inflamatório crônico junto à aréola e à papila, pode evoluir para granuloma subareolar com fistulização da pele ou formação de abscesso. É caracterizado como doença congênita da papila. Esse abscesso acomete principalmente mulheres fumantes, dos 35 aos 50 anos (PRITSIVELIS, MACHADO, 2005).

Esteatonecrose
Essa patologia é resultante de trauma acidental ou por compressão de abscesso ou intervenção cirúrgica. A dor é localizada no ponto do trauma e, geralmente ocorre em mulheres idosas com mamas volumosas. Também pode ocorrer de forma espontânea formando área de equimose nodular, inflamação, fibrose e retração cicatricial tardia (raramente ultrapassa de 2 a 3 cm) (HEGG; AGUIAR, 2002).

Eczema aréolo-papilar
Trata-se de uma reação inflamatória alérgica na pele que provoca um eczema cutâneo associado à dermatite e infecção secundária. O eczema aréolo-papilar apresenta-se inicialmente por pequena lesão areolar e papilar, podendo acometer todo o mamilo e tende a ser bilateral. Sua evolução é curta e os sintomas são exuberantes (PRITSIVELIS, MACHADO, 2005).

Ectasia ductal
Ocorre a dilatação dos ductos terminais, localizados sob a aréola. Pode estar associado a derrame papilar (saída de líquido pelo mamilo amarelo-esverdeado). É mais comum em mulheres com mais de 40 anos. Não há necessidade de tratamento em casos assintomáticos. Em casos com derrame espontâneo, ou secreção abundante é indicada a retirada dos ductos terminais. Em casos crônicos pode ocorrer a retração do mamilo (PIRES, 2010).

Referências
FLEURY (Brasil). Está saindo secreção do meu mamilo, isso é normal?. 11 agos. 2008. Disponível em: . Acesso: 18 abr. 2011.
FREITAS, J.R. Patologias mamárias na adolescência. Revista Adolescência & Saúde. Rio de Janeiro, v. 4, n. 2, p. 40-42. 2007.
GIUGLIANI, E.R.J. Problemas comuns na lactação e seu manejo. Revista da Sociedade Brasileira de Pediatria, Rio de Janeiro, v.80, n. 5, p. 147-154, 2004.
HEGG, R.; AGUIAR, L.F. Alterações funcionais benignas da mama. Revista Brasileira de Medicina Especial, São Paulo, v. 59, n. 5, 2002.
INCA (Brasil). Ministério da Saúde. Controle do câncer de mama. Rio de Janeiro: Conprev, 2004. 33 p.
KEMP, C. et al. Múltiplos fibroadenomas bilaterais após transplante renal e imunossupressão com ciclosporina A. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, São Paulo, v. 29, n. 7, p. 368-371, 2007.
MINISTÉRIO DA SAÚDE (Rio de Janeiro). Falando sobre câncer de mama. Secretaria Nacional de Assistência à Saúde. Instituto Nacional de Câncer (INCA). Coordenação de Prevenção e Vigilância, Rio de Janeiro: Comprev, 2000, 66 p.
NAZÁRIO, A. C. P. ; REGO, M. F.; OLIVEIRA, V.M. Nódulos benignos da mama: uma revisão dos diagnósticos diferenciais e conduta. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, São Paulo, v.29, n. 4, p. 211-219, 2007.
PIRES, D. M. (Belo Horizonte) Patologias Benignas da Mama. 3 abr. 2010. Disponível em: . Acesso em 1 ago. 2011.
PRITSIVELIS, C.; MACHADO, R. H. S. Embriologia, anatomia e fisiologia da mama. In: CONCEIÇÃO, J. C. J. Ginecologia Fundamental. 1 ed. São Paulo: Atheneu, 2005, cap. 4, p. 31-36.

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Viviane G. de Oliveira

por Viviane G. de Oliveira

Viviane G. de Oliveira formada em Farmácia e Bioquímica pela Universidade Bandeirante de São Paulo - UNIBAN/ANHANGUERA em 2010.

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